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De banda de punk rock a piloto de motos: inglês realiza sonho no Dakar

Do UOL, em São Paulo

09/01/2015 06h00

Entre os mais de 650 competidores que largaram no Rally Dakar, no último fim de semana, um merece atenção especial. E não é por suas chances de vencer. Piloto amador e ex-integrante de bandas de punk rock, o inglês Chris Cork realiza o sonho de disputar o rali mais perigoso do mundo depois de juntar (e gastar) muito dinheiro até chegar lá.

Construtor, Cork tem 43 anos e dedicou boa parte de sua vida à música, tocando baixo e bateria em formações de punk rock. As tatuagens chamativas que tem principalmente nos braços fariam jus a qualquer banda do estilo. Mas depois que participou de um pequeno rali por curiosidade, ele não conseguiu tirar uma ideia da cabeça: precisava disputar a competição que ganhou o status de a mais fatal do mundo.

Para isso, além de juntar dinheiro como construtor, o inglês chegou a vender sua casa, investindo nas motos boa parte do que ganhou. Aos poucos, conseguiu parceiros, apoiadores e se preparou bem para o Rally Dakar, com direito a treinos nos desertos de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Convencer a mulher do sonho não foi a tarefa mais fácil, principalmente porque eles têm dois filhos pequenos. “Chegamos a vender nossa casa. A verdade é que você só vive uma vez. Meu projeto do Dakar começou mesmo há dois anos e meu objetivo é apenas terminar a prova”, contou ele, que até quinta-feira estava em 133º lugar entre 146 competidores, a mais de seis horas do líder.

A meta de só cruzar a linha de chegada parece pessimista, mas não é. O Rally Dakar, agora em sua 37ª edição, ficou conhecido pelo perigo que oferece. Estima-se que mais de 70 pessoas morreram desde 1979, somando competidores e espectadores. A prova de moto tem 13 etapas divididas em mais de 9 mil quilômetros de Argentina, Chile e Bolívia.

“Existem paisagens que você olha e não imagina que um veículo pode percorrê-las. As rotas incluem pontos assustadores, principalmente em alta velocidade. Qualquer desvio pode te levar para um penhasco, mas o que mais me assusta é a possibilidade de ser atropelado por um carro ou caminhão”, revelou Cork.

O inglês, o único dos oito britânicos inscritos que é amador, ainda tenta usar sua participação para levantar recursos para um hospital infantil de sua região. Mas o objetivo principal é mesmo voltar inteiro para casa. “O Dakar é um vício”, resumiu ele.