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'Oscar do automobilismo' tem pompa, mas também bronca, reclamação e sumiço

Daniel Lisboa

Do UOL, em São Paulo

12/11/2015 14h11

Quem gosta de velocidade, mas aprecia também a pompa e o glamour das grandes premiações do cinema, estaria no paraíso na noite desta quarta-feira em São Paulo. Pelo menos se estivesse na 19ª edição do Capacete do Ouro, chamado de “Oscar” do automobilismo no Brasil.

Realizado em um espaço para eventos no bairro da Lapa, o evento premiou os destaques de todas as categorias do automobilismo, do kart à Fórmula 1. Lá estiveram as famílias Piquet e Fittipaldi e nomes como Hélio Castroneves e Cacá Bueno. Além da entrega do “Capacete de Ouro” para os vencedores de 14 categorias (confira abaixo), a festa também relembrou os 25 anos da última vez em que o Brasil teve uma “dobradinha” no pódio da F1: foi no Grande Prêmio do Japão de 1990, quando Nelson Piquet venceu a prova e Roberto Pupo Moreno terminou em segundo.

Fora da curva

O mestre de cerimônia anunciava os concorrentes de cada categoria. Eles subiam ao palco acompanhados de um “padrinho”. Castroneves, por exemplo, apresentou os candidatos a revelação do ano, enquanto Pupo Moreno o fez com os do Kart e Nelsinho Piquet com os da Fórmula 3. A maior parte dos discursos no palco do evento se ateve ao formalismo, mas alguns saíram do padrão.

Logo no início, o representante de uma patrocinadora disse que “todo mundo fala que o Brasil é o país do futebol. Mas aí só lembram do Pelé, enquanto temos três campeões mundiais de Fórmula 1. É três contra um”. Ele prosseguiu com a comparação dizendo que “esses campeões (de F1) fizeram mais pelo Brasil que os jogadores de futebol”.

Já Ulysses Bertholdo, vencedor na categoria Rali ao lado de Alessander Soares, destoou do clima de celebração ao lembrar que não pôde completar a última temporada por ter perdido patrocinadores, e reclamou que “o rali continua sendo o patinho feio do automobilismo brasileiro”.

Desaparecimento e piada

Outro momento de certo anticlímax aconteceu quando o mestre de cerimônia precisou chamar a atenção de parte do público que, desinteressado pelo que acontecia lá na frente, conversava como se estivesse em uma balada. Curioso também foi o “desaparecimento” do engenheiro Chico Rosa, que deveria ser o padrinho da categoria Stock Car, mas que ninguém sabia onde estava quando chamado ao palco.

Como uma das patrocinadoras do automobilismo é uma indústria farmacêutica, em dado momento o mestre de cerimônia precisou lembrar aos presentes que estamos no “novembro azul”, mês de campanha contra o câncer de próstata. Só que ele fez isso agitando os dedos indicadores para o alto algumas vezes. A brincadeira, uma alusão ao exame de toque, deixou o público um tanto constrangido da primeira vez, mas arrancou algumas risadas tímidas quando repetida.

Nelsinho homenageado

O homenageado da noite, Nelsinho Piquet ganhou uma versão especial do “Capacete de Ouro”. Comparado a um “surfista freestyle” pelo mestre de cerimônia pela quantidade de categorias pelas quais já correu, Nelsinho disse que “tem sido importante experimentar tantas categorias diferentes”. O atual campeão da Fórmula E afirmou também que hoje se considera um piloto muito melhor e mais experiente.

Nelson Piquet e Roberto Pupo Moreno subiram ao palco para relembrar o histórico dia de 25 anos atrás. Emocionado, Moreno contou como “não estava preparado fisicamente” para aquela prova no Japão e revelou que, ao pedir a opinião de um amigo sobre o que fazer, esse sugeriu a leitura do Salmo 23 da Bíblia. O piloto não entendeu, mas leu e disse que lembrar do Salmo o ajudou a aguentar os momentos finais da corrida. Uma história emocionante, porém logo alvo do humor de Piquet, para quem “o Roberto não leu b...nenhuma porque a Bíblia estava em japonês”. Com a foto do GP do Japão às costas, os pilotos levantaram os troféus do “Capacete de Ouro” para recriar a cena do pódio de 1990.

Felipe Massa e Felipe Nasr, concorrentes pelo “Capacete de Ouro” na categoria Fórmula 1, não puderam comparecer ao evento.

Confira abaixo os competidores e vencedores da premiação (em negrito, os vencedores):

Fórmula 1
Felipe Massa
Felipe Nasr

Fórmula Indy
Helio Castroneves
Tony Kanaan

Internacional Top
Lucas Di Grassi
João Paulo Oliveira
Christian Fittipaldi

Internacional
Vitor Baptista
Pedro Cardoso
Vinícius Papareli

Stock Car
Marcos Gomes
Ricardo Maurício
Cacá Bueno

Fórmula 3 Brasil
Pedro Piquet
Matheus Iorio
Arthur Fortunato

Brasileiro de Marcas
Vitor Meira
Gustavo Martins
Nonô Figueiredo

Mercedes-Benz CLA AMG Cup
Fernando Júnior
Adriano Rabelo
Cristian Mohr

Mercedes-Benz C250 Cup
Luiz Sena Jr./Cleiton Campos
Betinho Sartório
Peter Michael Gottschalk

Nacional
Felipe Giaffone
Paulo Salustiano
Leandro Totti

Rali
Rafael Túlio/Gilvan Jablonski
Toninho Genoin/Maicol Souza
Ulysses Bertholdo/Alessander Soares

Off-Road
Reinaldo Varela/Gustavo Gugelmin
Marcos Baumgart/Kleber Cincea
João Franciosi/Rafael Capoani

Kart
Marcel Della Coletta
Olin Galli
Caio Collet

Revelação
Rafael Câmara
Pedro Braga
Diego Ramos
Gabriel Crepaldi