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Batalha no Pacaembu moldou a forma de lidar com organizadas, diz sociólogo

Do UOL, em São Paulo

22/07/2021 23h26

Uma batalha campal que causou uma morte e deixou 102 feridos no estádio do Pacaembu, durante a final da Supercopa de Juniores de 1995, entre São Paulo e Palmeiras, mudou a forma de lidar das autoridades com as torcidas organizadas, incluindo a extinção da Independente e da Mancha Verde, que conseguiram retomar suas atividades e existem até hoje.

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, o sociólogo Bernardo Buarque de Hollanda, pesquisador e especialista em torcidas organizadas, afirma que as medidas que foram tomadas pelas autoridades a partir da batalha campal se seguiram nos últimos 25 anos e pouco mudou na forma de lidar com os grupos de torcedores, fazendo uma comparação ao que foi feito na Europa.

"A gente tem o momento crítico, quando a gente tem uma primeira morte associada a uma rivalidade intertorcidas e já em um plano nacional, já envolvendo torcidas em São Paulo, mas também tendo uma dimensão, um eco e uma proporção que vai ter efeitos em nível nacional. Nos anos 1990 eu acho que é um momento também muito complicado desse tipo de rivalidade. Tudo isso é transposto também para as arquibancadas e nos anos 90 esses números realmente passam da escala das dezenas e centenas para o milhar, então você tem grupos que crescem para 20 e 30 mil associados e aí, de fato, o controle se torna muito complicado", afirma Buarque.

"O ápice disso vai ser a batalha campal do Pacaembu, em 1995, também em um contexto, assim como as tragédias internacionais, na Inglaterra, em Heysel, Hillsborough, que são contextos também de falhas das autoridades na organização dos eventos, mas claro que ali a gente tem um momento em que vem à tona tudo isso o que vinha acumulando de rivalidade nos últimos anos e aí, a partir de uma falha, um confronto filmado gera toda uma comoção nacional e implicações agora em um processo de judicialização das torcidas que aí a gente pode dizer que nos últimos 25 anos vem dando a tônica da pauta de como se lida com esse fenômeno", conclui.

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