Topo

Tony Kanaan volta a equipe grande e deixa de ser pagante na Fórmula Indy

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

12/11/2013 16h35

Tony Kanaan estava exultante. Em evento realizado em São Paulo, o piloto falou nesta terça-feira sobre a próxima temporada da Fórmula Indy, quando trocará a KV Racing pela equipe Chip Ganassi. Em vários momentos, usou metáforas e até o número de mecânicos para mostrar a diferença de tamanho entre os dois times. Isso terá influência direta até no cotidiano do brasileiro. Com uma escuderia maior, ele deixará de ser “pagante” e não precisará conciliar o trabalho nas pistas com a rotina de empresário.

“Nos últimos três anos, eu acordava e ia para reuniões com patrocinadores. Não ia treinar. Passava 80% do meu tempo tentando vender o projeto, e guiar o carro era o que eu menos fazia”, relatou Kanaan.

Após 2010, quando deixou a equipe Andretti Autosport, o brasileiro passou três anos na KV Racing. O time tinha apenas parte do orçamento necessário para a temporada da Indy, e o piloto precisava encontrar patrocinadores que completassem o montante necessário para a categoria.

“O legal é que esse trabalho me mostrou um pouco do quanto vale o trabalho. Eu sentei com empresas e coloquei a minha credibilidade em jogo ali. Aprendi a ser um homem de negócios”, disse o piloto.

A temporada 2014 findará esse trabalho. Kanaan voltará a ser apenas piloto e não precisou entrar com dinheiro para fechar com a equipe Chip Ganassi. No entanto, o piloto intermediou conversas para a escuderia fechar um contrato de patrocínio com o Grupo Petrópolis, dono do energético TNT, que já era parceiro pessoal do brasileiro.

O contrato entre Grupo Petrópolis e Chip Ganassi foi oficializado nesta terça-feira. A empresa terá uma corrida da próxima temporada como principal patrocinadora da equipe. Nessa prova, o carro será vermelho e dará maior destaque para a marca TNT.

“Eu estou saindo de uma equipe que tem 35 pessoas para uma que tem 250. Eu saí do boteco do seu João para um restaurante. É difícil até comparar”, ponderou o brasileiro.

Um aspecto que exemplifica a mudança de realidade de Kanaan é que a nova equipe não precisou contratar mecânicos para o brasileiro. Ele levou apenas o engenheiro que o acompanha desde 1996.

Kanaan já havia negociado com a Chip Ganassi em outros três momentos da carreira. Ele chegou a estar perto de assinar quando estava na equipe Tasman e foi indicado pelo piloto Alessandro Zanardi, que estava indo para a Fórmula 1.

“O Chip Ganassi foi acompanhar um teste do Zanardi na Williams, e o Frank Williams ofereceu para ele o [colombiano Juan Pablo] Montoya de graça. Aí eu perdi o emprego”, disse Kanaan entre risos.

O brasileiro voltou a negociar com a Chip Ganassi em 2002 e 2006, mas não conseguiu acordos com a equipe. “O Chip disse que esta seria a última tentativa. Eu só perguntei duas coisas: ‘onde está a caneta?’ e ‘onde eu assino?’”, contou.

Em uma equipe grande, com status diferente do que desfrutava na KV Racing, Kanaan também terá uma série de novas atribuições. Isso inclui submeter decisões profissionais à aprovação do time, por exemplo.

Kanaan precisou negociar com a Chip Ganassi para disputar em dezembro deste ano as 500 Milhas de kart no Brasil. A atual temporada será a 13ª consecutiva em que o piloto figurará no grid da prova. Em contrapartida, o brasileiro não poderá disputar em 2013 a Corrida do Milhão da Stock Car.