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De "mecânico de coluna" a motorista. Quiropraxista vira faz-tudo no Dakar

Luiz Heihati Miyajima foi contratado pela Mitsubishi para trabalhar durante o Rally Dakar - Divulgação/Mitsubishi
Luiz Heihati Miyajima foi contratado pela Mitsubishi para trabalhar durante o Rally Dakar Imagem: Divulgação/Mitsubishi

Brunno Carvalho*

Do UOL, em Buenos Aires (Argentina)

15/01/2016 11h00

As intensas duas semanas de Rally Dakar não fazem apenas os carros sofrerem, mas os pilotos também. E é por causa disso que as equipes costumam contar com um quiropraxista em seu elenco. Na Mitsubishi, uma das equipes mais brasileiras da competição - apenas um mecânico e uma dupla não são do Brasil -, a responsabilidade da função fica, literalmente, nas mãos de Luiz Heihati Miyajima.

"Fui contratado para ajustar os três pilotos e os três copilotos. Mas acabo ajustando quem estiver precisando lá", explica. Durante o período de 30 minutos em que a reportagem ficou próxima ao acampamento, Miyajima atendeu três funcionários da Mitsubishi, nenhum deles piloto.

A intensidade do Dakar e suas constantes mudanças de cidades e acampamentos (ao todo, a competição passa por nove cidades diferentes) fazem com que o cansaço chegue até em quem não está competindo.

"O Dakar é bem cansativo. Na verdade, eu vim para ser quiropraxista, mas estou ajudando todo mundo, até dirigindo (o motorhome) quando tem que dirigir", explicou. “Aqui é mais um 'familião' e você vai ajudando como dá, de apertar parafuso até apertar coluna", brinca.

Luiz Heihati Miyajima, quiropraxista da Mitsubishi, atende um dos membros da equipe durante o Rally Dakar - Divulgação/Mitsubishi - Divulgação/Mitsubishi
Imagem: Divulgação/Mitsubishi

Se a cada fim de etapa cabe aos mecânicos consertarem os carros, a Miyajima fica o dever de deixar as colunas dos pilotos e copilotos "revisadas", depois de tanto impacto sofrido nos árduos trajetos do Dakar.

"Costumo comparar a coluna vertebral de um atleta com um carro. Você tirou o carro da concessionária, ele está alinhado, balanceado, ok. No primeiro buraco, o carro começa a desalinhar e trazer problemas".

"Com a nossa coluna, é a mesma coisa. Ela é mecânica, e a gente senta errado, dorme errado. E o atleta profissional sofre ainda mais, pois tem muito impacto na coluna, que acaba gerando problemas. Então sempre precisa de uns ajustes, uma 'revisão'".

Há oito anos exercendo a função, Miyajima foi contratado pela Mitsubishi justamente para edição 2016 do Rally Dakar. Seu contato com esportes, no entanto, já vem de longa data: é pós-graduado em quiropraxia esportiva e, em 2007, trabalhou nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.

"Gosto bastante de trabalhar com atleta, trabalhei em 2007 nos Jogos Pan-Americanos do Rio e já atendo alguns atletas profissionais. É a primeira vez que atendo atletas de rali, mas está sendo bem interessante", afirma ele, que admitiu não ser muito familiarizado com o esporte. "Gosto de surfar, andar de skate, o Dakar é completamente diferente".

Na edição 2016 do Rally Dakar, a Mitsubishi contou com três duplas na categoria dos carros: Guiga Spinelli/Youseff Haddad, Paulo Fiusa/Carlos Sousa (de Portugal) e João Franciosi/Gustavo Gugelmin. A última dupla, inclusive, é a única da equipe que ainda segue na competição, que tem final previsto para sábado (16), em Rosário, na Argentina.

*O repórter viajou a convite da Honda