Futebol Bandido: o Caso Daniel - Ep5: "Acordou ela e comeu?"
O que leva alguém a cometer um crime como o assassinato cruel do ex-jogador Daniel Corrêa? Até aqui, na segunda temporada do podcast Futebol Bandido, você ouviu as agressões de todos envolvidos na morte. Mas o que levou essas pessoas a perder o controle?
O quinto episódio é centrado em Daniel e o que ele fez antes de Edson Brittes entrar no quarto em que ele estava e como a defesa da família paranaense foca em um relacionamento anterior para traçar um perfil violento em torno do ex-jogador.
Sempre às terças, os repórteres Adriano Wilkson e Karla Torralba vão contar a história do assassinato do ex-jogador do São Paulo. Serão seis episódios no total.
- 1: Um corpo com o pescoço cortado
- 2: "Me diz que é mentira"
- 3: "Qualquer homem faria"
- 4. "Desceu, puxou e foi cortando"
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Futebol Bandido - Temporada 2: Caso Daniel
Episódio 5: "Acordou ela e comeu?"
Nascido em Minas Gerais, o jogador Daniel Corrêa começou a dar seus primeiros passos no futebol ainda criança. A mãe dele, Eliana, sempre aprovou o sonho do menino e investiu para ele se realizar. Daniel foi aprovado nas categorias de base do Cruzeiro, um dos maiores clubes do estado. Na época, a família morava em Conselheiro Lafaiete, uma cidade de Minas que em 2010 tinha 116 mil habitantes. Era Eliana quem levava o filho pros treinos em Belo Horizonte, cerca de 100 km distante dali.
Quando completou 15 anos, Daniel passou a viver no alojamento das categorias de base do Cruzeiro com outros adolescentes. Os amigos de futebol e a família sempre definiram Daniel como "um cara tranquilo", avesso a discussões e polêmicas. A tia e madrinha de Daniel, Regina Corrêa, irmã de Eliana, descreveu em juízo a personalidade do sobrinho:
Regina Corrêa: "O Daniel nunca tomou um cartão vermelho, ele nunca brigou, nunca teve problema na escola. Tudo que a gente olhou do Daniel, tudo que procurou foi mensagem de elogio. O Daniel foi pro Cruzeiro com 11 anos e a Eliana tinha que ir pra Belo Horizonte todo dia e voltar. Ou três vezes por semana e voltar. Ela ficou fazendo isso durante dois anos, porque ele começou a carreira lá. Eles foram um dia ver um jogo em Lafaiete, viram o Daniel jogando pequeninho ainda e falaram: 'Esse menino precisa ir pro profissional'. A Eliana levou durante dois anos, com 13 anos ele foi morar no Cruzeiro. Lá, ele estudou na escola do Cruzeiro e morou. A Eliana ia algumas vezes lá e a gente acompanhou. E ele sempre extremamente disciplinado."
Apesar de ter jogado em alguns dos principais clubes do país, como Cruzeiro, Botafogo e São Paulo, Daniel não era muito conhecido fora de um universo bem específico do futebol. Ele despontou como uma revelação promissora, mas logo virou um atleta de desempenho apenas mediano. Nas entrevistas que deu pra TV, Daniel se mostrava uma pessoa calma, de fala tranquila e temperamento sereno. Ele tinha uma filha pequena e, mesmo não sendo casado, mantinha um bom relacionamento com a mãe dela.
O trecho que você vai ouvir agora foi tirado de um vídeo de 2015 feito pelo São Paulo. Nele, Daniel e os outros jogadores do time estão no aeroporto a caminho de um jogo. Os colegas resolvem passar um trote no novato. Daniel aparece rindo e, tímido, paga o lanche de todos os atletas.
Jogador: "Filma o capita."
Capitão: "Não, não. Vai lá no Dani e pergunta o que ele vai pagar pra gente hoje."
Jogador: "Já faz o pedido aí, Reinaldo."
Reinaldo: "Uma coxinha, um cafezinho e uma água."
Daniel: "Os caras chegaram cheios de fome, pô. Brincadeira."
Jogadores: "Quero pão de queijo, coxinha."
Daniel: "Coxinha vai dar azia, rapá."
Ganso: "Só um docinho, né? Doce, croissant e um café, só isso."
Daniel: "Hehe. Vai chegar sem fome pro jantar lá, vai complicar."
Vendedora: "Quer confirmar com ele o pedido?"
Daniel: "Fechou, fecha rápido antes que aumente."
Vendedora: "140 e 70 centavos."
Jogador: "Pô, deu barato hein. Deu barato."
Jogador: "Brigado Dani, Deus lhe pague, hein velho."
Jogador: "Boa, Dani."
Jogador: "Muito bem, Dani. O melhor até hoje."
Jogador: "Melhor que o Matheus, melhor que o Joãozinho. Semana que vem vamos pegar o Lyanco."
