Piloto brasileiro mostra tristeza com morte de português, mas afirma: "Estão habituados"
A morte do piloto português Luis Carreira em um acidente durante a sessão de treinos para o GP de Macau abalou o mundo da motovelocidade. O brasileiro Rafael Paschoalin, que disputa a prova, admitiu a tristeza e a sensação de medo provocados pela tragédia. No entanto, ressalta que os riscos são conhecidos pelos pilotos e que os acidentes fatais se tornaram 'habituais'.
PASCHOALIN É O PRINCIPAL BRASILEIRO
Rafael Paschoalin é o principal nome brasileiro da motovelocidade em circuito de rua. O piloto de 29 anos se tornou o primeiro representante do país a participar de uma das provas mais importantes da modalidade em North West 200, na Irlanda.
Em seguida, conseguiu o aval para figurar entre os 32 pilotos do GP de Macau, permitido apenas para convidados e que contava com mais de 60 inscrições. Antes dele, apenas um brasileiro atingiu o feito na década de 90.
“Foi muito satisfatório ser convidado para essa corrida. Sonhava com isso. As pessoas não entendem muito bem o gosto pela corrida, falam que é tão arriscado. Mas é uma sensação de superar os próprios limites e desafios”, disse.
Em 2013, Rafael quer realizar o sonho de participar do Tourist Trophy (TT). A prova na Ilha de Man, no Reino Unido, é a mais difícil do circuito com 256 curvas. As motos podem ultrapassar 300 km/hora.
Rafael lamenta a falta de investimentos no esporte que só ganha visibilidade quando acontece alguma tragédia. “Nosso país só valoriza o futebol. Não temos recursos financeiros, nem facilidade para treinar e equipamentos, como os europeus. Faço o meu melhor com a nossa realidade”, disse.
“Todo mundo fica chateado, mas infelizmente estão habituados com isso. Na prova da Irlanda também morreu um piloto. Todo mundo está triste, mas sabe os riscos e as consequências. Tira um pouco o brilho da prova, mas a vida tem que continuar”, disse ao UOL Esporte.
Rafael conseguiu pela primeira vez uma vaga na prova que só permite a participação de convidados e comemora o ponto alto na carreira ao ser o único brasileiro na modalidade. Mas ele reforça que a prioridade é se manter ileso.
“Vou dar 110% da minha capacidade, mas a prioridade é não me machucar. Tenho uma carreira inteira, não posso colocar tudo a perder na primeira oportunidade. Se não der, vou voltar para o Brasil e olhar para a frente. Não dá para voltar em um caixão.”
O piloto diz que ficou assustado com o ‘traçado traiçoeiro’ e que é preciso ter muito conhecimento do circuito para acelerar forte. O maior problema é que a pista é toda cercada por muros e guard rails (proteção nas margens das pistas de automobilismo), o que dificulta a visão dos pilotos.
“É como uma pista de autorama. Você olha a curva e não consegue ver a saída, só vê o início. Você tem que avançar, mas devagar. Não pode cometer erros. É preciso conhecer muito bem para andar em um ritmo forte. Os pilotos mais experientes andam aqui há 15 anos. Não adianta exagerar. São anos para aprender todos os macetes”, diz,
O português Luis Carreira se envolveu em um acidente durante os treinos livres na quinta-feira. Ele sofreu uma queda sozinho na “curva dos pescadores”, considerada o trecho mais veloz do circuito. Sua moto pegou fogo e ele não resistiu aos ferimentos.
Era a sétima participação de Carreira na prova chinesa. O piloto tinha 35 anos e, na tradicional prova em Macau, teve como melhor participação um quarto lugar desde sua estreia, em 2004.
Paschoalin e Carreira fizeram amizade e ficaram mais próximos pela facilidade de comunicação com o idioma. O brasileiro conta que ele era tímido, mas descontraído e estava sempre disposto a ajudar. Dava várias dicas ao colega iniciante e, inclusive, falou bastante sobre os perigos da prova de Macau.
“Como estou fazendo a prova pela primeira vez eu não dava sossego a ele. Ficava perguntando qual a dificuldade, onde era preciso frear e acelerar. Tudo para atrair o máximo de informação”.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.