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De onde veio "ideia maluca" citada por Macron de fazer abertura da Olimpíada no rio Sena?

25/07/2024 17h01

Por Michel Rose e Julien Pretot

PARIS (Reuters) - Quando as primeiras pessoas propuseram para o então chefe da polícia de Paris a ideia sem precedentes de realizar a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2024 no rio Sena, ele foi contrário de cara.

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“É loucura”, disse Didier Lallement em 2021, de acordo com duas fontes, citando os enormes desafios logísticos e de segurança para realizar evento tão ambicioso em uma cidade que, em 2015, fora marcada por uma série de ataques de militantes islâmicos que resultaram na morte de 130 pessoas.

Com o espetacular desfile flutuante que ocorrerá no Sena na noite de sexta-feira, o presidente do país, Emmanuel Macron, espera que o ceticismo de Lallement se prove sem fundamento.

“No começo, parecia ser uma ideia maluca e não muito séria”, afirmou Macron na segunda-feira a repórteres estrangeiros presentes ao Palácio do Eliseu. “Mas decidimos que era o momento certo de realizar a tal ideia maluca e transformá-la em realidade.”

A França lançou sua maior operação de segurança da história para proteger a Olimpíada e sua incrível cerimônia de abertura. Autoridades dizem que não há ameaças reais aos Jogos, mas que até agora já frustraram duas supostas tentativas de ataques.

Até 3 bilhões de pessoas devem assistir à cerimônia de abertura, na qual atletas navegarão por quase 6 quilômetros pelo rio Sena, tendo como pano de fundo um dos mais incríveis cenários do planeta.

A organização tem mantido os planos para a cerimônia de abertura como segredo, mas Thomas Jolly, diretor artístico do evento, falou nesta semana sobre “um grande afresco” celebrando “a relação que Paris e a França mantêm com o mundo.”

O atual gabinete de Lallement, o Secretariado Geral do Mar, não quis comentar sobre o tema.

Ainda não se sabe como correrá a cerimônia, mas já houve uma grande batalha: conseguir convencer a todos que a ideia proposta a Macron em 2019 pelo chefe do Comitê Paris-2024, Tony Estanguet, deveria ser posta em prática.

A ideia veio de Estanguet, tricampeão olímpico de canoagem, depois de ele ter assistido à cerimônia de abertura da Olimpíada da Juventude de 2018, um evento realizado nas ruas de Buenos Aires com mais de 200 mil participantes, disseram seus assessores.

O ex-atleta queria que Paris-2024 “jogasse fora o livrinho de regras”, então pediu ao diretor-executivo do comitê, Thierry Reboul, ex-chefe de marketing da companhia aérea Air France e que comandará a cerimônia de abertura, para apresentar uma ideia que fosse original.

A inspiração veio em 2019, quando Reboul passeava pelo rio.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, disse à Reuters que ela comprou a ideia desde o início. Mas nem todos concordaram. Além de Lallement, sindicatos de policiais também eram contrários à arriscada abertura no rio, de acordo com autoridades.

Macron, contudo, foi seduzido imediatamente: “Eu não quero saber o que você pensa, eu quero saber como podemos fazer isso”, disse Macron, de acordo uma fonte próxima a ele.

O presidente prometeu dar reforços à polícia. Ele também encomendou um “relatório de viabilidade”, que concluiu em 2021 que o Sena era um possível cenário para a abertura, desde que sob duas condições: menos espectadores e mais policiais.

No fim daquele ano, o político anunciou a ideia ao público, para garantir que não se poderia voltar atrás, disse a fonte, assegurando que há planos substitutos caso a ideia original seja inexequível.

Muitas delegações estrangeiras foram céticas e algumas até ameaçaram cancelar suas participações, disse outra fonte francesa. “Elas foram informadas de que nenhuma pedra deixaria de ser checada”, afirmou a fonte, acrescentando que as autoridades estão super zelosas, destacando 45 mil policiais para garantir a segurança do evento. Isso é mais do que o triplo do contingente usado na celebração do Dia da Bastilha.

Hidalgo, uma socialista que raramente elogia o governo pró-mercado de Macron, teve de trabalhar com o ministro do Interior, o conservador Gerald Darmanin, para possibilitar uma cerimônia memorável: “Eu disse a ele: ou vencemos juntos, ou falamos juntos”, afirmou a política à Reuters.

(Reportagem de Michel Rose e Julien Pretot)

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