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EUA indiciam agentes russos por ataque cibernético em escândalo de doping

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Lisa Lambert

Da Reuters, em Washington (EUA)*

04/10/2018 11h27Atualizada em 04/10/2018 14h01

Os Estados Unidos indiciaram nesta quinta-feira sete agentes de inteligência russos por conspiração para realizar ataques cibernéticos a computadores e roubar dados em uma tentativa de deslegitimar organizações internacionais de combate ao doping e expor autoridades que revelaram um escândalo de doping apoiado pelo Estado russo.

Os indiciamentos de conspiração para cometer fraude e abuso informático, fraude bancária e lavagem de dinheiro foram apresentados horas depois que autoridades holandesas disseram ter frustrado uma tentativa por parte de agentes de inteligência russos de atacar os sistemas da Organização para Proibição de Armas Químicas (Opaq) em abril.

"Entre os alvos da conspiração estava a divulgação de informações roubadas como parte de uma campanha de influência desenvolvida para minar, repreender e deslegitimar os esforços das organizações internacionais antidoping", informou o Departamento de Justiça dos EUA em comunicado.

O procurador-geral americano, Jeff Sessions, afirmou em entrevista coletiva que as campanhas de pirataria cibernética "representam uma séria ameaça" para a segurança do país.

"Estamos acusando sete oficiais da GRU (serviço de inteligência militar da Rússia) por múltiplos crimes, entre eles o uso de pirataria para divulgar informações pessoais de centenas de oficiais antidoping e atletas como parte de um esforço por distrair a atenção do programa de dopagem patrocinado pelo Estado russo", disse Sessions.

"Tudo isso foi feito para debilitar os esforços de muitas organizações para garantir a integridade dos Jogos Olímpicos e de outros eventos esportivos", acrescentou o procurador-geral.

O escândalo de dopagem ao qual Sessions se referiu, que afetou 1.000 atletas russos de 30 modalidades esportivas, fez com que vários russos fossem excluídos das competições, vistos com suspeita e privados de verem sua bandeira hasteada e de ouvirem o hino nacional, inclusive depois de conquistarem o ouro, em dois Jogos Olímpicos - os de verão do Rio de Janeiro e de inverno de PyeongChang (Coreia do Sul) - e em vários campeonatos Europeus e Mundiais.

Mitos do esporte mundial, como a saltadora com vara Yelena Isinbayeva, tiveram que se aposentar sem homenagens e outros, como o campeão mundial dos 110 m com barreiras, Sergei Shubenkov, viram prejudicada a evolução de suas carreiras esportivas ao serem marginalizados como autênticos párias.

De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, de dezembro de 2014 até maio de 2018, os acusados fizeram incursões cibernéticas "persistentes e sofisticadas" que afetaram pessoas de nacionalidade americana, entidades corporativas, organizações internacionais e seus respectivos funcionários.

Por outro lado, o diretor do FBI, Christopher Wray, garantiu que os sete supostos hackers fizeram essas ações "como funcionários do governo russo", e os culpou de "prejudicar vítimas inocentes, a economia dos EUA e organizações mundiais".

"O FBI não permitirá que nenhum governo, grupo ou indivíduo ameace nossa gente, nosso país e nossos sócios. Trabalharemos incansavelmente para encontrá-los, detê-los e levá-los à Justiça", ressaltou Wray.

A Justiça americana identificou os supostos hackers como Aleksei Sergeyevich Morenets, Evgenii Mikhaylovich Serebriakov, Ivan Sergeyevich Yermakov, Artem Andreyevich Malyshev, Dmitriy Sergeyevich Badin, Oleg Mikhaylovich Sotnikov e Alexey Valerevich Minin, todos eles russos.

Três dos sete acusados no caso também foram indiciados em uma ação apresentada em julho deste ano pela Justiça americana relacionada com uma conspiração para interferir nas eleições presidenciais dos EUA em 2016.

* Com informações da EFE