Grael é eleito melhor velejador do mundo em 2009 graças a título da Volvo
O brasileiro Torben Grael, maior medalhista olímpico do Brasil, foi eleito o melhor velejador do mundo em 2009. O prêmio, que existe desde 1994, foi entregue pela Isaf (Federação Internacional de Vela) após votação de especialistas.
"É A MINHA QUINTA INDICAÇÃO. TINHA A DESCONFIANÇA SE PODERIA VENCER"
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Torben Grael é o recordista em medalhas olímpicas da vela, já venceu a mais importante volta ao mundo e disputou a America’s Cup, a Fórmula 1 dos mares. Mesmo assim, a confiança que ele mostra quando entra em um barco não era a mesma em relação ao prêmio de melhor do ano. Veja o que ele falou ao UOL Esporte:
Na última edição da Volvo, o comandante do barco campeão foi também levou o prêmio de melhor do ano. Era uma indicação de que o prêmio poderia ir para você?
Eu fui nomeado pela quinta vez agora. Mas nas outras vezes não ganhei. Então, tinha sempre a desconfiança, não sabia se podia ganhar. Os meus resultados foram muito bons, mas os resultados dos concorrentes também eram muito fortes.
Comparando com outros anos, esse foi o melhor, esportivamente?
Não sei se foi o meu melhor ano. Foi um ano fantástico, mas é difícil comparar com o que já foi feito.
Já sabe o que vai fazer a partir de agora? Vai se dedicar a classes olímpicas ou volta para os barcos maiores?
Agora, disputo o Sul-Americano de Star (a partir do dia 24), depois o Match Race Brasil (competição de barco contra barco, no fim de semana do dia 5 de dezembro). Em janeiro, vou correr o Mundial de Star (no Rio, entre 12 a 23 de janeiro). Mas a partir daí, ainda não tenho certeza do que farei.
Com isso, a entidade repara uma das maiores injustiças da vela. Atleta com o maior número de medalhas olímpicas da história, com participações importantes em regatas de Oceano e na America's Cup, Grael nunca tinha recebido a premiação.
Até 2009, o velejador paulista, radicado em Niterói (RJ), tinha sido indicado quatro vezes (1996, 2001, 2003 e 2004), mas nunca tinha vencido. Desta vez, com o título da Volvo Ocean Race, a maior regata de volta ao mundo, foi impossível ignorá-lo.
A temporada
Torben foi o comandante do Ericsson 4, que dominou toda a regata. Levou a embarcação a oito pódios e cinco vitórias em dez pernas (provas em mar aberto, de um país a outro). Ainda na Volvo, Grael e sua tripulação navegaram 596,6 milhas náuticas em 24 horas, com velocidade média de 46 km/h. O resultado colocou o Ericsson 4 no livro dos recordes como o veleiro monocasco mais rápido do mundo.
Em premiações anteriores, a grande omissão ao nome de Grael aconteceu em 2004, quando outro brasileiro, Robert Scheidt, foi o vencedor (ele também foi eleito melhor do mundo em 2001). Nas Olimpíadas de Atenas, Grael e seu parceiro, Marcelo Ferreira, ganharam, pela segunda vez, o ouro na classe Star. Com a medalha, Grael chegou a cinco pódios olímpicos, marca inédita na vela.
As indicações anteriores
Em 1996, o brasileiro foi indicado por seu primeiro título olímpico, em Atlanta-1996. O vencedor foi o alemão Jochen Schümann, que nos EUA ganhou seu segundo ouro.
Em 2001, após suas quarta medalha olímpica (bronze em Sydney) e domínio na classe Star, a Isaf elegeu outro brasileiro: Scheidt, que na temporada venceu seu quinto título mundial da classe Laser.
Dois anos depois, em 2003, voltou a dominar a classe Star. Depois de defender o sindicato italiano Luna Rosa até as semifinais da America's Cup, venceu dois eventos de Grau 1 da Isaf. O vencedor nesta temporada, porém, foi Russell Coutts, campeão da America's Cup com o time suíço Alinghi.
Neste ano, os indicados foram os franceses Pascal Bidégorry (comandante do trimarã Banque Populaire, dono do recorde geral de singradura, com 908 milhas) e Michel Desjoyeaux (bicampeão da regata de volta ao mundo em solitário e sem paradas Vendée Globe), o inglês Paul Goodison (vencedor na classe Finn de três etapas da Copa do Mundo) e o australiano Nathan Outteridge (campeão mundial da 49er).
Entre as mulheres, a vencedora foi a norte-americana Anna Tunnicliffe, que brilhou no match race (que virou disputa olímpica para mulheres) e ainda venceu três etapas da Copa do Mundo de vela na classe Laser Radial. As outras indicadas foram as inglesas Sam Davies (4ª colocada na Vendée Globe) e Hilary Lister (tetraplégica que deu a volta nas ilhas britânicas sozinha) e a espanhola Blanca Manchón (que foi ao pódio em todas as competições que disputou em 2009 na classe RS:X).
A carreira
Torben Grael nasceu em São Paulo e se criou em Niterói. Filho do meio de um trio de irmãos, logo cedo demonstrou talento e vontade de seguir a saga da família materna, os Schmidt, de origem dinamarquesa. Seu avô, Preben foi um dos pioneiros da vela brasileira.
Incentivado pelo pai, o militar do Exército, Dickson Grael, e pela mãe, a velejadora Ingrid, Torben e seu irmão mais novo, Lars, seguiram os passos dos tios maternos Axel e Erik, primeiros campeões mundiais de vela brasileira. Em 1983, em dupla, conquistaram seu primeiro campeonato mundial, na classe Snipe, no Porto, em Portugal.
A partir daí, foram mais de 30 títulos brasileiros em diversas classes, 6 títulos mundiais, 5 medalhas olímpicas (prata em 1984, bronze em 1988, ouro em 1996, bronze em 2000 e ouro em 2004), uma final de America's Cup - a regata mais antiga e prestigiada da Vela mundial -, e a vitória na regata de volta ao mundo em 2009.
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