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"Classe dos tiozões", Star tenta conciliar juventude de campeões com tradição

Gastão Brun, de 65 anos, é um dos mais velhos <br>no Mundial de Star que está sendo realizado no Rio  - Divulgação
Gastão Brun, de 65 anos, é um dos mais velhos <br>no Mundial de Star que está sendo realizado no Rio Imagem: Divulgação

Bruno Doro

No Rio de Janeiro

20/01/2010 12h25

Gastão Brun tem 65 anos e, apesar da idade, compete de igual para igual no Campeonato Mundial de Star. Ao seu lado, jovens como o alemão Johannes Babendererde também buscam espaço. Uma das classes mais tradicionais da vela, a Star hoje tenta conciliar sua tradição com a juventude de seus campeões.

A parte da tradição fica por conta das regras, do formato do Mundial e da idade de muitos de seus competidores. No Mundial do Rio, que termina na quinta-feira, Brun, por exemplo, é o 20º colocado na classificação geral e chegou a estar entre os dez primeiros após três regatas.

Além disso, o formato da competição é bem diferente do usado em Olimpíadas, por exemplo. Com 73 barcos na raia, todos competem contra todos, em uma única regata longa, com pelo menos oito milhas náuticas. Nos Jogos ou em grandes competições pelo mundo, os velejadores costumam disputar provas menores e, quando o número de competidores é grande, são divididos em flotilhas.

“A Star é assim mesmo. Prezamos muito pela tradição. Até podíamos adotar o formato olímpico, mas para nós, esse é o mais justo. Todos contra todos, uma regata por dia, uma campeonato curto”, explica o presidente da classe, e “velejador sessentão”, Bill Allen.

  • Johannes Babendererde, de 25 anos, é da turma dos velejadores novatos na competição carioca

“Além disso, é um barco em que a agilidade não é tão necessária. E todos sabem que, com a idade, todos ficam mais lentos. Então, alguém com a minha idade, com mais de 60 anos, ainda pode competir. Se eu estivesse velejando nesse campeonato, certamente estaria brigando para ficar entre os primeiros 35 barcos. Nenhuma outra classe olímpica dá essa longevidade”, completa.

Até mesmo o bicampeão olímpico Torben Grael, de 49 anos, concorda que veleja em uma classe que abriga mais “tiozões” do que outras. “Se você considerar outros barcos, pessoas como eu, o Gastão, não temos mais a mesma energia para velejar um 49er, por exemplo”.

Mesmo assim, a juventude ainda está presente. Jorge João Zarif, por exemplo, é campeão mundial júnior de Finn e, aos 18 anos, está velejando no Mundial do Rio. Entre os líderes, Baberendererde é o mais novo, em 9º lugar.

“Temos muitos velejadores mais velhos, mas a verdade é que, andando na frente, com resultados constantes, vemos mais garotos de 30 anos e poucos que passaram dos 40”, admite Allen. “Mas veja bem. São jovens comparados com os demais competidores. Mas se você pegar as outras classes, não são mais tão jovens. Como é um barco muito técnico, você não vê garotos de 23 anos andando bem imediatamente. É preciso experiência. Por isso, você acaba atraindo velejadores que já fizeram seus ciclos em outras classes, como a Finn, a Laser. Scheidt é um exemplo disso”.