Detenção de Djokovic na Austrália gera protestos em Melbourne e em Belgrado
Os fãs do tenista sérvio Novak Djokovic enfrentaram a chuva nesta sexta-feira (7) para protestar em Melbourne contra a retenção do atleta em um antigo hotel que abriga refugiados e requerentes de asilo. Protestos aconteceram também em Belgrado, cidade natal do número um do mundo.
Antivacina declarado, Djokovic chegou na quarta-feira (5) para participar do Aberto da Austrália, que ele já venceu nove vezes. O tenista apresentou um atestado médico de isenção da vacina, documento que foi aceito pela organização do torneio. Mas as autoridades decidiram cancelar seu visto assim que ele desembarcou no país. Depois de dez horas de espera, Djokovic teria sido transferido para um antigo hotel que hoje acolhe dezenas de imigrantes em situação ilegal.
Cerca de 50 manifestantes - uma mistura de fãs de tênis, manifestantes antivacinas e ativistas pelos direitos dos imigrantes - se reuniram no dia de Natal ortodoxo do lado de fora do antigo Park Hotel. "Viemos apoiá-lo porque é nosso Natal e, obviamente, ele está passando por muita coisa", disse o fã Sash Aleksic na rua do lado de fora do prédio. "Obviamente haveria muito mais gente aqui se as pessoas não tivessem obrigações familiares hoje."
Mas nem todos estavam ali para apoiar o tenista. "Refugiados são bem-vindos aqui, Djokovic não", gritou um grupo de manifestantes. A polícia interveio para separá-los dos fãs de Novak. "Queremos mostrar que o que Novak representa vai contra a saúde pública. Estamos aqui para defender a liberdade dos refugiados que estão detidos há mais de oito anos", disse Zak Barzovoy, estudante de 27 anos.
Retido em antigo hotel
O antigo Park Hotel, agora oficialmente conhecido como um "local alternativo de detenção", mantém cerca de 32 refugiados e requerentes de asilo que aguardam uma decisão do sistema de imigração de linha dura da Austrália.
Acredita-se que o melhor tenista do mundo esteja entre eles, embora as autoridades aduaneiras tenham se recusado a confirmar onde Djokovic está detido.
O centro de cinco andares ganhou notoriedade no ano passado, quando um incêndio forçou as autoridades a retirar os migrantes do local, e larvas foram supostamente encontradas na comida.
Estrangeiros ainda estão, em sua maioria, proibidos de viajar para a Austrália, e aqueles que têm permissão para entrar devem estar totalmente vacinados ou ter isenção médica. As autoridades australianas disseram que o astro sérvio de 34 anos - que se declarou contra as vacinas - não forneceu provas de nenhum dos dois.
Djokovic garantiu ter uma isenção para jogar o Aberto da Austrália neste mês. Mas o governo australiano disse que o documento não atendia aos padrões mais rígidos exigidos para entrar no país. O tenista entrou com um recurso contra sua expulsão, mas o promotor australiano Christopher Tran afirmou que a audiência só deve acontecer na próxima segunda-feira (10).
"Caça às bruxas", diz pai
Em comentários inflamados em um comício em Belgrado, o pai do tenista, Srdjan Djokovic, disse a uma multidão que seu filho foi vítima de uma "caça às bruxas política" e "fascismo corona".
"Jesus foi crucificado e suportou muitas coisas, mas ainda está vivo entre nós", disse ele na véspera do Natal ortodoxo. "Novak, o melhor esportista e homem do mundo, também foi crucificado."
A mãe do número um do mundo, Djina Djokovic, disse a repórteres no comício que "o estão mantendo como prisioneiro. Não é justo. Não é humano."
Muitos australianos, que suportaram quase dois anos de proibição de viagens e bloqueios contínuos, ficaram indignados quando souberam que o jogador recebeu uma isenção de vacina.
Dois outros participantes do Aberto da Austrália também estão sendo investigados, confirmou a ministra do Interior, Karen Andrews, nesta sexta-feira.
Ela também negou as acusações de que Djokovic estava detido contra sua vontade. "Ele está livre para sair a qualquer momento que quiser e o serviço de fronteiras vai facilitar isso", disse ela.
Imbróglio
A detenção de Djokovic ganhou contornos de incidente diplomático, com o governo sérvio exigindo explicações.
"Djokovic não é um criminoso, terrorista ou imigrante ilegal, mas foi tratado dessa forma pelas autoridades australianas, o que causa uma indignação compreensível em seus fãs e cidadãos da Sérvia", disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.
O presidente, o primeiro-ministro e o ministro das Relações Exteriores do país emitiram uma série de comentários com tons nacionalistas e revoltados pelo tratamento dispensado ao herói nacional.
Na Austrália, o primeiro-ministro Scott Morrison defendeu a revogação do visto de Djokovic. "Regras são regras e não há casos especiais", disse ele.
O Aberto da Austrália acontece de 17 a 30 de janeiro.
(com informações da AFP)
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