Vitinho, de 16 anos, é o brasileiro mais jovem da Paralimpíada
21/08/2024 13h57
Uma vida dedicada à natação, praticamente desde o nascimento. É assim que se pode resumir a trajetória de Victor dos Santos Almeida, conhecido como Vitinho. Aos 16 anos, ele é o atleta brasileiro mais jovem da delegação nos Jogos Paralímpicos de Paris, que começam no próximo dia 28 de agosto. A participação precoce na competição repete o início de sua carreira: ainda aos três meses, o paratleta já frequentava as piscinas.
Vitinho nasceu com má formação no fêmur direito e, por isso, tem a perna na altura do joelho esquerdo. Antes de completar um ano de vida, ele foi levado aos médicos para realizar exames e iniciou o uso de próteses. Assim, com todo o processo de adaptação encaminhado, o pai dele decidiu colocar em prática um sonho: matricular o filho na natação. "Esse foi um processo natural: mesmo com a questão da deficiência, ainda bebê eu já estava nas piscinas", diz.
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Aos cinco anos, Vitinho participou da primeira competição com outros atletas mirins nas provas de uma academia na qual os pais o matricularam. Naquela ocasião, mesmo criança, percebeu que gostava do esporte aquático. Três anos depois ele já começou a fazer testes para entrar em clubes e projetos de iniciação na natação. Com o tempo, foi visto como um atleta com potencial para integrar a seleção.
Foi o que aconteceu entre os anos de 2018 e 2021, quando integrou a base da seleção brasileira de natação paralímpica. Agora ele está pronto para representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos pela classe S9. "Agora tenho a oportunidade de competir contra os melhores do mundo", diz. Mesmo antes da participação em Paris-2024, Vitinho já fez bonito na França, onde competiu no World Swimming Series, em junho deste ano. Na ocasião, o atleta conquistou um ouro e duas pratas.
Mobilidade garantida desde criança
Ainda que a notícia sobre a má formação no fêmur fora difícil para a família, desde cedo os pais do atleta buscaram a melhor forma de garantir sua autonomia para todas as atividades, seja nos treinos para as competições ou fora da piscina. "Fui levado a vários médicos, até que um deles me indicou a protetização ainda bebê. Tenho minha primeira prótese guardada até hoje. É muito fofa", conta Vitinho.
Assim como o primeiro equipamento veio cedo, também vieram as primeiras sessões de acompanhamento e fisioterapia. Atualmente, ele conta com uma prótese provisória desenvolvida pela empresa alemã Ottobock. Para a sua condição, ele precisa de um pé e um joelho mecânicos adaptados que se encaixam em sua perna com má formação.
Além disso, a empresa desenvolve uma prótese definitiva à prova d'água para o atleta. O desenvolvimento do novo equipamento tem o objetivo de garantir mais segurança no uso pessoal e nos treinos, conforme explica Thomas Pfleghar, diretor de academy da Ottobock na América Latina. "Ainda que ele não utilize a prótese nas provas, por ser um atleta da natação o mais recomendável é a tecnologia à prova d'água para não ter preocupação nos bastidores", afirma.
O desenvolvimento de uma prótese demanda tempo de pesquisa, análise das condições do atleta, fabricação, ajustes e adaptação do utilizador à nova realidade. Esses equipamentos, segundo o diretor da empresa, são feitos com base em análises laboratoriais a partir de pessoas não amputadas, para que as próteses criadas cheguem mais perto do que é um membro humano.
Como mais uma garantia de mobilidade e bem-estar, Vitinho diz que cuida da prótese como se fosse sua filha. "Não vou deixar jogada, vou ficar bem atento a ela, porque dependo dela para me locomover, de ir e voltar dos meus treinos. A questão do contato do equipamento com a água já não é uma grande preocupação, mas não impede de eu estar sempre com o maior cuidado com ela", explica. Jogos Paralímpicos