Jogador calmo ou homem violento?
Tem uma contradição entre a imagem que o jogador construiu ao longo da carreira e os últimos atos em vida. Em outubro de 2018, Daniel foi de Sorocaba até o Paraná comemorar o aniversário da amiga Allana Brittes. Depois de uma festa que cruzou a madrugada, ele foi encontrado na cama da mãe da aniversariante. Em juízo, um ano depois, foi dessa forma que Allana descreveu os últimos momentos de Daniel:
Allana: "Quando meu pai foi até o quarto pra ver minha mãe, outros meninos estavam junto e viram que o Daniel estava em cima da minha mãe com o pênis ereto pra fora. Todos viram minha mãe dormindo, bêbada e deitada. Depois, vi pela televisão os áudios e fotos que mostram que realmente ela estava dormindo. Que ele estava tirando fotos. Que mandou o áudio dizendo que faria coisas com ela dormindo. Isso diz nos áudios e nos textos. Isso ficou bem claro que não teria como ser inventado ou combinado. Foi a verdade, o que realmente aconteceu."
A personalidade de Daniel se tornou um fator importante no duelo de narrativas entre os amigos e parentes de Daniel e a defesa da família Brittes. Depois do assassinato, a defesa de Edison Brittes passou a investigar o passado do jogador na tentativa de provar que ele não era o bom moço que todos descreviam. Essa investigação provocou ainda mais dor à família enlutada, que precisou vir a público para defender a honra do jogador morto.
Em aparições na imprensa e diante da juíza do caso, os advogados dos Brittes produziram uma narrativa em torno da seguinte questão: "Que bom moço era esse que teve a coragem de se deitar ao lado de uma mulher casada, que dormia depois de uma noite com bebida à vontade?" Para reforçar a retórica da pergunta, os advogados dos Brittes apontavam o áudio e as mensagens de Daniel, anunciando que ele havia, abre aspas, "comido a coroa".
E para tentar provar que aquele comportamento não teria sido um ponto fora da curva e que Daniel costumava ser desrespeitoso com mulheres, os advogados dos Brittes encontraram uma moça chamada Ludimilla Garrido. Chamada a prestar depoimento, Ludimilla contou o seguinte sobre um encontro com Daniel em Belo Horizonte.
Advogado: "Ele forçou que sentido?"
Ludimilla: "Ele queria ficar comigo. Eu falei que não várias vezes. Me segurou, tentou. Enfim."
Advogado: "Agressão física?"
Ludimilla: "Não. Agressão de machucar, não, agressão de encostar, sim."
A vítima pode provocar a própria morte?
Eu sou o Adriano Wilkson. Eu sou a Karla Torralba. Na segunda temporada de Futebol Bandido, um podcast de UOL Esporte, a gente traz detalhes do Caso Daniel e mostra como uma festa de aniversário se transformou no assassinato brutal de um jogador. No vídeo que gravou confessando ter matado o Daniel, Edison Brittes explica que perdeu o controle ao ver o rapaz abusando de sua mulher adormecida no quarto do casal. As testemunhas de defesa da família seguem a mesma linha nos depoimentos. Uma após outra, elas acusam a vítima de ter provocado a própria morte.
As falas em juízo dos pais de Cristiana e da mãe de Edison sobre os motivos que levaram à tragédia são praticamente as mesmas: Daniel teria abusado de Cristiana e esse ato teria destruído as duas famílias. Essas declarações são pouco importantes pelo conteúdo informativo delas, já que nem um dos avós de Allana Brites estava na cena do crime. E, portanto, tudo o que eles falam sobre aquela manhã deve ser ouvido com cautela. Mas, como o caso será julgado por um grupo de jurados escolhidos aleatoriamente entre a população, a defesa da família Brittes vai tentar sensibilizar essas pessoas, construindo uma narrativa em que Daniel aparece como uma espécie de "predador sexual".
Advogado: "Por que o Edison matou o Daniel? Quem provocou essa desgraça?"
Gessi Rodrigues: "Ele mesmo. Eu tenho pena da família dele."
O depoimento é da mãe de Cristiana Brittes, Gessi Rodrigues. Ela responde perguntas de um dos advogados de defesa da família.
Gessi Rodrigues: "Eu escutei uma palavra que falaram, uma brincadeirinha, essa brincadeirinha eu não conheço. A falta de respeito de ir no quarto da mulher que estava dormindo. Isso não se faz. Eu sinto muito pela família dele, mas ele é o culpado. Ele acabou com a minha vida, com a minha família."
O pai de Cristiana, Pedro Rodrigues, segue a mesma linha de argumentação.
Pedro Rodrigues: "Eu peço perdão pra mãe do Daniel, eu sei o sentimento que ela sente, mas se fosse meu filho, eu teria passado outra educação. Pra nunca agir da maneira que ele agiu. Se fosse meu filho, eu teria falado 'Nunca vá na cama de uma mulher casada que você pode ter problema'."
