Dakar na América do Sul não ajuda Sertões, dizem pilotos brasileiros
Segunda maior competição off-road do mundo, o Rali dos Sertões começa na próxima terça-feira e, mais uma vez, tem o Dakar como pano de fundo. O evento que migrou da África para a América do Sul em 2009 é o objetivo final de muitos participantes. Mas isso não faz da prova brasileira um mero treino, nem tampouco fortalece a disputa.
4.593 KM ENTRE GOIÁS E CEARÁ
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Entre 10 e 21 de agosto, 253 competidores farão o trajeto de Goiânia a Fortaleza. Doze países estão representados nesta 18ª edição. A principal atração estrangeira é o motociclista espanhol Marc Coma, tricampeão mundial e bi do Rali Dakar.
Pelo menos essa é a opinião de dois pilotos que já participaram de ambas as provas: o carioca Guilherme Spinelli e o veterano gaúcho Klever Kolberg. Para eles, o fato de as duas competições serem disputadas na América do Sul não determina que uma sirva de preparação para outra.
Kolberg explica que, de certa forma, o rali disputado no Chile e na Argentina “rouba” o interesse de estrangeiros que prestigiariam o Sertões. Ou seja, quem vem para a América do Sul no começo do ano para correr o Dakar perde o interesse de voltar ao continente, por achar que vai ser “a mesma coisa”.
“Tem a questão financeira, então é preciso fazer uma escolha. No rali, quanto mais difícil, maior o interesse dos competidores. Como no Dakar a dificuldade é muito maior, a maioria vem para a América do Sul só uma vez e não volta para o Sertões”, explicou o piloto de 48 anos, que disputará a categoria carros com um modelo ecológico movido a etanol, assim como fez no Dakar.
Mesmo assim, o Rali dos Sertões vem sofrendo uma invasão estrangeira: nos últimos quatro anos, pelo menos uma das categorias teve vencedores de outro país. Mas eles não vieram só para treinar visando o Dakar. Além da competição de motos ser válida pelo campeonato mundial, há muitas diferenças entre os percursos.
“O grande diferencial do Dakar é justamente aquela região de deserto que não tem no Sertões, então a necessidade de continuar treinando em dunas, seja em Fortaleza ou no Rio de Janeiro, continua sendo bastante importante”, explicou o piloto de carros Guilherme Spinelli, que volta ao Sertões após dois anos se dedicando somente ao Dakar.
Envolvido com o Dakar desde 1988, Kolberg concorda com a falta de intercâmbio entre as duas competições, e ressalta que o Sertões só se tornou uma competição reconhecida internacionalmente por conta própria. “Tenho quase certeza que os organizadores do Dakar não dariam a menor canja. Infelizmente, existe uma competitividade lá fora entre os organizadores de eventos”.
Mesmo assim, Kolberg vê o Rali dos Sertões com um potencial até maior: “No Dakar, você tem que se preocupar mais em preservar o equipamento do que em correr. O Sertões é a dose certa, e o Dakar é a overdose. Enquanto no Sertões tenho motivação pela diversão, no Dakar eu sou movido pelo desafio”, avaliou.
Com o carro ecológico que usou no Dakar em uma versão evoluída, Kolberg espera não só se divertir, mas lançar tendência no Sertões: "Sei que competirei com adversarios que terão equipamentos melhores, mas para mim é importante um carro economicamenmte viável, com um custo interessante, para estimular outras pessoas".
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