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Rally Dakar começa na Argentina sob a sombra de mortes e paixão da torcida

Carro cruza o salar do Uyuni, na Bolívia, durante o rally Dakar de 2014 - Jean-Paul Pelissier/Reuters
Carro cruza o salar do Uyuni, na Bolívia, durante o rally Dakar de 2014 Imagem: Jean-Paul Pelissier/Reuters

Do UOL, em São Paulo

04/01/2015 06h00

Foi dada a largada no sábado para a 37ª edição do Rally Dakar, competição que ganhou ao longo da história o apelido de “a corrida mais fatal do mundo”.

Os números são incertos, até porque muitas fatalidades chegaram a nunca ser reportadas, mas estima-se que, desde 1979, o Rally Dakar já causou a morte de mais de 70 pessoas, entre elas 24 competidores. Os demais são espectadores ou simples transeuntes, que estavam no lugar errado na hora errada, e foram atropelados pelos veículos.

Desde 2009, ao menos uma pessoa perde a vida durante a corrida; na edição do ano passado, dois argentinos não sobreviveram.

Em 2015, carros, motos, caminhões e quadriciclos, um total de 406 veículos com 654 pessoas a bordo, partiram de Buenos Aires, passarão pelo deserto do Atacama no Chile e pelo Salar de Uyuni, na Bolívia, antes de voltar à capital argentina, no dia 17 de janeiro, para a bandeirada final.

Obviamente, nem todos chegarão até o fim. “Se todos cruzassem a linha final, não seria o Rally Dakar”, disse no ano passado David Castera, um dos organizadores da competição. A edição de 2014 foi considerada uma das mais duras da história. Metade dos competidores desistiu antes do fim.

Apesar das dificuldades no percurso (ou talvez por causa delas), a competição é uma verdadeira febre na Argentina. Cerca de 800 mil pessoas, de acordo com as agências de notícias, estiveram na Praça de Maio, em Buenos Aires, para saudar os competidores.

“Esse é o país de [Juan Manuel] Fangio”, disse Castera sobre o lendário piloto de Fórmula 1 argentino. “Em cada cidade, em cada povoado, há uma verdadeira paixão pelos esportes de motor.”

“Viemos de Chasomús só para ver a largada”, disse o torcedor Juan Manuel Marina, de 40 anos, que estava acompanhado da mulher e do filho de cinco anos. A cidade de Chasomús está distante 150 km da capital portenha. “É uma coisa especial para quem ama automobilismo e os desafios de um rally.”

Na Bolívia, o presidente Evo Morales chegou a decretar um feriado para que os habitantes possam acompanhar melhor a corrida. O argumento é que o evento gera muitas divisas para a economia do país.

Entre os competidores deste ano, cinco são brasileiros: Jean Azevedo nas motos, André Suguita nos quadriciclos, a dupla Guilherme Spinelli e Youssef Haddad, e Du Sachs, como navegador, nos carros.