Liberdade dentro d'água: UOL lança trailer do filme já premiado "Raia 4"
Imagine essa incoerência: o ambiente em que você se sente mais livre, mais você mesmo, também é onde mais se recebe pressão por desempenho. Qualquer semelhança com o mundo do esporte não é coincidência. É sob o pano de fundo da natação competitiva e das descobertas adolescentes da protagonista Amanda que se desenrola o filme "Raia 4".
"Essa dedicação ao esporte na juventude para mim é algo fantástico. Enquanto a galera da escola faz festas você vai dormir às 22h para acordar às 5h e treinar. Sem contar a pressão de todos os lados e a relação que você cria com os outros atletas", diz Emiliano Cunha, roteirista e diretor da produção cujo trailer oficial o UOL Esporte lança hoje, após cessão da Boulevard Filmes.
"Raia 4" já foi exibido em festivais fora e dentro do Brasil, inclusive no Festival de Cinema de Gramado de 2019, quando conquistou os prêmios de melhor fotografia, melhor filme gaúcho e melhor filme segundo o júri da crítica. Estreia nos cinemas em 6 de maio e duas semanas depois nas plataformas digitais NOW, Google Play, Apple Tv, iTunes e Youtube Filmes.
A história do filme se passa em Porto Alegre, onde Amanda (Brídia Moni) é uma nadadora que lida com os sacrifícios e prazeres do esporte ao mesmo tempo em que vive as primeiras descobertas e constrangimentos da adolescência com pais que querem fazer qualquer outra coisa que não seja dar atenção a ela. Tímida, ingênua e cheia de indecisões e curiosidades, ela só se sente à vontade com uma colega de equipe, Priscila (Kethelen Guadagnini), e embaixo d'água. Aliás, é como se tudo que impusesse alguma inquietação a ela tivesse que ficar submerso.
Da piscina ao set: elenco de nadadores
Brídia e Kethelen nunca haviam atuado antes de "Raia 4". Ambas eram nadadoras competitivas, como suas personagens, e participaram de um processo seletivo que envolveu 120 adolescentes esportistas (não atores) de Porto Alegre para definir o elenco.
"Eu precisava desse gestual da natação. Seria inviável escolher um elenco infantojuvenil e ensiná-lo a nadar de maneira aceitável, porque eu vejo um braço meio torto de quem nada em filme, uma respiradinha diferente, e já sei que não é nadador (risos). Somos sempre enganados em filmes de esporte, porque é tudo espetacular e não sofrido como é a realidade. O atleta tem uma percepção corporal afiada necessária num filme realista", explica o diretor Emiliano Cunha.
Dos mais de 120 nadadores inscritos na seleção, 14 foram escolhidos para "brincarem de atuar" como a equipe de natação do "Raia 4" durante três meses. Já o elenco adulto foi todo de atores profissionais, como José Henrique Ligabue, que fez Harshi na novela "Gênesis", da Record TV.
A escolha incomum do diretor do filme tem uma razão: ele próprio foi atleta de natação na juventude e sabe reconhecer quando o movimento dentro da piscina não é convincente. "Eu iniciei como mirim e fui até sênior. Até hoje brinco no máster, a natação permeou minha vida. Passava mais tempo dentro da água do que com meus pais e minha primeira formação foi em Educação Física, não em Cinema. Depois mudei de profissão e ouvi aquela máxima do cinema: nos seus primeiros filmes, fale daquilo que você conhece. Eu precisava contar essa história."
"Raia 4" é o primeiro longa-metragem de Emiliano Cunha. Ele já realizou alguns curtas e dirige a série "A Bênção", do Canal Brasil.
A água como personagem
Emiliano Cunha diz que a natação, "entre os esportes individuais, talvez seja o mais sensorial", então decidiu usar a água como se fosse um personagem, algo maior do que um simples elemento de cena: "É uma metáfora. O espaço onde você se sente bem e acolhido, mas ao mesmo tempo onde não pode respirar. É um filme que permite muitas leituras, mas a água permeia todos. As pessoas vão mergulhar nele (risos)."
Não à toa, o imprevisível fim do filme envolve justamente a água.
Tivemos um cuidado na direção ao mostrar como a Amanda se relaciona com a água. Só enquadrávamos a personagem de frente quando ela estava dentro da água, onde ela se sentia bem. Fora da água a câmera está mais lateralizada, não relevando corpo inteiro, não a revelando inteira. É algo para quem assistir prestar atenção."
"Raia 4" seria lançado no começo de 2020, mas precisou ser adiado em razão da pandemia. A produção vai para algumas salas de cinema por obrigação contratual, mas o foco é no streaming. "É um filme muito sensorial, com um apelo sonoro importante. Perdemos por não tê-lo exibido em sala comercial de cinema, porque impacta quando tem um som forte, mas estamos muito felizes que ele vá chegar até muita gente."
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