É necessária mudança na cultura olímpica equestre, diz alemã multicampeã após "catástrofe" de Dujardin

Por Tassilo Hummel

VERSALHES, França (Reuters) - Os esportes equestres precisam de uma mudança cultural para garantir seu futuro, disse a heptacampeã olímpica alemã Isabell Werth neste sábado.

"Estou incrivelmente triste. Esta é uma catástrofe absoluta para nós e ninguém entende isso", afirmou Werth à Reuters. O debate foi desencadeado por um vídeo que mostra uma importante cavaleira britânica chicoteando um cavalo em treinamento.

Charlotte Dujardin, seis vezes medalhista olímpica, foi suspensa na terça-feira depois que surgiram imagens que a mostravam chicoteando as pernas de um cavalo várias vezes durante treinamento. Dujardin disse que o vídeo mostra ela cometendo um erro de julgamento que não refletia como ela treinava seus cavalos ou orientava alunos.

“Precisamos estabelecer uma cultura de respeito ao cavalo como criatura. A educação é importante, mas esta violência sem sentido não deve acontecer, porque caso contrário, teremos dificuldade em defender o nosso caso perante o resto do mundo”, disse Werth.

O vídeo, que foi veiculado em programas de televisão globais poucos dias antes das Olimpíadas, renovou o debate sobre os esportes equestres e seu futuro como modalidade olímpica.

Werth, a segunda atleta olímpica alemã mais premiada de todos os tempos e que deve competir em sua sétima Olimpíada em Paris, disse que isso foi uma tragédia para o esporte, mas também para Dujardin, que ela respeita como uma de suas rivais mais difíceis em muitos anos. “Receio que este não tenha sido o último vídeo”, disse Werth. “Só espero que tudo isso venha à tona agora e então precisamos de um corte e um processo de autorregulação”.

Grupos de defesa dos direitos dos animais pediram ao Comitê Olímpico Internacional que vete esportes equestres do programa dos Jogos, dizendo que nenhum cavalo poderia ser forçado a fazer alguns dos movimentos sofisticados com meios não violentos. Atletas equestres dizem que isso é infundado.

Em paralelo, a Federação Equestre Internacional (FEI), órgão que regula e supervisiona a competição olímpica, emitiu um cartão amarelo de advertência ao cavaleiro brasileiro Carlos Parro por ter causado “desconforto desnecessário ao cavalo” durante uma sessão de treinamento.

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O alerta veio depois que o grupo de campanha PETA instou a FEI a banir Parro da competição devido a fotografias, vistas pela Reuters, que pareciam mostrar o atleta forçando uma chamada hiperflexão no pescoço de seu cavalo, também conhecida como Rollkur.

Questionado pela Reuters sobre o cartão amarelo, o chefe de equipe de eventos esportivos do Brasil não quis comentar.

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