Fábio: "Os jogadores não acreditavam mais no trabalho do Rogério Ceni"
Rogério Ceni chegou ao Cruzeiro no ano passado para tentar a recuperação do time, mas sua passagem durou menos de dois meses, e o clube acabou rebaixado para a Série B. O goleiro Fábio, que defende meta cruzeirense há 15 anos, acredita que o treinador tem grande parcela de culpa por seu trabalho não ter durado, ao quebrar a confiança do elenco ao descumprir um acordo proposto por ele mesmo para evitar críticas públicas após polêmica com Thiago Neves.
Em entrevista exclusiva ao programa Os Canalhas, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, Fábio afirma que Ceni era o técnico preferido dos jogadores após a saída de Mano Menezes do Cruzeiro e detalha os motivos que minaram a relação do treinador com os líderes do elenco e até mesmo os mais novos, culminando com a saída precoce e o retorno ao Fortaleza, enquanto o time cruzeirense ainda teve Abel Braga e Adilson Batista, que não conseguiram evitar a queda do clube.
"Todo mundo queria o Rogério aqui no Cruzeiro, a verdade é essa. Os jogadores, antes de contratar o treinador, o nome era o Rogério ou o Dorival Júnior, de vários grandes nomes que foram citados. E foi unânime, todos os jogadores queriam o trabalho diferenciado que ele já estava desenvolvendo no Fortaleza, diz Fábio.
"Algumas declarações que foram cruciais para esse atrito entre os atletas e o Rogério. Começou em algumas declarações que o Rogério falou que o time sentiu e, indiretamente ou diretamente, falou que o time sentiu pela idade, que alguns jogadores não podiam mais jogar juntos. Depois dessas declarações, os jogadores se chateavam muito, então já criava esse atrito. E aí culminou também com aquele episódio que depois da Copa do Brasil, o Thiago Neves falou que o Rogério tinha que colocar o Edilson para jogar, que ele errou e foi onde que teve um desgaste também externo, com a imprensa, com essa divulgação, então aí, amplificou esse desgaste", explica o goleiro.
Fábio conta que Ceni reuniu o elenco com Thiago Neves presente após o episódio, dizendo que não iria punir o jogador, mas que nenhuma crítica entre jogadores e técnico deveria ser feita publicamente, resolvendo as questões dentro do vestiário. E para o goleiro, a crise que culminou na saída do treinador se deu após uma nova entrevista do próprio.
"A gente perdeu um jogo e o Rogério novamente falou do rendimento, que o time não ia jogar, mas a gente que é do futebol, a gente entende que ele estava falando para nós jogadores, para certos jogadores, e isso daí para quem disse que nunca mais ia falar, que ia se resolver internamente, foi onde que rachou de vez, o desgaste já era grande, mas aí com essa declaração dele na imprensa depois de ter falado frente a frente com os atletas, aí houve um maior desgaste que a gente teve naquele momento e aí foi difícil de ficar contornando", conta Fábio.
"Chegou uma hora que os caras não acreditavam mais no trabalho e infelizmente a gestão de grupo do Rogério não foi legal e foi o que culminou com a saída dele", completa.
Ceni também teve desgaste com os jogadores mais jovens
Na entrevista, Fábio diz ainda que o time rendia bem nos treinos e não conseguia repetir o desempenho nos jogos e que mesmo os jogadores mais jovens do elenco já não acreditavam no trabalho do treinador. Mas ele acredita que se os resultados tivessem ocorrido, o atrito poderia ter sido superado.
"Não era somente os jogadores mais experientes que estavam com esse desgaste, já vinha também de outros jogadores mais novos também, que já não estavam mais acreditando no trabalho pela forma das declarações", afirma.
"Se a gente tivesse conseguido os resultados positivos, mesmo dentro desse desgaste, a gente ia sair dessa onda negativa e as coisas iam começar a clarear, mesmo com esse desgaste que teve, de bastidores e falar isso e fazer aquilo, a vitória sempre traz o refrigério, sempre te dá uma tranquilidade e o ambiente muda totalmente. Como o resultado não veio, o desgaste foi maior".
Escândalos no Cruzeiro e ausência na seleção brasileira
Além de abordar a relação dos jogadores com Rogério Ceni, Fábio também comenta durante a entrevista que os escândalos revelados envolvendo a gestão do Cruzeiro influenciaram o desempenho do time dentro de campo, critica dirigentes que passaram pelo clube. Próximo de completar 40 anos e a 12 jogos de alcançar os 900 com a camisa do clube mineiro, ele não estipula data para deixar os gramados e coloca como maior sonho a volta do Cruzeiro à Série A.
Ele também relata sua frustração por não ter sido convocado para disputar uma Copa do Mundo pela seleção brasileira, critica os critérios dos treinadores que o preteriram e revela que deixou de atuar no futebol europeu quando já estava tudo certo para a sua transferência ao ouvir Deus.
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