Pelé era de Saturno e nunca terá outro igual, diz Pepe, companheiro de Santos
Por Eduardo Simões e Leonardo Benassatto
SOCORRO, São Paulo (Reuters) - Pelé, que morreu na quinta-feira aos 82 anos em decorrência de um câncer, era "de Saturno" e nunca mais aparecerá um jogador como ele, garante José Macia, o Pepe, ponta-esquerda que fez história no Santos ao lado do Rei do Futebol nas décadas de 1950 e 1960.
"Estamos de luto, era uma figura maravilhosa. Eu sempre falo que a dona Celeste (mãe de Pelé) rasgou a fórmula da qual ele nasceu e não vai aparecer nada igual", disse Pepe em entrevista à Reuters na cidade paulista de Socorro, onde passa o final de ano com a família.
"Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, Maradona, excepcionais jogadores, maravilhosos, mas humanos. O Rei veio de Saturno, fazia coisas incríveis. Tinha tudo, perna direita, perna esquerda, cabeceio, chute, impulsão", lembra Pepe do ex-companheiro e amigo, a quem chamava de "Julio".
Isso porque Pelé, que chegou ao Santos em 1956 vindo da cidade de Bauru, gostava de atuar como goleiro nos treinos da equipe santista e Pepe o comparava a Julião, goleiro do Noroeste da cidade de Bauru, e rapidamente o Rei do Futebol tornou-se "Julio" para o ponta-esquerda.
"Eu chamo ele de Julio até hoje. Ele achava graça", conta Pepe, que foi padrinho do primeiro casamento de Pelé, com quem ainda mantinha contato, e de quem também foi treinador, no próprio Santos.
Pepe, conhecido como "Canhão da Vila", por causa da potência de seu chute de perna esquerda, é o segundo maior artilheiro da história do Santos, atrás apenas de Pelé. Mas o ex-ponta se considera o primeiro.
"O Pelé não conta, não era humano", explica.
Pepe lembra ainda que Pelé tinha uma espécie de ritual antes de todas as partidas. Para o ponta, era uma conexão com seres do além.
"Ele deitava na mesa de massagem, colocava uma toalha sobre o rosto e ele já era o Rei da bola, a fera, e o Lula, o treinador falava (sussurrando) 'ninguém incomoda o Rei'", lembra.
"Ele ficava ali chamando o pessoal lá de cima e ficava uns 10, 15 minutos com aquela toalha, na certa fazendo as orações, parece que estava chamando o pessoal do além e quando ele saía da mesa já estava bravo, dizia 'vamos lá!" Isso já era parte do roteiro do Santos."
Pepe lembra da última vez que viu Pelé, na casa do Rei em Guarujá, e guarda uma foto do encontro, ao lado do amigo e de seus familiares.
"Rezamos por ele, mas chegou a hora dele, né? Fazer o quê? Ele está com a número 10 lá em cima agora. Já chegou o melhor do time (no céu), recebeu a camisa de titular absoluto", disse.
"Foi um grande amigo", lamentou.
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