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Bela das pistas busca verba para correr na Europa e oferece aula particular

Aos 18 anos, Sabrina Paiuta é destaque na motovelocidade nacional e sonha em correr na MotoGP - Divulgação
Aos 18 anos, Sabrina Paiuta é destaque na motovelocidade nacional e sonha em correr na MotoGP Imagem: Divulgação

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

29/07/2013 06h00

Para uma mulher se dar bem em um universo dominado por homens não é fácil. Que o diga a jovem Sabrina Paiuta, de apenas 18 anos, precoce destaque da motovelocidade brasileira. Apesar de já brilhar nas pistas, a piloto paulista teve de ir à internet em busca de recursos para poder representar o país na Europa. Para isso, oferece até aula particular para eventuais colaboradores.

Sabrina inscreveu o projeto "A Bela é Fera" em um site de crowdfunding, uma plataforma online de financiamento coletivo [clique aqui para acessar]. A piloto precisa levantar R$ 50 mil até dia 23 de agosto para poder disputar as etapas da Alemanha e França do European Junior Cup. 

"Nas primeiras três etapas consegui que um patrocinador cobrisse as despesas. Para outras etapas não consegui que ajudassem. Faltei em Ímola, não tinha verbas. Não posso mais perder outra etapa, senão perco a vaga", diz a brasileira, uma das duas mulheres da categoria, ao lado de uma colega francesa.

"É um pouco diferente, como sou uma das únicas meninas que disputam o campeonato. Impressiona as pessoas. Mas sou bem feminina, não perco isso. A gente quis colocar 'bela é fera' porque continuo menina, mas pretendo lutar como os homens mesmo", acrescenta.

No site de financiamento coletivo, Sabrina oferece diferentes recompensas para os níveis de contribuição. Os apoiadores mais generosos (R$ 4,5 mil ou mais) podem até ganhar um espaço publicitário na moto da piloto. Mas a jovem também oferece 15 capacetes, palestras e aulas particulares de motocross (acima de R$ 380).

Atualmente Sabrina é a segunda colocada do Campeonato Brasileiro de Motovelocidade, na classe 250, somente um ponto atrás de Igor Calura. Ela é a única mulher entre os 35 competidores da categoria. Paralelamente, a piloto também disputa no país a Copa Ninja 300 do Superbike Series.

A paixão pela velocidade veio do pai, Eduardo, que treinava pilotos de motocross. "Meu pai sempre esteve comigo. Ele treinava uma menina, um dia ela me emprestou a moto e adorei. Chorei muito para ele comprar uma para mim, acabou me dando de presente de aniversario. Aí segui a carreira. Ele sempre foi uma influência muito positiva", conta.

Desde 2012 Sabrina trocou o mundo off-road pelas pistas e, com os resultados imediatos, hoje sonha em um dia alcançar a elite da motovelocidade. "Sonho em disputar o Mundial de MotoGP, categoria que tem o Valentino Rossi, o (Jorge) Lorenzo, é um outro planeta. Acho que tenho um bom caminho chegar até lá", diz a novata.

Antes disso, no entanto, a jovem ainda tem que lidar precocemente com uma dura realidade da vida que escolheu: os acidentes. Sabrina conhecia Vanessa Daya, campeã brasiliense que morreu em um acidente no circuito Nelson Piquet há algumas semanas.

"Foi um choque para mim, perder mais uma pessoa dentro do motociclismo. Mas acho que chegou a hora dela, não tem o que fazer. Poderia ter acontecido dentro da pista, fora da pista, no trânsito, em qualquer lugar", comenta. .

SEM TEMPO PARA NAMORAR: FOCO NA PISTA

Ao contrário de muitas meninas da sua idade, Sabrina por ora não pensa em relacionamentos. A jovem promissora das pistas reconhece a dificuldade de conciliar a vida pessoal com a rotina no mundo da velocidade. Por isso, adia este objetivo para depois da carreira.  

"Desde sempre a vida sempre foi muito corrida, sempre estou viajando muito, para o exterior, dentro do Brasil. Todo final de semana sempre tenho corrida, ou eu treino. É complicado alguém entender isso. E fora isso é um mundo de maioria de homens. O ciúme também bate. É difícil ter um relacionamento. Acho que esse é o ponto negativo. Mas para mim não faz diferença. Quando acabar carreira eu vou pensar em ter um relacionamento", diz.