No depoimento de Doralice Ferreira dos Santos, a mãe de Edison Brittes, o réu confesso aparece como alguém que, abre aspas, "nunca matou uma barata".
Doralice dos Santos: "Eu não acreditei de jeito nenhum que meu filho foi capaz de fazer uma coisa dessas. Um filho tão amoroso que nunca matou uma barata. Uma coisa muito ruim deve ter acontecido para ele ter perdido a cabeça desse jeito. Eu peço perdão pra mãe do Daniel. Ele não poderia estar na cama do meu filho. Eu não eduquei os meus filhos desse jeito, sabe? Eu, na casa do meu filho, nunca entrei no quarto do meu filho sem pedir ordem. Só isso que eu queria dizer pro senhor. Eu peço perdão pra ela. Desculpa, viu?"
Importunação sexual
Antes de continuar, é importante deixar uma coisa bem clara: não existe, em nenhuma página dos autos do processo, qualquer indício de que Daniel tenha feito sexo, consensual ou não, com Cristiana. Mesmo assim, a foto na cama dela e as mensagens trocadas com amigos mostram uma atitude pouco respeitosa, no mínimo. O termo que a defesa dos Brittes usa para caracterizar a atitude do jogador é "importunação sexual", um crime tipificado no Código Penal.
Os advogados usam um outro acontecimento, ainda na festa de aniversário, pra reforçar o comportamento do jogador. Em imagens de câmeras de segurança da boate Shed (no vídeo acima, em trecho de reportagem da Rede Globo), Daniel aparece no fim da festa de Allana, do lado de fora da casa noturna. Em um trecho, Daniel conversa com uma mulher não identificada e de repente é empurrado por outro rapaz. A cena não é muito clara, a imagem não tem som, e é difícil tirar alguma conclusão dela. Para os advogados dos Brittes, o jogador assediou a garota, que acabou defendida por amigos.
Em depoimento, o chefe de segurança da boate, um homem chamado Marcelo Guerra, explicou o que supostamente teria acontecido. A gente lembra aqui que, apesar do depoimento, Marcelo não estava presente no momento em que Daniel foi empurrado. Ele só pode saber sobre o que diz a partir do relato de terceiros.
Marcelo Guerra: "Na saída da casa ele foi conversar com uma menina, creio que ficou importunando, acabou a menina reclamando pros amigos e quase entraram em vias de fato."
Cláudio Dalledone Jr.: "O jogador Daniel?"
Marcelo Guerra: "O jogador com três pessoas."
Cláudio Dalledone Jr.: "Importunaram uma garota."
Marcelo Guerra: "Exato."
Cláudio Dalledone Jr.: "E quase foram a vias de fato."
Marcelo Guerra: "O jogador importunou uma menina que reclamou a três amigos e eles vieram pra cima do jogador, sendo necessário a segurança intervir."
Advogado: "Ele estava alterado?"
Marcelo Guerra: "Visualmente. Depois que vê a câmera, o Daniel não conseguia parar reto. Você via que era embriaguez."
A defesa de Daniel
Ao longo do processo, os advogados dos Brittes tentaram deslocar a atenção da imprensa para o comportamento de Daniel. Diante da confissão de um crime violento, a estratégia da defesa foi partir pro ataque. Nessa linha de argumentação, o assassinato de Daniel só aconteceu porque ele invadiu o quarto de uma mãe de família e cometeu um crime contra a dignidade sexual dela. As acusações contra o jogador foram se acumulando desde o inquérito policial. Isso fez a família dele, que acompanhava tudo de Minas Gerais, contratar uma equipe de advogados para cuidar de seus interesses. E essa equipe passou a auxiliar o Ministério Público paranaense na acusação contra os Brittes.
O que a família do Daniel quer é buscar a condenação de Edison Brittes e dos outros réus. E também impedir que a memória do jogador seja manchada com acusações que eles consideram infundadas. Ainda mais porque o Daniel não está mais aqui para se defender delas. Aqui o trecho do depoimento de Regina Corrêa, tia de Daniel:
Regina Corrêa: "Ele era adorável. Quando os réus foram presos, a gente ficou sabendo que eles tinham acusado o Daniel. Disseram que ele foi morto porque ele tinha tentado estuprar uma mulher. Naquele momento, doutor, a Eliana teve mais uma notícia tão dolorosa quanto a da morte dele, porque a gente sabe, ele sabe, a Cristiana sabe que ele não fez isso."
Nos dias que se seguiram à morte de Daniel, ex-companheiros e ex-treinadores postaram fotos e textos em homenagem ao amigo. Todos pareciam chocados com o fim trágico e violento do rapaz simples, de fala mansa.
