Corrida organizada por Fittipaldi deve R$ 1 milhão a fornecedores

Tiago Dantas
David Ebener/EFE

Apesar de receber R$ 8 milhões da prefeitura, a organização das 6 Horas de São Paulo não conseguiu quitar, até hoje, débitos com ao menos seis fornecedores contratados para trabalhar durante o evento no ano passado, realizado em 15 de setembro. Cinco deles estão cobrando, na Justiça, dívidas de quase R$ 1 milhão dos responsáveis pela corrida, trazida ao Brasil por Emerson Fittipaldi.

Este ano, em meio às acusações de calote, Fittipaldi trocou as empresas responsáveis pela organização da prova e assinou mais um convênio de R$ 8 milhões com a Prefeitura de São Paulo. A segunda edição das 6 Horas, que faz parte do calendário oficial do Mundial de Marcas, o WEC (Campeonato Mundial de Endurance, em inglês), está sendo disputada neste fim de semana no Autódromo de Interlagos, zona sul da capital.

Ao procurar o escritório do ex-piloto, o UOL Esporte foi orientado a falar com a organização da corrida, que admite que nem todos os compromissos foram pagos. Por meio de nota, informou que “os eventuais casos que estão em aberto devem-se a questões de negociação entre parceiros comerciais.” Segundo a assessoria de imprensa de Fittipaldi, “diversos pagamentos relacionados ao evento de 2012 já foram efetuados e quitados.” Indiretamente, a nota enviada pela assessoria de imprensa da prova culpa a falta de patrocinadores em 2012. “O evento de 2013, ao contrário do que ocorreu no ano passado, tem grandes empresas como patrocinadores e apoiadores.”

Assinatura de contratos 

Em 10 de agosto de 2012, a prefeitura autorizou o repasse de R$ 8 milhões à Novo Horizonte Participações e Eventos, empresa ligada a Fittipaldi, conforme informa publicação no Diário Oficial da Cidade daquele dia. Os fornecedores, então, foram contratados pela Momentum Sports, empresa do conglomerado internacional McCann Worldgroup. Essas empresas alegam que receberam um sinal, prestaram o serviço combinado, mas não levaram a quantia que devia ser paga ao final da corrida.

Emerson Fittipaldi

Uma das empresas que acusam Fittipaldi de calote é a La Qualitá, escolhida para oferecer alimentação aos funcionários responsáveis pela produção do evento. Com cerca de R$ 60 mil a receber, o empresário do ramo de eventos Bruno Bacci, de 35 anos, disse que se viu obrigado a fechar a empresa. “Éramos uma empresa jovem, pequena. Não tinha caixa suficiente. Com esse calote, parei de trabalhar. Minha empresa quebrou”, argumenta.

Segundo Bacci, o último contato feito pela organização das 6 Horas de São Paulo aconteceu em fevereiro. “Me chamaram para uma reunião para falar que não tinham previsão de pagar o que me deviam”, disse o empresário, que ainda não procurou a Justiça. Nos processos em que foi citada, a Momentum argumentou que o pagamento dos serviços era responsabilidade da Novo Horizonte – que é, inclusive, quem assinou o acordo com a prefeitura. Por meio de uma nota, a Momentum informou, nesta segunda-feira, que foi contratada pela Novo Horizonte "com a responsabilidade de produzir o evento, incluindo a supervisão do trabalho dos fornecedores". Os pagamentos aos fornecedores eram responsabilidade da Novo Horizonte, "conforme contratos firmados na ocasião com tais fornecedores", diz a nota enviada pela empresa.

A dívida com outras empresas é maior. Uma firma de segurança e vigilância cobra R$ 582 mil na Justiça. Também entraram com ação uma empresa de alimentação, uma fornecedora de produtos eletrônicos e duas companhias que trabalham com telecomunicações. As ações ainda estão sendo analisadas pela Justiça. Por enquanto, nenhuma sentença foi dada.

Em 2013, a Novo Horizonte saiu de cena, dando lugar à EF Marketing, empresa de Fittipaldi sediada em Miami. O convênio com a prefeitura foi firmado em 29 de junho. O texto apresenta como responsável pela etapa da WEC a Playcorp, organizadora de eventos como o Réveillon da Paulista e o Skol Sensation. Pelo convênio, cabe à organização investir outros R$ 12,7 milhões. A SPTuris (São Paulo Turismo), que viabilizou o convênio, disse que não se pronunciaria. As empresas responsáveis pela segunda edição das 6 Horas de São Paulo informaram que “todos os compromissos relacionados ao evento de 2013 foram pagos. E aqueles que estão por vencer também serão quitados.”

* Atualizado às 17h14 de segunda-feira, 2