A um ano de Londres-2012, Grael e Ferreira desistem da campanha olímpica
A dupla de maior sucesso no esporte olímpico brasileiro desistiu da campanha olímpica. A um ano e um dia da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres-2012, Torben Grael e Marcelo Ferreira confirmaram ao UOL Esporte que não vão mais competir fora do Brasil para conquistar uma vaga na classe Star.
PARA CONQUISTAR A VAGA OLÍMPICA
A Confederação Brasileira de Vela fez uma pequena mudança na definição da equipe para as Olimpíadas de 2012. Até Pequim-2008, o vencedor da seletiva brasileira defenderia o Brasil nos Jogos. Na Inglaterra, o representante brasileiro será definido após três competições.
Os velejadores que conquistarem a vaga olímpica para o Brasil no Mundial de Perth, na Austrália, em dezembro, ganham um ponto. Quem vencer a Semana Brasileira de Vela, em Búzios, em fevereiro, ganha outro ponto. Se o mesmo velejador conquistar os dois pontos, ganha a vaga olímpica. Se dois velejadores estiverem empatados, a Confederação bancará a participação dos dois em um evento na Europa. Quem terminar na frente, vai para Londres-2012.
?É um sistema mais justo de escolha. Premia quem conquistou a vaga para o Brasil no Mundial, uma competição que conta com os melhores velejadores do mundo. Dá chance para quem não está na seleção permanente. E garante que o classificado não é um velejador que teve uma semana de sorte, venceu a seletiva em uma flotilha pequena, mas não tem experiência para encarar competições maiores?, explica Kadu Baggio, superintendente da Confederação;
“Ficar gastando dinheiro para velejar hoje é complicado. Não temos patrocínio e não vamos mais investir dinheiro para competir fora do Brasil. Não é só o dinheiro que gastamos, mas o que deixamos de ganhar enquanto estamos dedicados à campanha olímpica. No primeiro semestre, fizemos todas as competições que podíamos. No segundo, só vamos velejar aqui”, diz Torben Grael, dono de cinco medalhas olímpicas, recordista mundial da vela.
“A verdade é que não ganhamos dinheiro com isso. Enquanto você é novo, tudo bem. Mas você vai ficando mais velho, as coisas mudam. Atualmente, trabalho com empreendimentos imobiliários e importo vinho. Não dá para fazer campanha olímpica sem ganhar nada”, confirma Marcelo Ferreira, parceiro de Grael em duas medalhas de ouro e uma de bronze.
A decisão da dupla tem vários motivos. O principal é financeiro – mas não só a falta de apoio à campanha olímpica. Hoje, Grael é um dos maiores nomes da vela de Oceano no mundo. Ele disputou três vezes a regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race, duas delas como comandante, e venceu uma. Além disso, é também muito respeitado no mundo da America’s Cup – em que foi tático do sindicato italiano Luna Rossa.
"Tenho também de pensar no que eu não estou fazendo enquanto me dedico à campanha olímpica. Não é só a falta de patrocínio", explica Grael. Segundo o UOL Esporte apurou, ele tem convites para participar da regata de volta ao mundo e da America's Cup. “Tenho contatos, mas não posso revelar nenhum detalhe ainda”, desconversou o velejador.
Além disso, a situação atual da Federação Brasileira de Vela pesou. A entidade está sob intervenção desde 2007, sem previsão de normalização. Não pode assinar contratos de patrocínios e, com isso, a ajuda aos velejadores diminuiu. Nesse contexto, quem recebe mais recursos da entidade é a dupla Robert Scheidt e Bruno Prada, atuais vice-campeões olímpicos da classe Star.
A última participação de Grael e Ferreira nas Olimpíadas foi em Atenas-2004, em que conquistaram a medalha de ouro. Em 2008, a dupla começou a campanha olímpica, mas desistiu quando Torben Grael foi contratado para disputar a Volvo com o time sueco Ericsson – ele acabou conquistando o título da volta ao mundo.
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