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Alex Barros estreia em campeonato de carros, na GT3, mas não dá adeus às motos

Modelo que será usado pelos pilotos da Porsche GT3 Cup - Divulgação/Porsche GT3 Cup
Modelo que será usado pelos pilotos da Porsche GT3 Cup Imagem: Divulgação/Porsche GT3 Cup

Maurício Dehò

Em São Paulo

05/03/2010 07h00

'BRASIL PRECISA DE CATEGORIAS DE BASE'

  • Reuters

    Infelizmente, parece que a saída de Barros dos campeonatos mundiais de motociclismo, como a MotoGP e as SuperBikes, deixa uma lacuna no motociclismo de velocidade, sem a chegada de substitutos. Esta é a visão do próprio piloto, que lamenta a fase atual.

    “O motociclismo no Brasil praticamente não existe. Os campeonatos foram piorando. Enquanto não tivermos categorias de base, vamos continuar nos lamentando. O mercado em geral precisa se conscientizar. Fábricas, autopeças, lojas de acessórios...”, pede ele. Em nível mundial, no entanto, o piloto vê uma evolução impulsionada por Valentino Rossi e os seus rivais, como Jorge Lorenzo e Dani Pedrosa.

Alexandre Barros trocará neste fim de semana as motos pelos carros. Ele estreia em seu primeiro campeonato sobre quatro rodas, participando da temporada completa da Porsche GT3 Cup, depois de receber um convite para participar da categoria. Ele entra na pista nesta sexta-feira para os treinos, em Curitiba, mas não fala em adeus definitivo ao motociclismo.

A ida à GT3 - na principal categoria, a 997 - foi de certo modo uma surpresa para Alex Barros. Em uma conversa com Max Wilson, da Stock Car, ele foi apresentado a dirigente da categoria, que fez o convite. O que seria apenas uma prova, virou um projeto para o ano todo, com oito etapas (são duas baterias por fim de semana).

“Fui fazer o treino coletivo, andei no carro e começamos a discutir essa possibilidade de correr, fechando para as oito provas”, explicou Barros, ao UOL Esporte. “Gostei do ambiente, gostei do carro e vi uma boa possibilidade”. Além dele, o ex-piloto de F-1 Ricardo Rosset também estrei.

Esta é a primeira vez que Barros entra em um campeonato de carros, apesar de já ter disputado algumas provas, principalmente no kart. Mas, questionado sobre o futuro, ele salienta que as motos ainda fazem parte de sua carreira.

“Vou correr de carro também. Nunca disse que me aposentei da moto, apesar de não correr mais mundiais. Sempre prefiro deixar uma porta aberta”, disse o piloto, que segue divulgando a modalidade que marcou sua carreira com uma escola e projetos futuros.

CHANCE DE PÓDIO?

Inexperiente nas quatro rodas, Alex Barros não é modesto nas pretensões. Pelo que viu durante os treinos que realizou para a Porsche GT3, ele pode brigar pelo pódio.

“Pelo que fiz, dá para esperar uma coisa bacana sim. Os melhores estavam no treino e fiquei a seis décimos do primeiro colocado. Ainda liderei na chuva. Acho que dá para fazer bonito”, afirmou, esperançoso.

Segundo Barros, as maiores diferenças na mudança de motos para carros estão em entender as reações do carro. “Trabalha-se no carro com coisas na telemetria que não se cuida na moto. Tem o modo de equilibrar os freios, o impacto da força G, a redução de marchas antes da curva, que é diferente... Cada carro é de um jeito, mas quem vem da moto se adapta facilmente”, explicou.

Sobre a continuidade no automobilismo, o piloto de 39 anos prefere a cautela. Barros aguardará o decorrer da temporada para definir se segue nas quatro rodas, modalidade em que é possível correr com idade mais avançada que no motociclismo.