Jogadores de futebol são pessoas normais e podem se envolver nos mais variados problemas judiciais. Tem casos criminais conhecidos que vão desde embriaguez ao volante a violência doméstica, passando pelo não pagamento de pensão e por fraude tributária. Tudo isso faz parte do mundo do futebol. Mas Daniel parecia uma pessoa totalmente alheia a esse cenário. Por isso, a violência da morte dele foi ainda mais chocante e inexplicável.
Até que apareceram o áudio e as mensagens em que Daniel sugere que gostaria de fazer sexo com mulheres dormindo. E a gente sabe que fazer sexo com alguém dormindo tem nome: estupro. Ainda assim, o áudio e as mensagens não vão além da sugestão de um comportamento reprovável. A investigação policial jamais apontou qualquer indício de que Daniel tenha efetivamente estuprado ou tentado estuprar qualquer mulher.
Um caso do passado
Com o tempo, outros elementos surgiram. Uma história do passado estava prestes a ser divulgada. Diante de autoridades do caso, está uma mulher que havia conhecido Daniel anos antes e acusou o jogador de assédio. Antes de mostrar esse depoimento, eu preciso abrir um parêntese. A morte de Daniel teve grande repercussão nos meses seguintes ao assassinato. Durante a cobertura pro UOL Esporte, em contato com as partes envolvidas, a gente acabou descobrindo várias histórias sobre esses personagens.
As dicas vinham de fontes diferentes, algumas eram sérias e bem fundamentadas na realidade. Outras eram esdrúxulas e até fantasiosas. Muito do nosso trabalho passou a ser identificar o que era informação confiável e importante para o desenrolar do processo e o que não era. Logo nas primeiras semanas depois da morte de Daniel, eu fui informada de que Cristiana Brittes, a mãe de Allana, poderia não ter sido a única suposta vítima do jogador. Mas essa informação, depois de apurada, saiu do meu radar tão rápido quanto entrou. Ela indicava ser só um boato, como muitos que surgiram ao longo do processo.
Meses depois, apareceu outra dessas histórias e fui colocada em contato com Ludimila Garrido, aquela que deu o depoimento no começo deste episódio. Segundo a defesa dos Brittes, Daniel tinha um comportamento recorrente havia muito tempo, desde os primeiros anos como jogador profissional no Cruzeiro. Ele teria ficado conhecido na vida noturna de Belo Horizonte por ser desrespeitoso com mulheres. Uma dessas mulheres agora estava disposta a falar sobre o assunto.
Conversei por telefone com Ludimilla. Ela trabalhava como modelo e dizia que, durante uma balada em Belo Horizonte, Daniel tinha insistido em ficar com ela. E teria insistido mesmo após ela demonstrar que não tinha interesse. Mas o relato de Ludimilla era impreciso. Ela dizia achar que o caso teria acontecido em 2012, mas não se lembrava de pessoas que viram a cena e nem o nome do estabelecimento. Por causa disso, a gente optou por não publicar o relato de Ludimilla. Fora a imprecisão, ele parecia não acrescentar nada sobre os motivos e as circunstâncias que levariam o jogador à morte anos depois. Meses depois daquela ligação, a modelo foi apontada para depor como testemunha de defesa de Cristiana Brittes.
Como a Justiça acabou aceitando o depoimento dela como relevante no caso Daniel, mesmo sob protestos da família do Daniel, a história que Ludimilla conta acabou virando parte do processo. Por isso decidimos publicar o relato que aparece no início deste episódio. A seguir, você vai ouvir a continuação do depoimento em que a modelo Ludimilla Garrido fala sobre Daniel. Como ela contou antes, os dois se conheceram em um bar de Belo Horizonte. Na época dos fatos narrados, o jogador tinha 18 anos.
Advogado: "A senhora poderia explicar pra gente como o conheceu? Em que situação e quais os fatos..."
Ludimilla: "Já tem um bom tempo, na verdade numa casa, um pub ou boate na região da Savassi. Naquela região de bares os jogadores vão muito, eu sou atleticana, nem sabia que ele era jogador do Cruzeiro, me foi informado, e conheci assim."
Advogado: "Chegou ao conhecimento da defesa que teve um atrito, um constrangimento, a senhora poderia narrar esse fato?"
Ludimilla: "Sim. Na época eu achei ele muito... como posso dizer? Forçando mesmo..."
Advogado: "Forçando o quê?"
Ludimilla: "É difícil falar quando fala de jogador que generaliza, mas é um perfil, a meu ver, que não consegue ouvir não. Eu, na época, namorava, não tinha interesse nele, e achei que ele forçou, foi indelicado e passou de todos os limites que achei que podia ter passado comigo naquela época."
Advogado: ""Forçou em que sentido? Queria ficar com a senhora?"
Ludimilla: "Ele queria ficar comigo. Eu falei que não várias vezes. Me segurou, tentou. Enfim."
Advogado: "Agressão física?"
