Dona da Crefisa, que patrocina o Palmeiras, Leila Pereira oficializou ontem a sua candidatura à presidência do clube, prometendo um time forte para a conquista de títulos e gerando também questionamentos a respeito de um conflito de interesses, já que não apenas preside a patrocinadora, mas também é credita do Alviverde devido a aportes feitos para contratações.
No programa UOL News Esporte, Mauro Cezar Pereira analisa o anúncio da candidatura de Leila, que é apontada como favorita para a sucessão de Mauricio Galiotte e vê em sua eleição o risco de o Palmeiras s tornar dependente da patrocinadora, lembrando que isso já ocorreu em outros clubes e o resultado esportivo inicial foi bom, mas no fim acabou em problemas para a gestão.
"Qual o perigo? O Palmeiras é um clube que tem saúde financeira, na minha opinião, independentemente da Crefisa, a Crefisa é um chamado plus, dá um algo mais ao Palmeiras, aumenta o seu poder de fogo no mercado na hora de contratar jogadores, mas o Palmeiras teria condições sem a Crefisa com outro patrocinador 'normal', digamos assim, de ser um time forte, porque tem as finanças equilibradas", diz Mauro Cezar.
"Eu imagino que a Leila na presidência e com esse discurso, qual a tendência? É ela formar times mais fortes, contratando mais jogadores, mas ao mesmo tempo aumentar a dependência do Palmeiras com relação a ela, ou criar uma dependência, que talvez nem exista hoje. Então os torcedores gostam de falar que a receita da Crefisa é um percentual x de tudo o que o Palmeiras fatura. Se esse percentual vai crescendo, vira uma situação parecida com a do Atlético-MG. Enquanto ela estiver lá, ótimo, mas no dia em que ela for contrariada ou que ela for tirada do poder, muda", completa.
O jornalista cita os casos do Botafogo com Emil Pinheiro nos anos 1990 e o Fluminense com a Unimed como exemplos que renderam conquistas e times fortes, mas acabou em problemas depois que ocorreram mudanças na gestão dos dois clubes.
"No momento em que um presidente que entra começa a tentar tirar o poder do patrocinador, começa a derrocada do Fluminense, que até hoje tenta se recuperar, então é um caminho que eu acho que o Palmeiras não precisava percorrer. Pode ser no curto prazo interessante, mas no longo prazo pode custar caro. Acho muito ruim quando um grande clube de grande torcida passa a depender de pessoas", diz Mauro.
"O Palmeiras tem pernas fortes o bastante para caminhar sozinho, mas parece que vai aderir de vez a uma situação em que a tendência é uma dependência maior da Leila, um fortalecimento do futebol se ela cumprir esse prometido, se esse discurso for realmente seguido, mas no médio e longo prazo isso pode não ser muito bom para um clube que tem condições de ser forte independentemente de mecenato e afins", conclui.
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