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Bia relembra início com kart rosa irritando meninos e diz ver preconceito com mulher piloto

Destaque da Indy em SP, Bia Figueiredo começou com kart rosa aos 6 anos de idade - Adriano Vizoni/Folhapress e Luca Bassani/site oficial Bia Figueiredo
Destaque da Indy em SP, Bia Figueiredo começou com kart rosa aos 6 anos de idade Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress e Luca Bassani/site oficial Bia Figueiredo

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

26/04/2012 06h00

Na maratona de compromissos que tradicionalmente precede um Grande Prêmio de automobilismo, a brasileira Bia Figueiredo reservou um espaço na agenda da São Paulo Indy 300 para visitar na última quarta-feira uma instituição dedicada a jovens deficientes. No encontro informal com crianças e adolescentes, a representante da equipe Andretti Autosport contou detalhes de seu início de carreira e tratou do tabu que ainda diz existir sobre a pista em relação a pilotos mulheres, no mundo e no Brasil.

APENAS EM SP E INDIANÁPOLIS

  • Depois de cumprir o calendário completo da Indy em 2011, Bia Figueiredo não conseguiu vaga para a temporada deste ano, mas obteve a chance de correr pela Andretti em duas etapas especiais: neste fim de semana, em casa, em São Paulo, e na mítica 500 milhas de Indianápolis, em maio.

    "É um sonho estar em uma equipe grande da Indy. Pretendo dar tudo nessas duas etapas para poder dar continuidade a minha carreira", afirmou a piloto.

    Com a carreira agenciada pelo ex-piloto da Indy André Ribeiro, Bia está em seu terceiro ano na categoria e tem como grande feito no currículo duas vitórias na Indy Lights, campeonato de acesso (temporadas 2008 e 2009).

Pelo segundo ano consecutivo a paulista Bia Figueiredo visitou uma das sedes locais da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) antes da prova em São Paulo. Quatro dias antes da corrida da Indy no Anhembi, a piloto divertiu seus ouvintes com histórias de seu início no automobilismo, quando começou a experimentar a dificuldade de ser um elemento diferente no meio da competição. A representante da Andretti arrancou sorrisos com a história do kart rosa.

"Na primeira corrida, eu estava com um kart rosa. Os meninos não queriam perder para uma menina de jeito nenhum, principalmente perder de um kart rosa. Eles não aceitavam, era a pior coisa do mundo, faziam de tudo para passar", afirmou Bia em seu discurso às crianças da AACD. "Depois acabei vendo que o kart rosa irritava demais os meninos e acabei largando ele", completou.

A piloto da Andretti se estendeu sobre o tema ao comentar a condição da mulher dentro do automobilismo internacional. Integrante de uma categoria mais amigável à presença feminina [três mulheres estarão no grid em São Paulo], Bia destaca a mente aberta da velocidade nos Estados Unidos e lamenta o tratamento em outras regiões.

"Na Inglaterra e na Europa eles acham ridículo uma mulher correndo. Nos Estados Unidos é a coisa mais legal do mundo. No Brasil, infelizmente, é mais parecido com a Europa. Existe um preconceito", afirma.

Bia Figueiredo ainda foi questionada a respeito de sua vida pessoal, saciando a curiosidade das crianças da AACD sobre a existência ou não de um relacionamento em sua vida. "Meu namorado atualmente é um carrão da Indy", brincou a piloto, destacada para a ocasião na condição de embaixadora da Racing for Kids, instituição beneficente norte-americana apoiada pela Fórmula Indy.

Ainda sobre o tema, a brasileira de 27 anos afirmou que sua cabeça está focada atualmente no projeto de consolidação da carreira. "Como mulher, sei que preciso conquistar o respeito dentro e fora das pistas", diz, sobre a presença no ambiente da Indy.