Ludimilla: "Não. Agressão de machucar, não. Agressão de encostar, sim."
Advogado: "Em que sentido?"
Ludimilla: "De pegar, de puxar. Se hoje já é ruim, naquela época as coisas eram piores."
Nesse ponto, Ludimilla explica que foi procurada pelos advogados da família Brittes depois do assassinato do jogador. Isso depois de ela postar algo em suas redes sociais sobre o encontro que teve com Daniel. Ela disse que foi motivada porque algumas coisas têm que parar, se referindo aqui ao assédio contra as mulheres.
Ludimilla: "Na época que rolou o escândalo, foi um caso polêmico, muita conversação, Whatsapp, mídia social, tudo. No Face, eu cheguei a comentar alguma coisa. A defesa me procurou. Eu fiquei em dúvida se falaria, minha mãe falou pra não falar, mas depois de alguns ataques em redes sociais eu decidi falar."
Advogado: "O motivo que levou a senhora a falar sobre esse fato é...?"
Ludimilla: "Coisas que têm que acabar. São acúmulos de erros. Não sou a juíza do caso, independente da ficha toda, dos problemas aí... mas do meu depoimento voltado pra mulher são acúmulos de erros, de silêncios, de coisas erradas."
O grupo de WhatsApp
O relato da modelo aparece nos autos entre uma série de indícios que, para a defesa da família dos acusados, provariam o desprezo e o desrespeito de Daniel pelas mulheres. E que esse mesmo comportamento levou o jogador a importunar sexualmente Cristiana. E que, em última instância, foi esse comportamento que provocou a morte dele. O relato da modelo se soma às fotos tiradas por Daniel na cama de Cristiana e às mensagens de texto e áudio enviadas pros amigos dele por Whatsapp.
Os advogados dos Brittes procuraram explorar a natureza do grupo que reunia Daniel e um punhado de amigos no Whatsapp. Nesse grupo, segundo a defesa, os amigos compartilhavam fotos de conquistas amorosas. E costumavam compartilhar também fotos de mulheres dormindo. Aqui, o advogado de defesa de Cristiana Brittes, Renan Pacheco, questiona o delegado Amadeu Trevisan sobre o grupo de Whatsapp. Repare que o delegado parece não dar muita atenção ao conteúdo que era compartilhado entre Daniel e os amigos.
Renan Pacheco: "Quando os senhores tiveram acesso ao grupo de Whatsapp do jogador Daniel, ele mantinha algumas conversas com outros amigos. Das fotografias que o Daniel enviou ao amigo o senhor se recorda?"
Delegado Amadeu Trevisan: "Sim."
Renan Pacheco: "O senhor lembra desse Lucas? Amigo e piloto."
Delegado Amadeu Trevisan: "Sim. Eu me lembro. Lucas Muner."
Renan Pacheco: "Ele disse que entregou o celular aos seus investigadores para eles analisarem o conteúdo do grupo em que eles trocavam ideias e fotos. Não sei se o senhor teve acesso ao relatório. Ali foi constatado que eles postavam fotos de mulheres que conquistavam. Geralmente a foto era tirada no momento em que a mulher dormia. O senhor teve acesso a essas informações obviamente?"
Delegado Amadeu Trevisan: "Sim, mas bem passei assim, doutor Renan. Não me ative assim, muito."
Renan Pacheco: "Chegou a ver o celular dele?"
Delegado Amadeu Trevisan: "Não, isso ficou a cargo dos investigadores."
Lucas Muner, o amigo de Daniel que foi o primeiro a reconhecer o corpo no IML, defendeu o jogador das acusações. Ele respondeu perguntas do advogado Nilton Ribeiro, contratado pela família de Daniel.
Nilton Ribeiro: "Como era o tratamento de Daniel com as mulheres que ele se relacionava?"
Lucas Muner: "Ele tratava super bem, com respeito, educação, perguntava se estavam à vontade. Foi sempre tranquilo. Era sempre receptível. Super do bem. Ele não ficava falando que era jogador. Eu descobri que era jogador por uma amiga minha e não por ele."
Nilton Ribeiro: "Tem um grupo que tá sendo mencionado toda hora nessa sessão de julgamento. Você poderia explicar o que é esse grupo? Quem fazia parte, pra que servia esse grupo?"
Lucas Muner: "O grupo era eu, Daniel, Dudu Flamel, Dudu Andrade e o Renan. Cinco pessoas."
Nilton Ribeiro: "Deixa eu aprimorar minha pergunta. Era um grupo onde vocês postavam fotos de mulheres que vocês ficavam?"
Lucas Muner: "Não, jamais. Era foto normal. A gente conversava entre nós. Era grupo normal."
Nilton RIbeiro: "Não era grupo destinado a dizer fiquei com Fulana e Beltrana, aí tira uma foto..."
Lucas Muner: "Não. Rolava comentários 'Olha com quem eu fiquei, fiquei com essa menina, quero namorar essa.' Mas não tem foto..."
