Djalminha: Seleções campeãs tiveram mais de um decisivo, hoje é só o Neymar
Do UOL, em São Paulo
27/10/2020 15h15
A seleção brasileira não vence uma Copa do Mundo há 18 anos, desde a conquista de 2002, quando um dos selecionáveis era Djalminha, que acabou fora da lista de convocados do técnico Luiz Felipe Scolari, depois o jogador ter sido notícia por uma cabeçada no técnico Javier Irureta, no Deportivo La Coruña. E o ex-jogador e atualmente comentarista e colunista do UOL não vê perspectiva do hexacampeonato mundial considerando as condições atuais do futebol brasileiro.
Em entrevista ao programa Os Canalhas, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, Djalminha cita as seleções brasileiras que foram campeãs do mundo e o número de protagonistas que cada uma tinha, de jogadores que eram os craques de seus clubes e se reuniam na Copa, condição que hoje ele atribui apenas a Neymar.
"Eu não queria ser tão pessimista de 'não verei' [a seleção brasileira campeã], mas eu acho bastante difícil. Eu acho que nós deveríamos de ter mais jogadores de qualidade, desequilibrantes, diria assim, nós temos o Neymar e quando nós não o temos, eu vejo uma seleção muito normal a todas e a seleção brasileira desde que eu me conheço por gente, ela nunca foi uma seleção normal, ela sempre esteve acima das outras, então a gente tem que esperar muito do Neymar, de estar muito inspirado", afirma Djalminha.
Djalminha opina que o Brasil tem bons jogadores, mas nenhum que desequilibre além de Neymar e cita os protagonistas das Copas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002 como algo que não se tem hoje na seleção comandada por Tite.
"As seleções que foram campeãs do mundo sempre tiveram dois ou três craques. Por mais que tivesse uma boa defesa, um esquema tático e tudo, mas a de 1970 tinha um monte de craques, as outras Pelé e Garrincha, e mais, não era só o Pelé e o Garrincha, sempre tinha dois ou três craques. Depois, Romário e Bebeto, Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, então as que ganharam sempre tiveram esses caras que decidem. Hoje nós temos um e eu acho pouco", diz o ex-jogador.
"Não significa que esses jogadores não sejam grandes jogadores, mas eu falei desequilibrante, é porque, assim, em outros tempos, todos esses jogadores que eu citei, eles, quando jogavam na Europa, eram os principais jogadores daquele time, e hoje esses jogadores que estão na seleção são bons jogadores, mas eles não são nem os principais jogadores em seus clubes. Então não vai ser na seleção brasileira", completa.
Djalminha ressalta que a própria atitude de Neymar de tentar resolver sozinho é por conta da falta de alguém com quem possa dividir a responsabilidade de decidir jogos.
"Não é que seja uma Neymardependência, é que o Neymar está muito acima dos outros e ele por ver isso as vezes tenta resolver sozinho mesmo, é uma coisa natural, eu não acho nem defeito dele nesse sentido. Se os outros assumissem um pouco mais 'não, eu vou tentar agora a jogada sozinho, eu vou fazer', seria uma divisão de tarefas e de responsabilidades que não acontece, mas não que sejam jogadores de má qualidade, não. Falei assim, acima do nível normal, acima da média, eu acho que o Neymar é o único que está ali acima da média mesmo", conclui.
Os Canalhas: Quando e onde?
O programa Os Canalhas vai ao ar toda terça-feira, às 14h, com programa inédito, disponível na home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte no Youtube e no Facebook e Twitter, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana entrevistando personalidades importantes do esporte brasileiro. Inscreva-se no canal Os Canalhas no Youtube para conferir mais de João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana.