Porta-bandeira, Gabrielzinho abraça idolatria e mira ouros

PARIS - Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, está pronto para os Jogos Paralímpicos de Paris. Três anos após apresentar um cartão de visitas de muito peso em Tóquio, com dois ouros e uma prata em suas primeiras Paralimpíadas, o nadador chegou à capital francesa como esperança de medalhas e com tamanho de ídolo - tanto que será o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura.

"É uma honra, um privilégio. É uma oportunidade que eu não esperava receber, ainda mais agora. Foram poucos e enormes os que fizeram isso. E ainda na primeira cerimônia, já que lá em Tóquio não fui por causa da pandemia", disse o atleta sobre essa sua primeira responsabilidade em Paris.

Mas o foco de verdade está em um só lugar: o topo do pódio. Cerca de oito horas antes de conduzir a delegação brasileira pela avenida Champs-Élysées ao lado de Beth Gomes, Gabriel treinava na Arena La Defense, onde cairá na água para competir pela primeira vez na manhã seguinte à cerimônia. É uma correria, mas ele se sente mais pronto do que em Tóquio, e a confiança segue lá no alto. E ainda achou um espaço na agenda para conversar com o Olimpíada Todo Dia.

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O CARA A SER BATIDO!

"Eu sou o cara a ser batido mesmo, pelos resultados. Eu falei em Tóquio, na prova da prata, que eu sabia o que eu tinha errado e o que que me fez perder. Falei que nunca mais ia errar e que se dependesse disso para eu ganhar, eu ganharia o resto das provas. É o que vem acontecendo, é o que vai acontecer - eu espero. Treinei muito, estou na minha melhor forma física e psicológica, então me sinto bem mais preparado para competir nesses Jogos e espero continuar sendo o cara a ser batido, atingir minhas metas."

A derrota citada por Gabrielzinho é a medalha de prata nos 100m costas S2 nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, onde ele conquistou o ouro nos 50m costas S2 e nos 200m livre S2. De lá para cá, o nadador que hoje tem 22 anos conquistou três ouros no Mundial de 2022, três ouros no Mundial de 2023 e cinco ouros nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023.

CADA VEZ MAIOR

Após chegar nas Paralimpíadas de Tóquio como uma promessa de 19 anos e sair como mais do que realidade, Gabriel agora chega como ídolo, e entende e abraça as novas expectativas e responsabilidades.

"Um sonho de vida meu era que o mundo conhecesse minha história. E o esporte, a natação, vem me proporcionando isso. Além de realizar sonhos, eu consigo cultivar sonhos de outros, inspirar pessoas, não só atletas ou pessoas com deficiência. É consequência dos resultados e, acredito muito, da pessoa que eu sou, que é uma imagem que reflete um pouco do que é o povo brasileiro. Então fico muito feliz com isso e em contribuir pro esporte paralímpico brasileiro e no mundo."

Daqui pra frente, olhando para como ele quer sair da capital da França, a resposta também é certeira: cada vez maior.

"Que depois de Paris as pessoas entendam onde eu quero chegar, onde eu consigo chegar. Quero sair com o nome Gabrielzinho consolidado no cenário paralímpico, nos Jogos."

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FAMOSO E EM CASA

Outra novidade para o nadador será a presença de torcida nos Jogos. E apesar de contar que gosta de nadar com a torcida contra, Gabrielzinho revelou estar se sentindo bastante confortável aqui na França, até por já ser meio famoso por aqui.

"Estou me sentindo em casa pela recepção dos franceses. Desde a aclimatação em Troyes, por causa de um documentário que passou aqui na TV da França comigo. Rolou tipo uma invasão no Instagram, muita gente falando que ia torcer pra mim. Vai ser bom."

Há uma semana, a France TV lançou um documentário de 99 minutos chamado "De Cabeça", acompanhando seis atletas que miram medalhas de ouro nos Jogos Paralímpicos de Paris e contando suas histórias. Entre eles, está o nosso Gabriel Araújo.

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