Carros voadores e corridas com pilotos online: como a F-E vê o futuro
Há quem diga que a Fórmula E é a categoria do futuro. Mas quem é lá de dentro está mesmo é de olho no próximo passo. Carros voadores, motores nas rodas, pilotos de computador são algumas das possibilidades enxergadas por Lucas Di Grassi, pioneiro na categoria e que está à frente de um projeto de corridas não só elétricas, como também autônomas, e Alejandro Agag, CEO da Fórmula E.
"Os carros elétricos serão os mais rápidos do mundo. É como a tecnologia está caminhando. E acho que talvez teremos carros voadores", acredita Agag. Não que isso esteja completamente fora do alcance, já é um projeto em andamento. "Estou em contato com algumas companhias que estão desenvolvendo esse tipo de tecnologia e é incrível o que eles estão fazendo. Então acho que teremos corridas com carros voadores, voando baixo."
Não apenas voando baixo, mas com um desenho completamente diferente, como aponta Di Grassi. "Estamos vivendo a primeira transformação energética importante em 100 anos e isso muda completamente a estrutura. O que vemos nos carros da F-E ainda é muito retrógrado. Basicamente, pegaram um carro normal, tiraram o tanque de combustível e colocaram a bateria; tiraram o motor a combustão e colocaram o elétrico. Mas não vai ser assim para sempre porque a filosofia de construção do carro pode ser completamente diferente. O motor pode ir parar nas rodas, por exemplo, e a bateria pode ser colocada onde você quiser - no futuro, a própria estrutura do carro pode ser a bateria. Hoje ainda estamos bem no início."
Outra visão de futuro é a mudança da propriedade de carros para os carros compartilhados e autônomos, tecnologia que, para Lucas, também mudará a disputa das corridas, pois as empresas usarão as competições para melhorarem seus computadores.
Assim, para o brasileiro, em cerca de 10 anos, o grid não será composto apenas de pilotos humanos. Até porque dirigir até mesmo nas ruas não será mais algo comum, já que os carros autônomos deverão dominar as cidades. E também as pistas. "Podem ser corridas completamente extremas nas quais o piloto controla o carro à distância. Isso não é automação, é conectividade, mas faz parte da realidade. E a outra coisa é combinar os dois: usar o que o homem tem de melhor e o que a máquina tem de melhor para melhorar a performance. Ou até uma categoria em que metade o piloto é humano, metade é um computador e a melhor dupla ganha o evento. Não precisa tirar o humano do cenário. Dá para complementar."
Di Grassi se refere a um projeto dele mesmo, o Robot Race, categoria ainda em desenvolvimento, com carros autônomos e elétricos. "De 2010 a 2020, estamos vivendo a eletrificação dos sistemas, e depois será a automação dos carros. A Robot Race faz parte dessa visão de futuro, ainda está à frente do tempo. Estamos em 2019 e a Robot Race seria o que a F-E é em 2029."
No entanto, quando os carros autônomos tomarem conta das cidades e as pessoas sequer dirigirem, não serão também raros dos fãs de automobilismo? Agag aposta que, enquanto houver tecnologia a ser desenvolvida, o esporte estará a salvo. "Acho que as corridas vão continuar, por dois motivos: primeiro, pelo show. Se o show for bom, as pessoas vão assisti-lo, já que as pessoas não jogam futebol americano o tempo todo, mas assistem. Já o segundo motivo é o desenvolvimento de tecnologias. E sempre haverá margens a serem ganhas em termos de tecnologia. Então por isso acredito que o automobilismo continuará existindo."
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