Sabe o que sobrou da Indy em Brasília? Um autódromo sem pista
O futuro do Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília, está indefinido. A pista está sem condição alguma para receber qualquer evento de automotores, não há mais boxes, o mato cresce à margem do traçado e não há máquinas trabalhando no local. Este cenário começou a se formar na última quinta-feira, 29, quando o GDF (Governo do Distrito Federal) seguiu uma recomendação do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios).
O Ministério Público expediu uma recomendação para que os presidentes da Terracap e Novacap, empresas do governo local responsáveis pelas obras no autódromo, para não "licitar, realizar, autorizar, empenhar, liquidar, reconhecer ou pagar quaisquer despesas" relacionadas com a reforma do autódromo. O TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), então, determinou o cancelamento da realização da etapa de abertura da temporada 2015 da Fórmula Indy, marcada para 8 de março na capital.
O UOL Esporte visitou o autódromo nessas segunda-feira, 2, e terça-feira, 3. Boa parte dos 5.475,58 metros da pista está sem asfalto e em alguns trechos já há pavimentação, mas sem o devido tratamento para receber corridas de carros e nem muito menos sinalização. Há caminhões e tratores estacionados no asfalto, Uma mini-usina de asfalto ainda está no local, mas sem funcionar.
Os boxes foram detonados, porque seriam reconstruídos em outra parte do circuito, mas ainda não foram construídos. O projeto previa a demolição do Kartódromo Waltinho Ferrari, nas dependências do Autódromo. Por sorte, a obra não havia chegado àquele trecho do percurso.
Duas das principais categorias de automobilismo do país têm eventos marcados para Brasília na segunda quinzena de abril: Stock Car e Fórmula Truck.
O GDF bate cabeça quando o assunto é o futuro do espaço. O UOL Esporte procurou a Terracap mas recebeu a orientação de que a Novacap seria a responsável sobre a obra. Essa, por sua vez, indicou a assessoria do Palácio do Buriti para informar sobre o autódromo. A comunicação do governo local, no entanto, pediu que a Terracap fosse consultada. Informada das orientações passadas pela Novacap e Terracap, o Buriti respondeu, finalmente sobre o assunto.
“O primeiro contrato, no valor de R$ 250 milhões, já havia sido suspenso no dia 12 de janeiro pelo Tribunal de Contas do DF. O segundo, no valor de R$ 43 milhões, revisto pela Terracap para atender às necessidades de realização da Fórmula Indy, também foi suspenso na última semana pela decisão do TJDFT”, limitou-se a responder o GDF, sem dar qualquer previsão de finalização das obras já iniciadas.
O compromisso de trazer a categoria para Brasília foi firmado pelo ex-governador Agnelo Queiroz (PT), que deixou o cargo em 31 de dezembro transferindo uma dívida superior a R$ 3 bilhões no orçamento do DF ao governador eleito Rodrigo Rollemberg (PSB), segundo informações da Casa Civil do novo gestor.
Por este motivo, o ano letivo das escolas públicas teve seu início adiado, diversos servidores terceirizados e de carreira reclamam do não pagamento do 13º salário e férias, faltam itens básicos de primeira necessidade nos hospitais, o desfile das escolas de samba do carnaval de Brasília foi cancelado, e o GDF decretou estado de emergência na gestão da saúde pública.
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