Scheidt vence regatas e se classifica para terceira Olimpíada na carreira

Vicente Toledo Jr.
Enviado especial do UOL
Em Búzios (RJ)

O velejador Robert Scheidt está classificado para disputar a terceira Olimpíada de sua carreira. Na tarde desta sexta-feira, ele venceu as 14ª e 15ª regatas do Torneio Pré-Olímpico de Búzios e vai representar o Brasil na classe Laser.

Scheidt teve atuação incontestável no litoral do Rio de Janeiro. Na primeira série, ele venceu as sete regatas válidas, já que os dois piores resultados foram descartados. Na segunda série, ganhou seis provas e garantiu a vaga, quando ainda faltam três para o fim da competição.

Scheidt supera adversários com facilidade e se garante em sua terceira Olimpíada

O principal adversário de Scheidt, que tem seis títulos mundiais, era Bruno Fontes, que tinha apenas chances matemáticas de classificação. Nesta sexta, ele obteve um segundo e um terceiro lugar e terminou com 27 pontos perdidos, contra 11 de Scheidt.

Depois de garantir a vaga, Scheidt disse que vai priorizar descanso antes de voltar para a reta final de preparação para Atenas-2004. "Agora pretendo descansar um pouco porque tive um começo de ano bastante agitado", lembrou.

"Depois, vou disputar a semana de Hyeres, na França, o Mundial da Turquia, de 10 a 20 de maio, a semana de Spa, no final de maio, e a semana de Kiel, na Alemanha."

O hexacampeão mundial ainda declarou que vai aproveitar esse giro pela Europa para fazer treinamento especializado na Grécia. "Ainda quero passar umas duas semanas treinando em Atenas, voltar para o Brasil, descansar e aí partir para a Olimpíada."

Com os resultados desta sexta, Scheidt terá a chance de ir atrás de sua terceira medalha olímpica, e provavelmente a última na classe Laser -é grande a chance de ele passar a se dedicar à classe Star depois dos Jogos de Atenas.

Em 1996, em Atenas, Scheidt conquistou uma das três medalhas de ouro do Brasil -a melhor marca na história.

Quatro anos depois, em Sydney, ele não teve o mesmo desempenho e acabou com a prata, perdendo o título na última regata para o inglês Ben Ainslie, em prova marcada pela estratégia defensiva do britânico.

Ainslie atrapalhou a navegação do brasileiro, que ficou longe das primeiras colocações e acabou desclassificado depois de um toque no barco do inglês.

Scheidt, contudo, vem de uma derrota amarga na última competição de alto nível que disputou. No Campeonato Mundial de Cádiz, no ano passado, ele ficou em segundo lugar, perdendo o ouro na última regata para o português Gustavo Lima.

"Foi uma coisa de momento. Na última regata, ele conseguiu largar melhor do que eu, aproveitou as oscilações de vento e fez uma regata brilhante. Mesmo assim foi um ótimo Mundial, perdi por apenas um ponto, e nós ficamos mais de vinte na frente dos outros", comentou.

Expectativa
Uma das principais esperanças de medalha do Brasil, o velejador prevê uma disputa acirrada pelas três primeiras colocações. "Acho que tem uns oito ou nove nomes na briga", disse.

Para Scheidt, seus principais adversários serão o australiano Michael Blackburn, medalha de bronze em Sydney, o português Gustavo Lima, e o inglês Paul Goodson, herdeiro de Ainslie.

"O autraliano é muito consistente e vai ser sempre uma pedra no sapato. Já o Gustavo é um velejador com mais altos e baixos, mas se ele estiver numa semana brilhante como a de Cádiz, vai ser extremamente competitivo. E tem o inglês que está no lugar do Ainslie agora, com ótimos resutlados e a estrutura inglesa por trás dele", comentou.

Segundo Scheidt, a regularidade será muito importante para conseguir levar vantagem sobre os adversários, principalmente porque a classe Laser terá 41 participantes, número considerado alto pelo velejador.

"No ano passado eu ganhei a Pré-Olímpica de Atenas com uma média de sétimo lugar. Se eu tirar dois oitavos no primeiro dia, todo mundo vai falar que eu comecei mal, mas eu estarei achando bom. Vai ser difícil o público entender", avisou.