Nilton Ribeiro: "O senhor viu pela imprensa que tem um suposto áudio do Daniel e você viu uma foto do Daniel ao lado da Cristiana. Essas fotos e esse áudio foram para esse grupo?"
Lucas Muner: "Essas fotos foram enviadas para o Dudu, o Eduardo Flamel, e depois, pelo desespero, acabou perguntando para os amigos mais próximos."
A existência desse grupo de WhatsApp aparece pela primeira vez nas investigações em um relatório da equipe da Polícia Civil que estava de plantão no fim de semana do crime. Quando entrevistaram os amigos de Daniel, os policiais Marcelo Brandt e Izaudino Reis, que aparecem no primeiro episódio dessa história, escrevem o seguinte:
Investigador: "Lucas, Daniel, Eduardo Flamel e Eduardo Andrade eram amigos de longa data, criaram um grupo de Whatsapp, no qual postavam fotos de mulheres que conquistavam, geralmente a foto era tirada no momento em que a mulher estava dormindo."
Agora, quem questiona Lucas sobre o grupo de WhatsApp dos amigos de Daniel é o advogado Rodrigo Faucz, que defende os réus Ygor King e David Vollero. O advogado faz menção ao relatório da equipe de plantão da Polícia Civil. Ele leva uma bronca da juíza Luciani de Paula e precisa reformular sua pergunta.
Rodrigo Faucz: "Ele entrou nesse grupo que participavam você e o Daniel? Você relatou que não partilhavam nesse grupo fotos pornográficas de mulheres que vocês em tese conquistavam. Você sabe dizer por que o delegado de polícia, em seu relatório, analisando o celular, concluiu que nesse grupo eram partilhadas fotografias de mulheres que conquistavam? Inclusive quando elas dormiam..."
Juiza Luciani: "Doutor, dessa forma eu vou indeferir sua pergunta."
Rodrigo Faucz: "Tomou conhecimento que o delegado concluiu que no grupo que o senhor participava eram compartilhadas fotografias de mulheres dormindo que os senhores conquistavam?"
Lucas Muner: "O delegado não compartilhou meu celular, ele não estava no recinto. Só estavam os policiais."
Rodrigo Faucz: "Que policias que estavam?"
Lucas Muner: "Não me recordo o nome deles."
Rodrigo Faucz: "Esse relatório é assinado por investigadores."
Lucas Muner: "São investigadores da polícia civil. Eles que visualizaram meu celular."
Rodrigo Faucz: "Foram eles que concluíram no relatório que nesse grupo de Whatsapp eram postada fotografias de mulheres que os senhores conquistavam. O senhor nega?"
Lucas Muner: "Não havia compartilhamento de mulher. Dessa forma que o senhor tá falando, não tinha."
Depois de sair da festa na boate Shed, já na casa dos Brittes, Daniel teria interagido pouco com os convidados, segundo o relato de testemunhas. Mas Allana afirmou que outra mulher reclamou do comportamento dele. Daniel teria insistido em ficar com uma amiga dela, Evellyn Perusso, apesar de receber uma negativa. Os dois haviam se beijado na boate mais cedo.
Allana: "Fiquei dez, quinze minutos ali. Mostrei onde era o banheiro da área de festas pro Daniel, que era ali perto. O meu pai serviu todos que estavam ali. A Evellyn estava meio acanhada e eu perguntei 'Amiga, o que tá acontecendo?' Ela falou que estava com ranço do Daniel porque eles teriam dado um beijo na Shed e ele foi atrás dela até minha casa. E falou pra ela se ela queria conhecer algum cômodo da casa, que ele queria ficar a sós com ela e ela disse que não. Que não queria nada com ele".
Ela falou: 'Me deixa dormir aqui porque não quero ficar perto dele. Ele tá insistindo e eu não quero mais ficar com ele. Dei um beijo na Shed e não quero ter mais nada com ele'. Eu disse 'Tudo bem, vou tomar banho e dormir e se quiser você pode ficar aqui'."
Sozinho, Daniel deixou a área reservada pros convidados e entrou na casa. Foi parar no quarto principal. Lá, Cristiana dormia.
"Comi ela, moleque"
No começo daquela manhã de sábado, Daniel trocou uma série de mensagens por Whatsapp com o amigo Eduardo Flamel. Os prints aparecem no relatório da investigação que apurou as circunstâncias da morte. A seguir, a gente vai mostrar o teor dessas mensagens, que são as últimas enviadas pelo jogador:
Às 8:07, Daniel escreve: "Me chama assim que puder, moleque. Urgente. Tô numa resenha."
Eduardo Flamel: "Fala fdp. Se esbaldando aí?"
