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Carol Borges vence última regata e fica com vaga olímpica na Mistral

14/03/2004 13h27

Vicente Toledo Jr.
Enviado especial do UOL
Em Búzios (Rio de Janeiro)

Depois de dez dias de competições, o Brasil finalmente conheceu sua representante na classe Mistral nos Jogos Olímpicos de Atenas. Disputa mais acirrada da seletiva olímpica que acabou neste domingo em Búzios, a classe foi vencida pela carioca Carol Borges somente na última regata.

Divulgação 
Carol Borges ganha a última regata
Carol liderou grande parte do evento, tendo Paula Newlands nos seus calcanhares. No sábado, no entanto, Paula venceu as duas regatas do dia e tomou a dianteira no momento decisivo.

"Fiquei muito frustrada. Não estava acreditando que Deus ia me deixar na mão", comentou a velejadora, que só não perdeu a fé por causa dos familiares.

"Minha família é muito católica. Minha mãe não me deixou perder a fé. Quando a regata acabou, a primeira coisa que pensei foi na justiça de Deus", revelou Carol, que também agradeceu ao apoio da israelense Lee Korzits, com quem treinou por seis meses em Israel.

"Tenho a maior gratidão por ela, que foi meu braço direito. A equipe israelense foi muito legal comigo, graças a eles consegui lugar e pessoal para treinar", afirmou a brasileira, que passou de outubro a fevereiro viajando para o país do Oriente Médio.

A disputa entre Carol e Paula foi tão equilibrada que as duas terminaram o torneio empatadas com nove vitórias e 19 pontos perdidos cada uma. Os resultados foram rigorosamente iguais, mas Carol levou vantagem por ter vencido a última regata.

"Foi uma seletiva emocionante. A vaga só foi decidida no desempate, então estou muito satisfeita apesar de não ter me classificado", comentou Paula, que contou com a assessoria do namorado Ricardo Winicki, representante brasileiro em Atenas na Mistral masculina.

Carol, no entanto, não ficou para trás. Sempre que precisou, ela contou com a ajuda do campeão olímpico Robert Scheidt. "Ele foi muito importante para mim, sempre me ajudou a corrigir meus erros e a trabalhar a parte psicológica", revelou.

Com a sua primeira participação olímpica assegurada, Carol quer agora voltar a Israel para continuar a preparação até o Mundial da modalidade, que acontece no final de abril, na Turquia.

"Ainda preciso ver com a federação, mas quero treinar lá porque aqui no Brasil é muito difícil conseguir pessoas de alto nível. Depois pretendo passar um tempo em Atenas para conhecer melhor o local das Olimpíadas", disse.

Para as Olimpíadas, Carol espera conseguir um bom resultado, já que as demais competidoras, principalmente as italianas e neozelandesas, são mais experientes.

"O nível é altíssimo. Para conseguir uma medalha, é preciso ter muita experiência. Vou dar meu melhor para conseguir um bom resultado. Só o fato de estar lá já será uma grande vitória para mim", afirmou a velejadora, que começou no esporte há dois anos.