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Médico revela que piloto brasileiro morto em prova não tinha autorização para competir

Swian Zanoni tinha 23 anos e era uma das promessas do motocross brasileiro - Bruno Spada/VIPCOMM
Swian Zanoni tinha 23 anos e era uma das promessas do motocross brasileiro Imagem: Bruno Spada/VIPCOMM

Paula Almeida

Em São Paulo

19/09/2011 17h35

O piloto brasileiro Swian Zanoni, morto no último domingo durante uma prova em Minas Gerais, não tinha autorização para competir, uma vez que estava em estágio final de recuperação de uma fratura no antebraço direito sofrida no mês de julho durante a etapa da Letônia do Campeonato Mundial de motocross.

Segundo o médico que vinha acompanhando a evolução do jovem de 23 anos, ele só tinha permissão para fazer treinamentos leves com moto, e sua liberação definitiva ainda dependia de uma nova avaliação que seria feita justamente nesta semana. O atleta nasceu em Divino (MG) e se consultava em Indaiatuba (SP), mas sua base de treinos era em Nova Friburgo (RJ).

“O Swian estava liberado para treinos leves com motocicleta. Ele fez um treinamento aqui em Indaiatuba [em agosto] onde eu o acompanhei na pista, treinou praticamente sem saltos, sem buracos na pista, e essa era a única autorização que ele tinha para fazer com a moto, sem competição”, explicou Rodolpho Annichino, especialista em ortopedia e traumatologia, em entrevista ao UOL Esporte.

O médico e amigo revelou que a consulta agendada para esta semana definiria se ele poderia participar de uma competição oficial já nos próximos dias ou apenas no início de outubro.

“Ele seria reavaliado na terça ou quarta para tomarmos a decisão se poderia correr o Brasileiro na semana que vem [5ª etapa do Campeonato, em Aracaju, no dia 21 de setembro]. Mas a programação inicial era competir só no Arena Cross, no dia 8 de outubro [4ª etapa, em São Paulo]. Se ele tivesse uma recuperação muito boa, a gente iria avaliá-lo durante a semana para saber se teria condição de correr em Sergipe”, completou Annichino.

O especialista reiterou ainda que não foi informado por Swian sobre a participação na prova na cidade de Orizânia, durante um festival no último final de semana. Annichino afirmou que, se soubesse da competição, não autorizaria o piloto a disputá-la.

ACIDENTE TRÁGICO DURANTE FESTIVAL ENCERRA CARREIRA DE PROMESSA

  • Luiz Pires/VIPCOMM

    Swian Zanoni morreu na tarde de domingo durante uma prova em Orizânia, interior de Minas Gerais. A competição fazia parte do 5º Festival da Primavera da cidade e o piloto de 23 anos foi anunciado como um dos destaques da programação do evento.

    O acidente trágico aconteceu quando, após uma aterrisagem, Swian perdeu o controle da moto, saiu da pista e se chocou contra uma árvore situada à direita do trajeto.

    O piloto foi encaminhado para um hospital de Divino, sua cidade-natal, mas chegou já sem vida. De acordo com o laudo médico do Pronto Socorro Divinense, Swian sofreu uma fratura de base de crânio e parada cardíaca.

    Por conta do excesso de acessos, o site oficial do piloto saiu do ar. Antes, uma breve nota de solidariedade aos amigos e familiares foi postada. Nas redes sociais, há uma comoção em torno da morte de Swian, que era considerado uma das grandes promessas do motocross brasileiro.

  • A Confederação Brasileira de Motociclismo decretou luto oficial de três dias.

“Conversei com ele na sexta passa, por telefone, onde ele passou pra mim que estava bem, sem dores, treinando bem, mas não me relatou nada sobre a corrida do fim de semana. Foi uma surpresa pra mim saber que que ele tinha se acidentado numa competição”, comentou o médico. “[Se soubesse] eu com certeza não autorizaria”.

Médico e amigo

Antes de tratar da lesão no antebraço direito, Rodolpho Annichino já havia cuidado de Swian Zanoni em maio, quando o piloto teve uma pequena fratura no osso do segundo metacarpo da mão direita. Por conta da proximidade criada com o paciente, o médico não escondeu a tristeza pela morte de Swian e não soube explicar por que o jovem aventurou-se em uma competição sem autorização.

“Ele era muito determinado, um atleta formidável, só quem conheceu para saber. Virou um amigo, pela pessoa que ele era, pela família que tinha. Na semana que esteve aqui em Indaiatuba, ele se dedicava muito, sempre motivado, sempre querendo andar o mais depressa possível”, disse o médico.

“Não sei se ele considerou essa competição como um treino, não posso dizer o que passou pela cabeça dele. Se eu soubesse que ele participaria, não seria minha recomendação, mesmo sabendo que ele estava bem e treinando", completou.

Passos que faltavam na recuperação

Rodolpho Annichino explicou que, apesar de a lesão estar curada, Swian Zanoni ainda precisava recuperar sua força muscular para participar de uma prova. “Ele já estava radiograficamente com a lesão cicatrizada, porém, pelo tempo que ficou imobilizado, isso gera uma atrofia, uma rigidez na articulação do punho, e ele fazia um tratamento para reaver a força muscular. Esse período de reabilitação era para ter força, soltar a musculatura para ter segurança ao pilotar”, declarou.

A Honda, equipe pela qual Swian disputou algumas etapas do Campeonato Mundial de motocross em 2011 e que o vinha acompanhando durante a recuperação no Brasil, divulgou nota oficial reiterando que o piloto tinha “liberação médica para realizar apenas treinos leves com a moto” e que faria novos exames nesta semana para saber se poderia voltar a competir. No comunicado, a equipe ressaltou que a prova na qual Swian se acidentou “não faz parte do calendário oficial Honda”.