A vida acaba após demissão da F-1? Geração desperdiçada prova que não
Eles ganharam praticamente tudo o que podiam ganhar nas categorias de base, chegaram à Fórmula 1 e? viram o sonho de se tornarem campeões da categoria se transformar em pequenas vitórias como pontuar de vez em quando ou conseguir passar da primeira fase da classificação. Até descobrirem que há vida fora da Fórmula 1.
Que o diga Stoffel Vandoorne, que chegou badalado à F-1, mas saiu pela porta dos fundos depois de duas temporadas correndo por uma McLaren que vive péssima fase. Acostumado às vitórias, o belga acabou pontuando só oito vezes nas 42 vezes em que largou na F-1. Agora apadrinhado pela Mercedes, ele está na Fórmula E, e marcou sua primeira pole position logo na quinta etapa que fez na categoria.
"É muito legal chegar no paddock da Fórmula E porque é como voltar às raízes. Tudo é mais relaxado, mesmo entre os pilotos. Sinto minha energia renovada e a sensação que é só a corrida que importa, menos política. Estou curtindo isso", disse Vandoorne ao UOL Esporte.
"Acho que o fato do carro não ser tão grudado no chão e de não ter tanta área de escape nas pistas - digamos, não estamos correndo em circuitos perfeitos, asfaltos perfeitos como na F-1 - é um desafio, mas de um jeito diferente".
Outro que tem uma história parecida é Pascal Wehrlein, que chegou como prodígio mas, andando pela Manor e na Sauber, somou apenas cinco pontos em duas temporadas, tornou-se piloto de testes da Mercedes e, no final do ano passado, foi dispensado do programa de jovens pilotos do time alemão. Teve uma chance também na F-E, pela indiana Mahindra, e por pouco não venceu logo sua quarta prova na categoria, tendo liderado o e-Prix do México o tempo todo, até ser ultrapassado por Lucas Di Grassi nos últimos metros.
"É uma categoria completamente diferente. É até difícil de comparar", disse o alemão ao UOL Esporte. "As equipes estão mais próximas umas das outras, diferentemente da F-1, em que o carro faz muita diferença, há 3 ou 4s entre os melhores e piores. Várias peças são iguais para todos, então é mais justo para os pilotos. Todos nós temos a chance de estar na frente, o que não acontece na Fórmula 1".
Wehrlein, contudo, não se surpreende por ter se mostrado competitivo logo de cara na nova categoria. Para ele, isso só não aconteceu na Fórmula 1 por conta do equipamento. "Eu sempre foi competitivo em todas categorias em que corri. Mas na F-1 não tive a chance em correr por uma equipe que foi capaz de marcar pontos regularmente. Então para mim foi natural chegar aqui e ser competitivo logo de cara. Não é nenhuma surpresa. Eu sabia que teria que aprender bastante, que seria tudo uma novidade, mas que eu podia ser competitivo".
Apesar de não se enquadrar nesse perfil, Felipe Massa concorda com Vandoorne e Wehrlein: não importa o piloto ser novato, se ele for bom e se a categoria escolhida premiar isso, como ocorre na Fórmula E devido ao fato de 80% dos carros serem padronizados, diferentemente da Fórmula 1, na qual cada equipe tem de fazer seu chassi, logo os resultados aparecem. "Poderia ter chegado no pódio nas últimas duas corridas, o Pascal poderia ter vencido no México" acho que o piloto que é bom mostra a diferença e aprende rápido. Veremos quem está chegando agora melhorar rapidamente. Acho que isso não é um problema.
Trata-se de uma boa notícia para Felipe Nasr, outro que, assim como Vandoorne e Wehrlein, chegou recheado de títulos na Fórmula 1 e não teve chance de mostrar seu talento. Era dele a vaga que o próprio alemão assumiu na Sauber e, nas duas temporadas anteriores, 2015 e 2016, Nasr somou 29 pontos - 27 deles no primeiro ano. Mas isso não foi suficiente para segurá-lo na vaga.
De lá para cá, Nasr teve um ano sabático e em 2018 foi campeão no endurance norte-americano. E, enquanto segue correndo no IMSA, tem aproveitado os finais de semana em que não tem compromissos nos EUA para começar a carreira na F-E, pela Dragon. Por enquanto, ele sofreu com toques nas duas corridas que disputou, mas contou que o clima menos político que da F-1 foi algo que o atraiu e que percebe fazer a diferença nos finais de semana de corrida, além, é claro, da maior competitividade.
Não que seja fácil fazer a transição ou que a F-E seja uma categoria "menor". Você tem de ter um feedback muito bom porque não há tempo de fazer algum ajuste e não é igual na F-1 em que você pode deixar para testar algo no dia seguinte. Vamos analisar os dados hoje e amanhã a gente testa. Aqui não. Então é importante filtrar rapidamente essa informação e priorizar. Esse é o grande desafio quando se tem só um dia de evento.
Vandoorne, Wehrlein, Nasr e Massa são apenas quatro dos nove ex-pilotos da Fórmula 1 disputando a quinta temporada da Fórmula E: Jerome DaAmbrosio, Lucas Di Grassi, Jean-Eric Vergne, Sebastien Buemi e Nelson Piquet Jr.
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