Ele é príncipe, medalhista olímpico, bom moço e campeão do Dakar. Tudo isso
Em contos de fadas, príncipes são heróis: corajosos, determinados, cavalheiros, gentis. Essa mesma descrição serve para um príncipe na vida real: Nasser Al-Attiyah, atual líder da categoria carros do Rally Dakar, que começou no último fim de semana. O piloto, que já venceu a prova off-road mais perigosa do mundo em 2011 e é realmente príncipe no Qatar, se tornou conhecido por ajudar outros competidores e ainda é talentoso em outros esportes – tanto que é um medalhista olímpico.
Al-Attiyah não faz parte da linha de sucessão do Qatar, mas possui o título de príncipe por sua família ter parentesco com o governo absolutista do país. Além de disputar corridas off-road, pratica natação, ciclismo, hipismo, enduro equestre e – sua especialidade – tiro esportivo. Foi por essa modalidade que o qatariano já disputou cinco Olimpíadas, e realizou o sonho de ganhar uma medalha na última edição. Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, subiu ao pódio para receber o bronze.
Para muitos, tiro esportivo e rali parecem modalidades totalmente sem relação. Porém, Al-Attiyah explica que a primeira ajuda muito na segunda: um bom atirador precisa ter uma frequência cardíaca mais baixa do que o normal, para ter mais estabilidade com a arma. E esse ritmo cardíaco mais baixo, segundo o qatariano, é determinante para ter um controle mental maior durante os ralis.
Diferentes ou não, suas habilidades têm funcionado e muito bem nesta 37ª edição do Rally Dakar. Al-Attiyah está liderando a categoria dos carros, após vencer duas etapas – na quarta-feira (7) e na segunda-feira (5). O qatariano também terminou à frente na primeira etapa, no domingo (4), mas recebeu uma punição de dois minutos que lhe tirou o triunfo.
Bom moço
Além de despertar curiosidade por seu currículo diferente, Al-Attiyah chama atenção também por sua gentileza. O príncipe do Qatar se tornou conhecido entre os pilotos e fãs brasileiros de rali após disputar o Rally dos Sertões de 2009. Durante a prova, o carro da piloto Helena Deyama pegou fogo e teve perda total. Para ajudá-la, o piloto Reinaldo Varela decidiu organizar uma rifa, que arrecadou mais de R$ 3 mil.
Ao saber do ocorrido, Al-Attiyah decidiu doar mais US$ 20 mil para Deyama, que no ano seguinte conseguiu disputar novamente a prova, e fez questão de agradecer todos que a ajudaram. Colou um adesivo no carro em agradecimento ao qatariano, e também a toda comunidade do rali que se uniu para apoiá-la.
Em 2014, Al-Attiyah fez mais uma doação importante. Através de seu navegador na época, Lucas Cruz, ficou sabendo da história de dois irmãos, Gilbert e Oriol Escalé, que pretendiam participar pela primeira do Dakar de moto, mas perderam parte do patrocínio semanas antes da largada. Só haveria dinheiro para um dos irmãos participar, e eles teriam de decidir quem seria o sortudo.
Ao saber do caso, Al-Attiyah telefonou para os irmãos, perguntando quanto dinheiro faltava, e se ofereceu para completar a quantia necessária. Em troca, pediu apenas que um deles levasse na moto a publicidade da empresa de telefonia do Qatar e as cores do país. No fim, o outro irmão também quis levar a decoração na moto e os dois puderam competir.
Em busca do título
Al-Attiyah disputou seu primeiro Dakar em 2004, e já impressionou terminando como 10º colocado. Em busca de títulos, o príncipe passou por várias equipes. Estreou pela Mitsubishi, passou pela BMW X-Raid e foi na Volkswagen que se tornou campeão, em 2011. Com a saída da montadora alemã, ele acabou tentando a sorte com um carro criado por seu próprio time, mas não completou as provas de 2012 e 2013.
No ano passado, voltou para a X-Raid e o retorno valeu a pena: subiu ao pódio, conquistando o terceiro lugar. Para 2015, o príncipe tem um alvo claro: o bicampeonato. “Hoje estou numa posição melhor e o objetivo é vencer”, garantiu. Se depender do desempenho recente, Al-Attiyah está no caminho certo.
Após vencer a etapa desta quarta-feira (7), o piloto está liderando a categoria com 8min15s de distância sobre o vice-líder Giniel de Villiers. Para ajudar, o atual campeão Nani Roma teve problemas na primeira especial e precisou de mais de seis horas para completar a etapa, ficando virtualmente fora da disputa do título.
*a repórter viajou a convite da Honda
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