Ucrânia expõe assentos de estádio destruídos por bombas para lembrar Euro da guerra
O ex-atacante ucraniano Andriy Shevchenko apresentou na segunda-feira (17), em Munique, os assentos destruídos por projéteis de um estádio de Kharkiv construído para a Euro 2012, enquanto os torcedores ucranianos prometiam continuar lutando contra a invasão russa.
A associação de futebol da Ucrânia disse que o estádio Sonyachny em Kharkiv, no leste da Ucrânia, foi destruído por projéteis russos em 2022. Em uma praça central de Munique, refugiados e torcedores ucranianos que viajaram 25 horas de carro desde a Ucrânia olhavam para os assentos azuis e amarelos, horas antes de sua equipe disputar seu primeiro jogo da Euro 2024 contra a Romênia na cidade.
"Quando eu era o técnico da seleção, nós sempre íamos a Kharkiv para treinar. Nós nos preparamos para as eliminatórias da Euro 2021 em Sonyachny. Saber que o estádio foi destruído foi como descobrir que sua casa estava arruinada", disse Shevchenko, agora presidente da Associação de Futebol da Ucrânia (UAF).
"Mesmo que os campos de futebol ou as arquibancadas não consigam resistir aos projéteis russos, nunca deixaremos de defender nosso país e contar ao mundo sobre essa guerra cruel", acrescentou Shevchenko.
Classificação e jogos
Kiev quer lembrar na Euro 2024 que as forças ucranianas estão envolvidas nos combates mais sangrentos da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, e que a vida civil no país foi destruída. Mais de 500 instalações esportivas foram destruídas, incluindo 77 estádios de futebol.
A primeira partida da Ucrânia na competição acabou em derrota: 3 a 0 para a Romênia, na manhã desta segunda.
O técnico Serhiy Rebrov afirmou que ele e seus jogadores estavam em contato com soldados na linha de frente, que lhes disseram para mostrar "o espírito da Ucrânia" no torneio.
A Ucrânia e a Polônia foram sedes da Euro 2012, com a final realizada em Kiev. Além de Kiev e Kharkiv, Lviv e Donetsk também sediaram jogos e mais de um milhão de visitantes estrangeiros estiveram no país. Donetsk está agora sob ocupação russa e Kharkiv é repetidamente atacada por mísseis e drones.
Quando tinha seis anos de idade, Daria Reshetilo se lembra de ver os torcedores de futebol italianos e espanhóis passando por uma ensolarada Kiev para a final da Euro 2012, e da atmosfera de festa.
Hoje, ela é uma refugiada que vive e estuda na Alemanha, separada de sua família.
"Vou oferecer pintura facial do lado de fora do estádio antes do jogo para arrecadar dinheiro para a Ucrânia. Quero fazer algo, pois isso é muito importante para nós", disse ela.
Anna Lymarenko, de 25 anos, natural de Kharkiv, mas visitando Munique para uma exposição de artesanato, afirmou que o futebol ajudaria a manter a Ucrânia visível no exterior.
"Há muitos europeus que entendem pelo que estamos lutando — não apenas por nossa própria liberdade e democracia, mas também pela deles, então espero que haja muito apoio à Ucrânia."
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