Em parceria com Gil de Ferran, chefe da F-E planeja corrida na Amazônia
Uma corrida com carros off-road elétricos em plena Floresta Amazônica. Este é o novo projeto de Alejandro Agag, CEO da Fórmula E, lançado nesta quinta-feira, em Londres. O evento no Brasil é um dos cinco planejados na nova empreitada do espanhol, chamada Extreme E. A ideia é fazer cinco eventos ao redor do mundo em lugares nos quais as mudanças climáticas estão sendo sentidas - além do Brasil, o plano é ir ao Polo Norte, no Himalaia, no deserto e em alguma das ilhas afetadas pela aumento do nível do mar, no Oceano Índico. O presidente da Extreme E será o brasileiro Gil de Ferran, que idealizou o projeto junto de Agag.
Não é de hoje que a Fórmula E tenta emplacar uma etapa no Brasil - São Paulo chegou a ser anunciada na temporada 2017-2018, mas a corrida não foi realizada. Desta vez, a ideia é a primeira etapa do Extreme E seja realizada em dois anos. Mas há um porém: Agag revelou ao UOL Esporte que ainda não tem autorização para correr na Amazônia ou em qualquer um dos lugares para os quais pretende levar a novidade. "Vou começar a ver isso agora. Estamos no início do projeto, mas acho que não teremos problemas. Em dois anos, conseguiremos as permissões e definiremos os carros. Preferimos primeiro lançar e depois apresentar aos governos".
Perguntado pelo UOL Esporte sobre os possíveis entraves de conseguir a autorização junto ao governo do Presidente Bolsonaro para correr na Amazônia e documentar o desmatamento, Gil de Ferran disse que ele e Agag não esperam ter vida fácil. "Não sei, é mais um desafio que talvez a gente vai ter que vencer. Acho que, toda vez que a gente encontrar esse tipo de desafio, é importante lembrar qual é a essência desse projeto, que é de mostrar as dificuldades e desafios relacionados ao meio ambiente e tentar apoiar da melhor maneira possível iniciativas que já existem."
Além de ter Gil de Ferran como presidente e da ideia de correr na Amazônia, o Extreme E apresentou como um de seus parceiros a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), especializada na exploração do nióbio e que já é parceira da Fórmula E. A ideia é que a nova categoria ajude no desenvolvimento da tecnologia para substituir o cobalto por nióbio tanto nos carros, quanto no próprio navio que levará a categoria de um canto a outro no planeta.
A ideia é que cada etapa esteja ligada a um dos desafios climáticos do planeta, como a diminuição da quantidade de gelo dos polos e a destruição da floresta e a quantidade de plástico que existe no oceano. "Há ilhas em que ninguém vive, mas que estão cheias de plástico. Quero destacar esse tipo de coisa. É meu novo bebê", disse Agag sobre o projeto. Tudo vai ser transportado via barco, no navio Santa Helena.
Para o lançamento, o Santa Helena foi ancorado em Londres, próximo à Tower Bridge, um dos grandes cartões-postais da cidade, em evento que contou ainda com a presença do documentarista Fisher Stevens. Isso porque a ideia é que o Extreme E seja um misto de competição e documentário, mostrando problemas ambientais. "Será metade esporte, metade documental, mostrando tudo o que está acontecendo nesses ecossistemas", contou Agag. "Adorei a ideia de mostrar essa tecnologia elétrica nestes lugares extremos, pois desta forma as pessoas podem ligar os grandes problemas climáticos com as soluções."
Os carros terão dois motores elétricos similares aos utilizados hoje pela Fórmula E, dando uma potência total de 500kW, e terão visual semelhante a SUVs que estão no mercado. "Queríamos uma categoria com carros que pudessem andar em qualquer terreno, mas que sejam carros que as pessoas possam comprar, não carros de fórmula", explicou Agag. Na próxima fase do projeto, os cinco lugares por onde a Extreme E passará serão definidos e a ideia é que o formato final do campeonato, incluindo as equipes - a ideia é que sejam 12 equipes com um carro cada, disputando as provas em sistema de "mata-mata" em provas de 6 a 10km.
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