Ana Sátila e Pepê chegam mais leves para a Olimpíada de Paris

Ana Sátila e Pepê Gonçalves, os representantes brasileiros da canoagem slalom, realizaram neste domingo (21) o primeiro treino na mesma corredeira que vai sediar a prova olímpica. Experientes em Olimpíadas, eles chegam realizados por participarem de mais uma Olimpíada e se sentem leves em busca de um bom desempenho.

"Tudo está caminhando de uma forma muito gostosa. Parece que todo o sacrifício que eu fiz e todos os treinamentos valem muito a pena", celebra Ana. "Pressão são os franceses que vão sentir. Eu sei o que é sair destruída, sem nenhum resultado. Eu sei o que é conseguir ir para uma final olímpica, meu resultado melhor. Sinceramente, acho que não existe melhor momento do que estou vivendo agora", acrescenta.

A mineira de Iturama vai disputar a quarta edição dos Jogos. A primeira foi aos 16 anos, em Londres-2012, quando curtiu a experiência, sem pressão pelo resultado. Algo que mudou na Rio-2016. "Eu cheguei como a quarta do ranking mundial e com chances reais de medalha. Me coloquei uma pressão acima do esperado e sofri bastante". Na ocasião, ela fechou na 17ª colocação do K1 e ficou de fora da final.

"Eu sofri bastante. Pensei várias vezes em parar de remar, fazer outra coisa da minha vida", admite Ana Sátila. Ela seguiu em frente e se classificou para Tóquio-2020. Chegou à final, mas acredita que a preparação irregular, às vésperas da competição, atrapalhou os planos de chegar a uma posição de maior destaque.

Dona de cinco ouros em Pan-Americanos, a atleta de 28 anos sonha em conquistar o título olímpico nas três competições que vai disputar: canoa individual (C1), caiaque individual (K1) e caiaque cross (K1X), prova que estreia no calendário das Olimpíadas.

Novidade estratégica

Já Pepê Gonçalves, especialista no K1, surpreendeu ao se inscrever também para a prova do C1. Segundo ele, a decisão foi estratégica. "É uma prova totalmente diferente, mas a linha de água é a mesma. Surgiu a oportunidade de remar duas vezes a mais que todo mundo. Sem essa prova, eu ficaria três dias parado. Então, se eu tenho essa oportunidade, por que não usar?", esclarece o atleta que vai para a terceira Olimpíada.

O paulista de Ipaussu conquistou o sexto lugar no K1 na Rio-2016, sendo o melhor resultado da história do Brasil na modalidade. Ele está com a "faca nos dentes" em busca da medalha, mas faz uma projeção realista da prova. "Na nossa modalidade, uma final olímpica é muito difícil de conquistar. E ela é muito valiosa. Então, se eu chegar lá, vou estar muito feliz e orgulhoso. Mas estou aqui pela medalha", explica.

A canoagem slalom será disputada entre os dias 27 de julho e 5 de agosto no Estádio Náutico de Vaires-sur-Marne, uma instalação que foi inaugurada em 2019 e que o OTD já visitou, conforme você pode conferir no vídeo abaixo. Ela já sediou algumas provas do circuito mundial e não é um segredo para os atletas. "A pista não é tão difícil. Não tem tanta inclinação como a da Rio-2016. Mas isso é bom. Porque quando tem muito desnível fica mais difícil se acostumar logo com o percurso", analisou Pepê.

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O local é o mesmo que vai sediar a canoagem de velocidade, além das provas de remo. A estrutura fica a 39 quilômetros da Vila Olímpica. Para facilitar a logística, os atletas ficam baseados perto do local de competição. Esse é um ponto positivo para Ana Sátila. "Eu acho que a Vila traz muitas distrações, então, é bacana estar focada no meu cantinho. Dá para me preparar melhor", comenta.

Companhia especial

Mas a rotina dela conta com uma companhia especial. Isso porque o namorado Lucas Verthein, representante brasileiro do remo, também fica no mesmo alojamento. "A gente conversa bastante, desabafa um com o outro. Ter uma pessoa para se comunicar e se abrir é sempre muito importante. É um momento incrível que a gente está vivendo e com certeza vai ter um final muito feliz."

Verthein também celebrou a oportunidade de estar ao lado de Ana nesta Olimpíada, logo quando chegou em Paris, na última sexta-feira. "O principal é que a gente reme com muito amor porque é o maior sentimento que existe, o mais forte. A gente está na cidade que é a capital do amor, estou acompanhado do meu amor e estou com pessoas que trabalham com o que amam. Para mim, é muito importante estar com pessoas com essa energia."

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