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Após adiar sonho para ser mãe, Geovana quer medalha em Paris

27/08/2024 16h38

Paris - Geovana Moura é apenas uma das duas atletas da seleção brasileira de goalball feminino que fará sua estreia paralímpica em Paris-2024. Ela vinha sendo convocada regularmente no ciclo anterior, mas às vésperas de Tóquio-2020, adiou o sonho de disputar os Jogos para ser mãe. Integrada ao plantel da equipe comandada por Alessandro Tossim em janeiro deste ano, a ala fez parte da reta final de preparação e hoje sonha em ajudar o time a conquistar uma medalha inédita.

"Não tem como descrever o tamanho da emoção, é uma felicidade imensa. Já venho batendo na trave desde Tóquio. Estar aqui representa muito para o meu trabalho também. Já vim, mas com a certeza de chegar no lugar mais alto do pódio. Era um sonho bem grande participar das Paralimpíadas e agora estou sonhando duas vezes mais, por mim e pela minha filhinha que vai estar em casa assistindo. É muito importante passar essa imagem: está fora, mas está trabalhando pelas duas", falou Geovana em entrevista ao Olimpíada Todo Dia.

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O amor com Helena

Natural de Natal, no Rio Grande do Norte, Geovana nasceu com catarata e tem baixa visão. Ela conheceu o goalball por meio de um amigo em 2013 e começou competir em 2014. Foi convocada para a seleção brasileira adulta de goalball feminino pela primeira vez em 2016 e foi bronze no Mundial de Jovens de 2017. No fim do ciclo de Tóquio-2020, ficou grávida da pequena Helena e teve que se afastar temporariamente das quadras.

Hoje com 25 anos de idade, Geovana Moura só voltou a integrar a seleção adulta em janeiro deste ano, em conjunto com a chegada de uma comissão técnica liderada por Alessandro Tossim. Sua filha tem dois anos. Ela não viaja com a mãe para as competições e fases de treinamento - que, na maioria das vezes, são realizadas no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo (SP) -, ficando sob os cuidados da avó paterna, em João Pessoa (PB).

Helena também não está em Paris e vai assistir a mamãe no maior evento do paradesporto mundial das telinhas. "Acho que ela não sente tanta falta durante as viagens, porque ela é pequena, então não entende muito bem. Mas estamos sempre em contato. Às vezes, ela fala que está com saudades da mamãe e eu fico com o coração apertadinho. É bem difícil todos esses dias longe dela. É a minha primeira viagem com tantos dias distante", disse Geovana.

Surpresa da vaga paralímpica

Geovana voltou à seleção com uma nova comissão técnica, já em uma tentativa de renovação pensando em Los Angeles-2028. Para o goalball feminino brasileiro, o ciclo de Paris-2024 já havia acabado, uma vez que a equipe não tinha vaga paralímpica. Tudo isso mudou em fevereiro, quando o Brasil foi beneficiado por uma realocação de vagas após o não preenchimento da vaga africana e se classificou para os Jogos Paralímpicos. A seleção recebeu um convite após ser medalhista de bronze nos Jogos Mundiais da IBSA, no ano passado.

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(Foto: Alessandra Cabral/CPB)

"Embora estejamos aqui, eu me arrepio toda quanto fala dessa vaga porque chegamos no começo desse ano só com planos para Los Angeles. Tinha até mais meninas treinando com a gente, e quando a gente soube, foi uma emoção. Foi muito surreal a adrenalina que passou para o treino com essa vaga e a força que deu também, porque estávamos bem desmotivadas e desacreditadas. Já estávamos imaginando chegar esse período e não estar aqui, ia ser bem doloroso para todo mundo. Essa notícia fez todos os meses e todas as fases serem bem mais produtivas", falou a atleta.

Em busca da medalha inédita

Mesmo com a conquista da vaga nos últimos momentos, a seleção brasileira de goalball feminino chega bem preparada para buscar uma inédita medalha em Paralimpíadas. Nas últimas duas edições, a equipe perdeu a disputa de bronze e terminou na quarta colocação. Neste ano, a equipe disputou a tradicional Malmo Cup, com o mesmo sexteto que está em Paris, e terminou com a medalha de prata, perdendo a final para o Japão.

"É a medalha que todos nós sonhamos, é a que falta para carimbar o quanto o goalball feminino brasileiro é forte", falou Geovana. Além dela, integram a equipe em Paris-2024: Ana Gabriely Assunção, Danielle Longhini, Jéssica Vitorino, Kátia Aparecida e Moniza Lima. Destas, somente Geovana e Dani não estiveram em Tóquio-2020 e farão suas estreias paralímpicas.

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(Foto: Alessandra Cabral/CPB)

O Brasil está no grupo C dos Jogos Paralímpicos, junto com China, Israel e Turquia. A estreia acontecerá na quinta-feira (29), às 05h30 (horário de Brasília), contra a Turquia. Há oito equipes na competição, em dois grupos de quatro. As quatro seleções de cada chave avançam às quartas de final. O primeiro de um grupo enfrenta o quarto do outro, enquanto o segundo encara o terceiro. As disputas serão na Arena Paris Sul 6.

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