Topo

Após temporal e paralisação, Power vence e Meira vai ao pódio da Indy

Will Power bebe leite no pódio da prova ao lado de Ryan Hunter-Reay e Vitor Meira - Thiago Bernardes/UOL
Will Power bebe leite no pódio da prova ao lado de Ryan Hunter-Reay e Vitor Meira Imagem: Thiago Bernardes/UOL

Rafael Krieger e Thales Calipo

Em São Paulo

14/03/2010 15h42

MAIS TRANSTORNOS PARA A INDY EM SP

  • Thiago Bernardes/UOL

    No começo da prova, Mario Moraes passou por cima de Marco Andretti, que levou pneu na cabeça

  • Thiago Bernardes/UOL

    Depois, veio o temporal: Raphael Matos ganhou posições após a chuva e foi o quarto colocado

A previsão da meteorologia se concretizou neste domingo durante a etapa de abertura da Fórmula Indy em São Paulo. Um forte temporal atingiu o Circuito do Anhembi por volta da 30ª volta da prova, provocou alagamento e chegou a cortar a energia elétrica. Foi mais um transtorno para o evento, que já tinha feito uma reforma emergencial na pista pela madrugada. Após cerca de meia hora de paralisação, o australiano Will Power venceu a primeira prova de rua realizada no Brasil, com o brasileiro Vitor Meira no pódio em terceiro lugar.

Meira fez a festa da torcida no Anhembi com uma corrida de recuperação, já que ele largou na 16ª posição. O pódio foi conquistado com uma ultrapassagem no final da prova sobre o compatriota Raphael Matos, que ficou em quarto. Hélio Castroneves foi o nono colocado, e Tony Kanaan terminou em 10º, logo à frente de Bia Figueiredo, 13ª colocada e melhor mulher na prova. Mario Moraes e Mario Romancini não completaram a prova.

No pódio, os organizadores repetiram uma tradição que pertence às 500 Milhas de Indianápolis e, em vez de champanhe, deram leite para Will Power beber e fazer a festa. A medida atendeu também os interesses de uma empresa de laticínios que patrocina a prova.

O final aconteceu com a pista seca, mas em certo momento, os carros no circuito chegaram a lembrar as cenas do verão paulistano, marcado por alagamentos nas principais vias da cidade. Os pilotos andavam com água até quase a metade do pneu em alguns pontos. Após a bandeira vermelha, o público chegou a ter dúvidas sobre a continuidade da prova, mas ainda haveria outros 43 minutos de ação no circuito.

Antes da largada, a chuva já ameaçava o Anhembi, mas durou poucos minutos e não passou de uma leve garoa, tanto que as equipes nem trocaram pneus. Enquanto isso, na direção da zona oeste, surgem dois caças em meio ao céu escuro, e no lado oposto, tudo azul. O sol prevaleceu, e o público pôde guardar suas capas de chuva, que já estavam a postos.

A leve chuva só serviu mesmo para atrasar a largada. Quando Dario Franchitti recebeu a bandeirada no Sambódromo e puxou o pelotão da frente, Kanaan aproveitou e ganhou duas posições, pulando de sexto para quarto lugar. Os primeiros carros do grid aceleraram forte e fizeram voltar a poeira que marcou o warm up pela manhã, devido à reforma feita para dar aderência ao trecho do Sambódromo.

Com menos visibilidade, os carros que vieram atrás acabaram se enroscando. Hélio Castroneves tocou em Takuma Sato - o brasileiro voltou, o japonês abandonou. Simultaneamente, o brasileiro Mario Moraes literalmente passou por cima de Marco Andretti, que, mesmo depois de levar uma "pneuzada" na cabeça, passa bem. “A pista estava obviamente muito empoeirada”, reclamou Andretti após o acidente. “Não dava para enxergar os carros que estavam na frente”, completou.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

Corrida agitada, cheia de alternativas, mas com alguns problemas que poderiam ter sido evitados.
Principalmente, as poças d'água. O que não faltou em São Paulo, nos últimos meses, foi chuva. Tony Cotman, diz a organização, está há três meses na cidade. Por que não checou a drenagem, então? Não consigo imaginar.

Fábio Seixas, blogueiro do UOL

A primeira bandeira amarela da prova durou sete voltas e 22 minutos, tempo aproveitado pelas equipes para fazer ajustes nos boxes. Castroneves caiu para vigésimo, enquanto Raphael Matos ganhou sete posições e já aparecia em quinto. Vitor Meira também se deu bem e saltou de 16º para sétimo lugar.

A segunda bandeira amarela foi causada, para variar, pela venezuelana Milka Duno. Ela tem 100% de aproveitamento em todas as atividades de que participou no Anhembi – ou seja, sempre que esteve na pista, ela causou bandeira amarela. Bom para os pilotos, que puderam fazer mais ajustes. Principalmente para Kanaan, que ganhou a terceira posição de Alex Tagliani no pit stop.

Mas o baiano foi tocado na 28ª volta e teve que ser empurrado. Ao mesmo tempo, uma nuvem negra se aproximava do circuito, acompanhada por uma forte ventania e raios. A energia caiu no Anhembi, e a bandeira amarela voltou. A pista estava alagada, e os carros voltaram aos boxes para esperar o escoamento da água.

Após a relargada, Hélio Castroneves se recuperou do acidente sofrido na primeira volta e já aparecia em sexto. Mas o destaque era Raphael Matos, que assumiu a segunda posição e agradou o chefe Gil de Ferran, ex-piloto sócio da equipe Luczo Dragon. Estreante do ano em 2009, Matos foi beneficiado pela batida de Ryan Briscoe, mas acabou ultrapassado por Meira no final da prova. O vencedor Will Power também assumiu a ponta faltando poucos minutos para a chegada, deixando para trás o segundo colocado Ryan Hunter-Reay.

Power colocou a equipe Penske na liderança do campeonato, pressionando o seu companheiro Hélio Castroneves. Hunter-Reay, da Andretti, também saiu na frente do companheiro Tony Kanaan na disputa interna da Andretti. Já Vitor Meira, como único piloto da A.J. Foyt, fez a festa da equipe, assim como Raphael Matos na escuderia comandada por Gil de Ferran.