Presidente do Grêmio: Saída de Renato foi muito tranquila e consensual
Do UOL, em São Paulo
29/04/2021 15h48
Em um futebol brasileiro que vive uma frenética troca de treinadores, o Grêmio foi a exceção durante mais de quatro anos, tendo no comando Renato Portaluppi, um dos maiores ídolos da história do clube, mas este ciclo chegou ao fim há duas semanas, com o anúncio de sua saída após a eliminação na fase preliminar da Libertadores. Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do UOL Esporte, o presidente gremista Romildo Bolzan explica como foi a saída, o cuidado para preservar a relação com Renato e a sequência do tricolor gaúcho.
Bolzan afirma que a saída de Renato foi consensual, com uma ideia compartilhada tanto pela direção do Grêmio como pelo treinador, mas com o cuidado de respeitar a figura de Renato Portaluppi, pelo que construiu como jogador, além de treinador, ressaltando uma porta aberta.
"Foi muito tranquila e consensual. Nós tínhamos feito uma posição em relação à direção, fomos conversar e as posições coincidiram. Na verdade, a situação que o Renato também examinava e via era exatamente uma situação que também implicava em uma avaliação de término. E aí o que acontece? Fizemos todas as nossas rápidas reflexões e consensuamos a saída sem nenhum problema", afirma Bolzan.
"Pessoas que deixam um legado como ele deixou e que têm esse tipo de perfil e que foi respeitada e continua sendo respeitada no Grêmio, deixa as portas abertas. O que nós nos preocupamos em fazer neste momento do distrato foi exatamente a preservação de tudo aquilo que ficou de bom. Acho que as portas ficam muito abertas por conta exatamente desse entendimento absolutamente civilizado da saída, então o que eu posso dizer a respeito da saída é que foi um consenso e esse consenso resultou na saída", completa.
No ciclo de Renato como técnico, o Grêmio começou com títulos importantes como a Copa do Brasil e a Libertadores, mas fechou a passagem com a perda de final para o Palmeiras na copa nacional, uma posição inferior à de anos anteriores no Brasileiro e a queda precoce na Libertadores, tendo conquista apenas no Campeonato Gaúcho, o que causava alguns questionamentos ao trabalho, mas Bolzan defende o treinador e credita a situação às próprias mudanças no elenco.
"Todo mundo fala que é fim de ciclo, todo mundo fala que já é costume, o excesso do costume, o excesso, vamos dizer assim, da convivência, o desgaste às vezes de ter jogadores titulares e reservas já previamente definidos, cria a desambição em alguns, enfim, aquela situação toda que faz parte de um contexto de muito tempo de relacionamento. Mas o que eu posso de dizer assim é que, mesmo em uma situação em que o Grêmio não tivesse exatamente aquela perspectiva de ganhar, o Grêmio chegou, chegou sempre numa semifinal de Libertadores, chegou na final da Copa do Brasil, sempre estava disputando, os campeonatos regionais ganhou os últimos três", afirma.
"O Grêmio sempre teve uma posição que ficava na faixa primeira do campeonato nacional, embora talvez aquele não rendimento que às vezes se confunde com títulos, o Grêmio foi um clube disputante. O que fica aqui não é exatamente uma situação de esgotamento, mas fica aqui que o Grêmio mesmo na dificuldade que se apresentava, às vezes na transição de elenco, na mudança de elenco, na mudança de jogadores, estava sempre na ponta de cima das tabelas, eu acho que é isso que tem que ficar caracterizado", completa.
Novo ciclo sem os poderes de Renato Portaluppi
O histórico de ídolo no Grêmio contribuiu para sua longevidade no cargo de técnico, assim como o dava poderes para tomar decisões que outros treinadores talvez não pudessem. Com o sucessor Tiago Nunes tendo poucas experiências comandando equipes profissionais, de sucesso no Athletico-PR e de pouco êxito no Corinthians, mas Bolzan não acredita que isso venha a ser um problema no clube.
"Eu acho assim, se o técnico é poderoso e ganhador como foi o Renato, por mim vamos em frente, se o processo está dando certo, se as coisas estão andando bem e se o título está chegando, para mim essa coisa não se trata de poder ou não poder, o Renato tinha um poder de influência, um poder político, um poder de convencimento e um poder que colocava exatamente suas ideias em xeque e botava para valer, e o processo do Renato era este", diz o presidente do Grêmio.
"Estou conhecendo o Tiago Nunes agora e verifiquei nele uma situação muito particular, o processo dele é mais de convencimento, mais de diálogo, bem mais elaborado no que diz respeito assim às construções dos ambientes, cada um tem seu estilo, o que nos importa neste momento é saber se vamos chegar às vitórias, o Renato chegou e o que nós mais queremos é que o Tiago venha com o mesmo processo de vitórias e consiga estabelecer uma alta eficiência no grupo", completa.
Apesar da chegada do vice de futebol Marcos Hermann, que não estava presente no período de Renato, e da troca de treinador, o dirigente afirma que a ideia no Grêmio não é de uma ruptura, mas uma transformação como a de quando assumiu a presidência do clube.
"Nós já estamos aqui há praticamente seis anos e meio no Grêmio e nós tivemos uma fase de recuperação lá em 2015 e 2016 que resultou em títulos, nesse momento nós vivemos uma outra fase muito semelhante àquela, ou seja, o momento é de fazer uma nova transformação, uma nova intervenção, não uma ruptura, mas conceitos novos e isso estabelece que nós estamos em um segundo momento de reciclagem, e essa reciclagem é o grande desafio que a gente tem", diz Bolzan.
"Quer dizer, em uma governança única, praticamente, chegarmos aqui a um processo de em duas oportunidades reciclarmos e sairmos vencedores. Eu acho que esse é o nosso grande desafio e a modelagem do futebol que se faz hoje através de um novo vice-presidente de futebol, o doutor Marcos Herrmann, de uma nova comissão técnica, de uma restruturação também um tanto diferente, com conceitos diferentes visa exatamente o sucesso dessa engrenagem que é se reciclar por dentro e sempre ter um ciclo vencedor", conclui.
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