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Falta de patrocínio atrapalha sonho olímpico de brasileiras da classe 470

12/03/2004 09h50

Vicente Toledo Jr.
Enviado especial do UOL
Em Búzios (Rio de Janeiro)

Campeãs antecipadas da classe 470 na seletiva nacional, a gaúcha Fernanda Oliveira e a paulista Adriana Kostiw lutam agora para conquistar uma das quatro vagas para as Olimpíadas que serão distribuídas no Mundial da categoria, em maio, na Croácia.

Antes de encarar algumas das principais velejadoras do mundo, porém, elas terão que vencer um adversário tão ou mais difícil: a falta de patrocínio. Com a vitória na seletiva que acontece em Búzios (RJ), a dupla será a representante oficial do Brasil no Mundial.

Di vulgação/FBVM 
Fernanda Oliveira tenta no Mundial vaga para disputar sua segunda Olimpíada
Isso significa que a Federação Brasileira de Vela e Motor (FBVM) arcará com suas despesas para o torneio. Já a preparação para o desafio, que inclui três competições na Europa (duas na Espanha e uma na França), despesas com técnico e equipamentos, está ameaçada.

"A principal dificuldade é conseguir a grana para realizar todo esse planjamento. Estamos sem nenhum patrocínio, não tem nenhum dinheiro entrando para ajudar", conta Fernanda, que participou dos Jogos de Sydney-2000 (foi 19a. colocada) graças principalmente ao "paitrocínio".

As atletas contam apenas com um apoio da Fiat, que cedeu um carro para Adriana transportar o barco para as competições e treinos. "Colocamos um logo deles no nosso barco como forma de agradecer essa ajuda, mas estamos buscando outras formas de patrocínio", completa.

Apesar de terem vencido a seletiva nacional com extrema facilidade, vencendo 12 das 13 regatas disputadas até a última quinta-feira, as duas não fazem parte da equipe olímpica permanente, que recebe ajuda do patrocinador da FBVM e do dinheiro da Lei Piva (a Vela é um dos esportes que mais recebe, com 4% do total da verba).

É que, em 2002, quando a equipe foi formada, as duas ainda não estavam competindo juntas. "Estava com outra parceira. Como não tivemos um bom desempenho, acabamos ficando de fora. A gente não tem apoio porque não tem índice, mas precisa do apoio para conseguir esse índice. É uma bola de neve", lamenta Fernanda.

A estudante não contesta o direito adquirido pelos membros da equipe olímpica, mas ressalta a importância de proporcionar condições para outros atletas desenvolverem seu talento. "A Lei Piva ajudou mais o pessoal de ponta. Está certo, eles conseguiram melhores resultados, mas talvez fosse importante também incentivar os outros atletas", diz.

As dificuldades, no entanto, não tiram o entusiasmo das velejadoras, que estão otimistas quanto ao resultado do Mundial. "É muito difícil. Ainda tem muita gente boa querendo essas vagas, mas a Croácia tem ventos fortes, parecido com Búzios, onde velejamos muito bem. Acho que vai dar sim, vai ser no limite, mas vai dar", aposta Adriana.

A corrida das duas agora é contra o tempo, pois a viagem para a Europa está programada para o próximo dia 23. "Não adianta chegar no Mundial para fazer o primeiro campeonato. Estamos tentando conseguir alguma coisa para podermos chegar lá bem preparadas, com técnico e equipamentos melhores. Mas está em cima, precisamos disso para ontem".