Complexo de moradias no meio do deserto torna Copa do Mundo acessível para estrangeiros
Por Andrew Mills e Charlotte Bruneau
AL WAKRAH, Catar (Reuters) - Para dezenas de milhares de torcedores da Copa do Mundo, a estadia no Catar acontece em um complexo de concreto à beira do deserto, ao lado de um matadouro e um conjunto de fios elétricos de alta voltagem.
Barwa Barahat al Janoub, que fica a uma viagem de duas horas de metrô e ônibus dos estádios mais distantes, contrasta fortemente com a chamativa cerimônia de abertura realizada pelo rico Estado do Golfo, mas, por 84 dólares por noite, é a acomodação mais acessível no Catar.
O novo complexo, com 1.404 conjuntos de edifícios de três andares dispostos em uma série de ruas estreitas, foi projetado para abrigar cerca de 67.000 trabalhadores de baixa renda - um grupo que compõe a maioria dos 3 milhões de habitantes do Catar - que devem ocupar o local em algum momento após a Copa do Mundo.
"Você recebe [pelo] que você paga e nós pagamos muito pouco", disse o argentino Emiliano Carrascal, enquanto se sentava na calçada comendo um prato de biryani de um restaurante recém-inaugurado para atender o fluxo de visitantes.
Carrascal e seus vizinhos optaram por ficar "no meio do nada" para poder apoiar suas seleções presencialmente, devido aos preços altíssimos no Catar, o primeiro país do Oriente Médio a sediar o maior evento global do futebol.
Cabines pré-fabricadas perto de Doha custam 200 dólares por noite, enquanto os quartos em um apartamento compartilhado são anunciados no Airbnb por 500 dólares e algumas cabines de navios de cruzeiro custam vários milhares de dólares.
Os quartos do Barwa Barahat são básicos, com camas de aço, armários de metal, lâmpadas fluorescentes e piso de cerâmica.
"Fiz muitos sacrifícios para vir para cá. Economizei dinheiro nos últimos dois anos", disse o indiano Sandipan Bhowmick, que está vivenciando sua primeira Copa do Mundo.
Os torcedores dizem que a atmosfera é cordial mesmo entre os de países rivais, mas que a cena da festa é silenciosa, já que o local mais próximo que serve bebidas alcoólicas fica a 40 minutos de ônibus.
(Reportagem de Andrew Mills e Charlotte Bruneau)
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