Daniel: "Moleque meu som tá no Bluetooth. Te passar a situação. Vim pra Curitiba. Niver de uma mina. Que tem uma casa. Nessa casa eu entrosei na balada e vim. Tem várias mina dormindo espalhada. Kkkk é isso."
Eduardo Flamel: "Niver de uma mina que tem uma casa. Nessa casa eu entrosei na balada? Entendi nada. Tá bebão né fdp, kkk."
Daniel, então, envia um áudio, aquele áudio que já ouvimos uma vez:
Moleque, eu juro pra você que não estou muito bêbado, viado. A situação é desesperadora. Eu não sei como é essa casa que eu vim parar aqui, mas parece que a casa tem, sei lá. Uma casa tem uma coroa dormindo, outra casa tem uma novinha dormindo. O namorado da novinha eu não sei onde está, o marido da coroa eu não sei onde está. Moleque, eu não sei o que eu faço, moleque. Me ajuda.
Temendo que o áudio não tivesse sido enviado, Daniel pergunta:
Daniel: "Saiu mudo?"
Eduardo Flamel" "Kkkkk. Saiu não. Uai moleque. Como assim? As muié tão dormindo e vc quer ir lá acordar elas? kk Casa de quem?"
Daniel: "Kkk Ou comer a mãe da aniversariante. E o pai tá junto."
Eduardo Flamel: "A coroa tá dormindo? Vai fazer merda aí não moleque, kk. Vão te expulsar da casa."
Daniel envia uma série de fotos ao lado da Cristiana Brittes dormindo em sua cama. E manda uma risada.
Eduardo responde, rindo também: "Kkkkkkkkk. Pqp. Moleque, vai fazer merda aí não, fdp. Cara vai chegar aí e te encher de porrada."
Minutos depois, Daniel envia seis emojis de risada e escreve em seguida: "Comi ela, moleque. Kkkkk, pqp."
Depois de mais uma foto ao lado de Cristiana dormindo, Daniel escreve: "O que aparecer amanhã, é nois."
Eduardo Flamel: "Mentira, acordou ela e comeu? Ou tomou dormindo?"
A última mensagem desse diálogo foi enviada às 08:38 da manhã. Às 4:49 da tarde, Eduardo enviou mais uma mensagem:
Cade vc fdp?
Essa mensagem nunca chegou ao seu destino.
Cristiana e Daniel
Na festa de aniversário da filha, Cristiana bebeu, se divertiu e dançou com as amigas de Allana. Depois, em casa, interagiu um pouco com os convidados antes de ir dormir no quarto. No relato para a juíza Luciani de Paula, Cristiana contou que a primeira vez que ouviu a voz de Daniel foi no áudio em que ele descrevia as mulheres dormindo na casa dela.
Cristiana Brittes: "Eu vi ele pela segunda vez. Eu vi de longe na Shed. Eu vi a primeira vez no aniversário de 17 anos da Allana, uma festa pra 200 pessoas. Tinha a minha família. Nós ficamos de um lado com a família e ela com os amigos. Eu vi ele pela primeira vez, mas não tive nenhuma intimidade, nenhuma conversa, no aniversário de 17 anos dela."
Juíza Luciani: "E nesse período não tiveram nenhuma?"
Cristiana: "Nunca. Eu nunca falei com ele. Eu nem sabia qual era a voz dele. Eu conheci a voz dele através da TV, de um áudio que ele mandou do meu quarto. Eu nunca tinha ouvido a voz dele. Nunca conversei, nunca falei com ele. O contato foi esse no aniversário de 17 anos, que eu só na hora de receber os convidados ali, e só. E na Shed, na hora que ele chegou que eu vi. Só. Não tive mais contato com ele durante a festa."
Na casa, depois da balada, Cristiana foi dormir enquanto a filha, o marido e amigos continuaram celebrando.
Cristiana: "Eu fiquei muito pouco tempo na área de festa. Eu estava com fome, meu marido fez um ovo para eu comer, comi o ovo, e fui dormir. Fechei a porta do meu quarto e tava dormindo. A porta não estava chaveada. Até porque foi meu marido que me colocou pra dormir. Eu comi o ovo, deitei na cama, ele me cobriu e fiquei dormindo. A porta estava encostada. A área de festa não tem nada a ver com a minha casa. É uma área externa, tem uma porta da área de festa que dá na cozinha. É totalmente isolado, independente da casa."
Juíza Luciani: "E o que aconteceu na sequência?"
Cristiana: "Eu fui dormir. Eu estava dormindo. Eu acordei com ele em cima de mim. Ele estava pegando no meu seio, com o pênis para fora. Ele estava só de cueca, de camiseta, ainda com o pênis pra fora e esfregando em mim o pênis. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo.
Eu não sei o que eu falei. A reação que tive assustada. Eu lembro que ele falou pra mim 'Calma, calma, é o Daniel.' Como eu não conhecia, quem era o Daniel?
É nesse momento que Edson Brittes entra no quarto e vê Daniel em cima da mulher. O jogador estaria sem calça.
