Repórter do UOL corre de kart com Barrichello e leva "bronca" do piloto
Já tive a oportunidade de participar de algumas corridas de kart. Sempre acompanhado por amigos, lembro-me de pelo menos cinco ocasiões em que experimentei a velocidade, dividi curvas, retardei a freada e disputei uma posição na reta dos boxes —um sonho para quem é fã de automobilismo.
Nesta semana, reinventei esse sonho ao correr ao lado de Rubens Barrichello em uma das pistas de kart mais famosas do Brasil. O evento ainda tinha uma causa nobre: arrecadar fundos para o Instituto Família Barrichello, criado há 14 anos e que busca combater a desigualdade social por meio do esporte.
Dessa forma, fui convidado pela Locaweb, parceira de Barrichello e organizadora do evento, para participar da corrida no Kartódromo da Granja Viana, em Cotia, na Grande São Paulo. Eu correria ao lado de alguns pilotos profissionais e também com outros motoristas "civis".
Na chegada, o kartódromo, cuja pista tem 1.150 metros, correspondeu às minhas expectativas: grande, imponente, com direito a zebra, área de escape, curvas de todos os tipos e uma reta dos boxes convidativa. Barrichello logo apareceu, já de macacão e pronto para a exibição.
Extremamente solícito, o ex-piloto de Fórmula 1 e atualmente na Stock Car abriu o briefing, uma espécie de aula rápida sobre as regras da corrida. Durante o bate-papo, ele deu a letra: estava ali também para auxiliar os menos experientes —havia pelo menos duas pessoas que corriam pela primeira vez.
Início promissor
Uma das orientações passadas no briefing foi "sentir" o kart nos primeiros minutos para depois buscar o melhor tempo e uma boa colocação no grid. Segui as orientações, mas, sem noção do tempo, consegui abrir duas voltas rápidas. Entre os 19 competidores, obtive o nono melhor tempo, com pouco mais de 50 segundos. O primeiro colocado, como não poderia deixar de ser, foi Barrichello, com uma volta na casa dos 40 segundos.
Iniciei a prova confiante, pois não havia escapado nenhuma vez e passei ileso em algumas confusões na pista. Além disso, já tinha me habituado ao carro número 37. Minha alegria, porém, durou pouco: depois de ganhar uma posição na primeira volta, vi o sétimo colocado rodar sozinho logo à minha frente. Sem tempo de reação, batemos de frente.
Acelerei, passei por cima da zebra e consegui manter a aderência para sair dali. Foi preciso, entretanto, voltar ao traçado com segurança. Por isso, tive de esperar todo o pelotão passar. O resultado de tudo aquilo era catastrófico. Eu era o último colocado —admito que me preocupei naquele instante em evitar um vexame do tipo: "Repórter do UOL corre de kart com Barrichello e termina em último".
A reação (e a bronca)
A minha corrida de recuperação duraria 11 voltas. Imediatamente tracei o plano de, pelo menos, voltar ao oitavo lugar, talvez o sétimo, porque sabia que dificilmente conseguiria uma melhor posição, já que era nítido que os pilotos do pelotão da frente eram mais rápidos.
A tarefa foi tranquila no início. Alguns competidores menos experientes não ofereciam resistência e as ultrapassagens aconteciam sem "briga". Mas, aos poucos, foi preciso dividir curvas e frear no limite. No auge da busca por posições, não escapei da pista por muito pouco, já perto da reta dos boxes. Por sorte, corrigi a tempo e me mantive no traçado.
Na parte final da corrida, veio o primeiro contato com Barrichello, já que ele estava bem à frente. Isso foi possível porque eu era um retardatário. O problema é que não percebi que era ele quem se aproximava. Dessa forma, dificultei a ultrapassagem na reta dos boxes, fechei a porta e fiz a primeira curva na frente.
Barrichello não demorou para me superar. Na passagem, pediu para eu prestar atenção nas bandeiras mostradas pelos fiscais. Um deles insistia em agitar a de cor azul, que, como todos ali sabiam, significava "facilite a ultrapassagem". O ex-piloto de Fórmula 1, gentilmente, não abriu distância. Por pelo menos quatro curvas, indicou-me como "entrar" nas curvas de modo mais rápido.
E não foi só comigo. Barrichello fez isso durante toda a prova, inclusive na segunda bateria. Na primeira, a que participei, fez o melhor tempo da prova, novamente na casa dos 40 segundos, mas terminou a corrida na quinta posição, justamente pela atitude tomada.
Quanto a mim, consegui chegar perto do meu objetivo. Fiz dez ultrapassagens e terminei na nona posição, a mesma do grid de largada. Satisfeito com a atuação, ainda recebi uma boa notícia ao fim do evento: minha melhor volta foi feita na casa dos 44 segundos, o sexto melhor tempo da prova.
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