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Visita de caridade e filha na escola: os últimos dias de Justin Wilson

Britânico era presenta frequente no Racing for Kids, encontros de pilotos com crianças - Racing for Kids/IndyCar
Britânico era presenta frequente no Racing for Kids, encontros de pilotos com crianças Imagem: Racing for Kids/IndyCar

Do UOL, em São Paulo

26/08/2015 08h38

Justin Wilson foi declarado morto aos 37 anos nesta segunda-feira, em decorrência de um acidente sofrido na etapa de Pocono da Fórmula Indy um dia antes. Nas homenagens, pilotos e ex-pilotos destacaram o britânico como um sujeito humilde, carinhoso e dedicado. E os últimos dias de Wilson dão fé a tais elogios.

O experiente britânico era um dos nomes mais recorrentes em um evento chamado Racing for Kids, que a Fórmula Indy organiza nas cidades que recebem as provas da categoria. Nos eventos, pilotos visitam hospitais infantis e conversam com jovens pacientes internados nos locais.

A última visita de Wilson a um Racing for Kids aconteceu justamente na sexta-feira, no município de Danville (cerca de 110 km de distância de Long Pond, onde fica o Circuito de Pocono). Na pequena cidade de menos de 5 mil habitantes, o piloto da Andretti visitou o Geisinger Medical Center para conversar com crianças e adolescentes internados ali.

No decorrer da visita, segundo o site da própria Indy, Justin se lembrou de enviar uma mensagem de celular para a esposa, Julia. O assunto: o primeiro dia de aulas da filha mais nova, Jessica, de cinco anos. O casal teve também outra filha, Jane, de sete anos. As duas eram vistas com frequência ao lado do pai.

Dois dias após a visita ao hospital em Danville, durante a corrida em Pocono, Justin Wilson foi atingido na cabeça por destroços do carro de Sage Karam, que se acidentara segundos antes. O britânico deixou a pista desacordado e chegou ao hospital em coma. No dia seguinte, teve a morte cerebral decretada – o que possibilitou a doação de seus órgãos a seis pacientes que esperavam por transplantes, segundo seu irmão, o também piloto Stefan Wilson.

“Justin era um dos pilotos mais gentis e carinhosos que já conhecemos”, disse Dale Coyne, proprietário da equipe homônima pela qual o britânico correu em 2009 e entre 2012 e 2014. “Todos nós que conseguimos conhecer Justin, ou que simplesmente o encontramos em algum lugar, estamos arrasados por esta perda.”

Justin também era um colaborador recorrente da Fortune Academy, uma instituição vinculada à própria Fórmula Indy que atende estudantes com dificuldades de aprendizado. Em seus encontros com os jovens, o britânico constantemente falava sobre suas experiências com a dislexia – a dificuldade para ler e escrever foi diagnosticada ainda na infância do piloto, e vencida com o apoio da família, dos professores e da tecnologia.

Em 2015, o contrato com a Andretti permitiu a ele disputar cinco corridas com a equipe. O melhor resultado veio justamente na última prova antes de Pocono, com o segundo lugar em Mid-Ohio. Paralelamente, disputou uma etapa da Fórmula E com a própria Andretti, conquistando o décimo lugar no ePrix de Moscou em junho.

Fortune Academy - Fortune Academy/Divulgação - Fortune Academy/Divulgação
Estudantes da Fortune Academy exibem faixa em homenagem a Justin Wilson
Imagem: Fortune Academy/Divulgação