Cristiana: "Eu ouvi tentando abrir a porta do meu quarto, mas não abriu, estava trancada e ele continuou em cima de mim. E minutos depois meu marido veio pela janela. Ele ainda estava em cima de mim. Ele jogou ele pro lado da cama e eu falei 'por favor, vamos chamar a polícia, Júnior'. Ele falou 'sai daqui!'. Meu marido estava tomado pelo ódio. Foi uma raiva que eu nunca vi na vida. Mandou eu sair."
Eu falei pro Eduardo: 'Pelo amor de Deus, ajuda que o Junior estava batendo no Daniel'. Mas eu não falei o motivo, só pedi ajuda. O Eduardo desceu e eu fiquei com a [testemunha] e ela falou: 'Esse cara é um pilantra'. Ela me contou um episódio que ela estava no meu banheiro, ouviu a porta do meu quarto abrir e achou que era o meu marido, falou: 'Primo, não entra que estou no banheiro'. Ele continuou entrando e ele ficou olhando ela no vaso. Ela deixou ele no quarto e acredito que depois disso ele tenha tirado tirado as calças".
Juíza Luciani: "O seu marido entrou e tirou ele de cima de você?"
Cristiana: "Quando pulou a janela, meu marido já estava segurando pelo pescoço. A [testemunha] deitou minha cabeça no colo dela e disse: 'Fica calma, eles são homens, eles estão nervosos, não adianta você se meter'.
"Eu não queria que batessem nele. Muito menos que matassem. Eu pedia a todo momento ajuda, por Mineiro. O Mineiro é prova disso, eu pedia: 'Por favor, liga pra polícia, Mineiro'. Ele colocava as duas mãos na cabeça e falava que não podia fazer nada. A todo momento eu pedia ajuda, pra ligar pra polícia. Ninguém fez nada. Mesmo quem não tava batendo. Ninguém fez nada. Não tinha só eu lá, tinha outras pessoas e ninguém fez nada. Quando eu fui entrar, meu marido colocou o dedo na minha cara e falou: 'Não se mete, por que você tá defendendo esse vagabundo?' Como se eu tivesse alguma coisa com esse cara."
Juíza Luciani: "Quem falou isso?"
Cristiana: "Meu marido. Falou: 'Não se mete, por que você tá defendendo esse vagabundo?'
Nunca conversei com o Daniel, nunca dei intimidade. Eu tava dormindo, é isso que eu não entendo. Eu tava na minha casa, na minha cama, no meu quarto, dormindo, e fui presa por isso. Fui abusada pelo Daniel."
Agora, pintam como ele é santo. Ele não é santo. Ele tava em cima de mim com o pênis de fora, as pessoas não veem isso. Tem fotos com ele no meu quarto. Mesmo com provas, parece que as pessoas não enxergam. Só existe uma verdade, e a verdade é que ele invadiu a minha casa, o meu quarto, subiu em cima de mim na minha cama e tentou abusar de mim. Eu acordei com ele pegando nos meus peitos e com o pênis ereto em cima de mim. Essa é a verdade. Nunca tive nada com ele, nunca falei com ele, não sabia como era a voz dele. Nunca dei nenhuma intimidade. Não entendo por que isso aconteceu."
Juíza Luciani: "Ninguém reagiu? Ninguém tentou impedir que teu marido batesse nele?"
Cristiana: "Não, ninguém fazia nada. A todo momento eu pedia ajuda. Eu não queria que batesse nele. Eu pedia pra chamar a polícia. A hora que meu marido entrou no quarto, eu falei: 'Vamos chamar a polícia'. Mas ele não era ele. Ele não me ouvia. Ele tava com ódio de mim, ele tava tomado pelo ódio, a raiva."
No próximo episódio de Futebol Bandido:
Eleandro Passaia: "Eu quero a opinião do povo que está em casa. Não vou afirmar se é tentativa de beijo ou não. Quero primeiro que as pessoas que estão em casa participem e colaborem com essa pesquisa. João, essa é uma imagem bastante forte e ela contradiz tudo aquilo que havia sido dito pelos Brittes e pelos amigos dentro da Shed.
João Gimenes: "Exatamente. Desde a primeira sessão de depoimentos que aconteceu em São José dos Pinhais, houve um dos rapazes que estavam na Shed naquela noite que relatou em testemunho, em depoimento, ter sido beijado pela Cristiana Brittes, a mãe da Allana, e mulher do Edison. Nós tivemos o rebate logo após esse depoimento, dessa afirmação, por parte da defesa dos Brittes, dizendo que isso jamais teria acontecido. Agora, a imagem vem à tona. A imagem é muito clara, você consegue ver bem o que se passa ali. Aí que está a grande questão, Passaia: Cristiana Brittes tentou beijar esse rapaz, quem é esse rapaz?"
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