Vinicius Simas,
especial para o Pelé.NetPORTO ALEGRE - Pela segunda vez, Daniel da Costa Franco dá os passos iniciais em sua carreira no Beira-Rio, estádio que considera sua casa. Bi-campeão da Copa do Brasil como lateral-esquerdo, o hoje auxiliar técnico da categoria Júnior do Inter se dedica num sonho que, aos poucos, vai se consolidando para, no futuro, ser tão marcante quanto foi dentro de campo.
Criado na base do clube gaúcho, o atleta de força e qualidade como apoiador saiu do elenco colorado em 1994 e desde então ninguém obteve tanto sucesso na posição. Êxito que é admitido com humildade. "Volta e meia alguém me fala isso, mas acho que foi sorte porque o Brasil não tinha, e ainda não tem, bons laterais", comentou, para o
Pelé.Net, na manhã de segunda-feira, após trabalhar em mais um treino no gramado suplementar do Beira-Rio.
Desde os 12 anos no Inter, Daniel se profissionalizou em 1988, passou seis temporadas no alvirrubro antes de um longo período de peregrinação. "Quando parei (em 2003) estava cansado e quis mudar. Fiz faculdade de administração, fui representante comercial, também trabalhei com um amigo numa fábrica de calçados". Quatro anos depois de se afastar do futebol, Daniel voltou às raízes. "Toda minha base está aqui, vi que dependo disso".
DEDICAÇÃO E TRANQÜILIDADE |
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Daniel retornou ao clube em 2007, como avaliador técnico de jovens. Ambicioso, entrou na faculdade de educação física e virou auxiliar do técnico Osmar Loss, dos juniores. "É uma ascensão grande. Por ser o último nível antes do grupo principal, a cobrança já é forte".
Enquanto se dedica a estudar e aprender a nova profissão, o ex-lateral contribui com o conhecimento da vivência prática. "Esse período já me mostrou que muda todo o foco, do jogador para o treinador. Gosto dessa parte de programar o progresso nos treinos, e é importante passar experiência, liderança, aos garotos", ressaltou.
Na esperança de se tornar um técnico de sucesso, Daniel tem paciência para crescer na hora certa. "Quem está no meio quer chegar no time principal. Mas estou no clube do meu coração e não tenho pressa", concluiu. |
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O último dono da posiçãoSatisfeito com as conquistas como atleta, Daniel lembra com orgulho os tempos em que vestia a camisa 6 colorada. "Os 90 minutos passavam e eu não via. Sabia que sempre poderia fazer alguma coisa diferente. Em uma temporada marquei 10 gols e fui um dos artilheiros do time". As boas atuações ainda repercutem quando ele passeia por Porto Alegre, onde vive com a esposa, Carla.
"As pessoas ainda me reconhecem, vejo que foi bom porque marquei, não foi nada em vão". Campeão da Copa do Brasil em 1992, com o Inter, Daniel considera aquele período o seu auge. "Cheguei a ser cotado para a Copa do Mundo de 94, era considerado o melhor lateral do País. Passei por todas as seleções de base, só faltou a principal", lamenta.
No Inter, foram poucos os que passaram pela posição e conseguiram se firmar como Daniel, mas ele ressalta que também viveu períodos complicados. No Corinthians, mesmo sendo bi da Copa do Brasil em 1995, não teve muito destaque porque "tive uma lesão no tornozelo quando estava há pouco tempo lá", justificou.
Mesmo sem o fôlego para dar suas arrancadas pela esquerda, ele aposta na carreira de técnico para matar a saudade do que mais lhe dá saudade dos tempos de jogador. "Quando a gente abandona os gramados, acaba caindo no anonimato. Já superei isso, mas é emocionante entrar num estádio cheio de gente gritando o teu nome", finalizou.