Topo

Com projeto pioneiro no Dakar, Kolberg diz se sentir como um novato

Guga Fakri

Em São Paulo

16/12/2009 07h05

Um dos primeiros brasileiros a participar do Paris-Dakar, em 1988, o piloto Klever Kolberg revelou na última terça-feira um projeto pioneiro para a prova de 2010, que será disputada entre o dia 1º e o dia 17 de janeiro, na Argentina e no Chile. Ao lado do navegador Giovanni Godoi, Kolberg pilotará o primeiro veículo movido a etanol na história do Rally Dakar, disputado desde 1979.

Após 22 participações na mais desafiadora competição fora de estrada do mundo, o piloto já considerava a ideia de pendurar o capacete. No entanto, quando surgiu a oportunidade de realizar o projeto, criado por ele mesmo há mais de duas décadas, decidiu adiar a aposentadoria. Apesar de experiente, Kolberg admitiu que o desafio o fez lembrar de como se sentia no início da carreira.

“Outro dia pensei nisso. Nem queria falar, mas como você perguntou, vou contar. Pensei comigo: ‘Nossa, está parecendo meu primeiro rali’. Lógico, hoje tenho mais experiência, mas estou sentindo aquela ansiedade, aquela insegurança: ‘Será que tudo vai dar certo?’. Esse tipo de dúvida tem voltado, principalmente por causa de todas essas novas variáveis que nós criamos”, disse Klever Kolberg ao UOL Esporte.

Para o piloto, será preciso “pagar o preço do pioneirismo”. Como o etanol vendido na Argentina e no Chile não tem a qualidade do etanol nacional, a equipe gastará o dobro do que seria necessário caso utilizasse gasolina ou diesel, já que precisará de um esquema especial de logística para viabilizar o reabastecimento durante o rali.

Além de Kolberg e Godói, o time será composto por dez pessoas, entre engenheiros e mecânicos, e contará com dois carros de apoio e dois caminhões: um para ferramentas e peças de reposição e outro só para o etanol.

“Não há a menor chance de ganhar o rali. Nós buscamos a sustentabilidade, não a competitividade. O objetivo é provar que o etanol é viável, e aprender com a experiência. Até a organização vai aprender com nosso projeto. O mundo vai adorar e o planeta vai agradecer”, falou Kolberg em coletiva de imprensa na terça-feira, em um restaurante de São Paulo.

Com a criação da categoria Experimental no Dakar deste ano, voltada a veículos movidos por combustíveis alternativos ao petróleo, como etanol, hidrogênio e eletricidade, surgiu a oportunidade de Kolberg colocar seu projeto em prática. O piloto já garantiu participação no Rali dos Sertões 2010 e no Dakar 2011 com o carro movido a etanol.

“O combustível é 100% nacional, o carro é feito aqui, o sistema flex foi desenvolvido e fabricado no país, os pneus são produzidos aqui e toda a preparação do carro foi feita em nossa oficina”, disse o piloto, orgulhoso.

A 32ª edição do Dakar, que pela segunda vez consecutiva será realizado na América do Sul, terá largada no dia 1º de janeiro, em Buenos Aires (Argentina). A prova atravessará a Cordilheira dos Andes e o Deserto do Atacama, no Chile, até retornar, 9 mil quilômetros depois, à capital portenha, no dia 17.