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Classe de Scheidt e Grael é excluída do Rio-2016; velejadores tentam reverter decisão

Robert Scheidt e Bruno Prada velejam pela Star - Divulgação/Local
Robert Scheidt e Bruno Prada velejam pela Star Imagem: Divulgação/Local

Do UOL Esporte

Em São Paulo

18/11/2010 10h01

O Brasil pode perder seus principais ícones olímpicos para os Jogos do Rio de Janeiro justamente na modalidade que mais medalhas rendeu ao país na história. No congresso anual da Isaf, a federação internacional de vela, a classe Star, de Robert Scheidt e Torben Grael, foi excluída do programa olímpico. Já a 470 feminina, em que Fernanda Oliveira e Isabel Swan, está sendo avaliada e não tem lugar garantido.

A decisão ainda é reversível e os velejadores, principalmente os brasileiros, já fazem lobby para que o barco siga nos Jogos. Mas escancara uma tendência contrária ao barco mais tradicional das Olimpíadas – o Star é olímpico desde 1932. No congresso, realizado em Atenas no último fim de semana, os dirigentes decidiram os eventos que serão realizados no Rio-2016. O barco de quilha masculino, da Star, foi excluído para a entrada do multicasco misto (em que a Tornado, excluída de Londres-2012, é a principal candidata). Na 470, o barco perdeu o posto de duplas no masculino para o 49er e, no feminino, sua inclusão está sendo revista.

A votação contra a Star foi apertada, com 19 votos contra e 16 favoráveis à manutenção da classe no programa. Segundo a Folha de S.Paulo, o alto custo das embarcações e a resistência dos representantes asiáticos (a Star não é popular no continente), aliado à tendência da Isaf de optar por embarcações mais velozes e radicais, trabalham contra.

A palavra final sobre os eventos que serão realizados na vela em 2016 será dada no próximo congresso da entidade, em 2011. Para os brasileiros, a missão será convencer os dirigentes a manter a classe mais importante para a vela brasileira em sua própria Olimpíada.

“Não é uma missão simples mudar isso agora, mas, se a classe se unir, ainda há chances de reverter esse quadro na reunião de 2011”, disse o bicampeão olímpico e medalhista de prata na Star em Pequim-2008, Robert Scheidt, à Folha. Ele, inclusive, mandou uma carta para o presidente da Isaf, Göran Petersson, sobre o assunto.

“Usei como argumento o fato de que, para o Brasil, por ser o país-sede da Olimpíada, é fundamental ter a Star pela força que a classe tem no país, pelas estrelas que a classe tem. Isso certamente vai atrair muito mais espectadores e mídia”, explicou.

A vela é a modalidade que mais medalhas deu para o Brasil, com 16 no total. Dessas, cinco medalhas são da Star. Torben Grael conquistou quatro, duas delas de ouro (foi campeão olímpico ao lado de Marcelo Ferreira em 1996 e 2004 e levou o bronze com Marcelo em 2000 e com Nelson Falcão em 1988). A outra é a prata de Scheidt e Bruno Prada, em 2008.

Na Tornado, principal concorrente da Star, a história também é brilhante. Alex Welter e Lars Bjorkstrom conquistaram o outro em Moscou-1980 e o irmão de Torben, Lars Grael, levou dois bronzes, em 1988, com Clínio Freitas, e em 1996, com Kiko Pellicano.

Pela decisão atual, os Jogos de 2016 terão dez eventos. No congresso, foram definidos os barcos de seis deles: Laser para o barco individual masculino, Finn para o 2º barco individual masculino (para atletas mais pesados), Laser Radial para barco individual feminino, 49er para duplas masculinas, Elliott 6m para barco de quilha feminino e 470 para duplas mistas.

Ainda serão analisadas os equipamentos para prancha masculina e feminina (em que há uma batalha entre o windsurfe e o kitesurfe pela indicação) e as embarcações para duplas femininas (o 470, em que Fernanda Oliveira e Isabel Swan foram bronze em 2008 pode perder a vaga) e multicascos (que pode devolver o Tornado aos Jogos).