Futebol sem Fronteiras #21: Por que River x Boca é o maior clássico do mundo?
Neste domingo (3), a partir das 17h (horário de Brasília), a Argentina vai parar por pelo menos 90 minutos. É dia de River Plate x Boca Juniors, que se enfrentam no estádio Monumental de Núñez. Para os donos da casa, a partida diante do arquirrival pode lhe dar a liderança do campeonato nacional - em segundo, os Millonarios estão a dois pontos do líder Talleres. Do lado xeneize, ganhar no quintal do rival significa a chance de reação, já que a equipe está em 6º lugar, com 21 pontos.
No podcast Futebol sem Fronteiras #21 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade conversaram com Ariel Palacios, correspondente da GloboNews e dos canais SporTV em Buenos Aires. Eles falaram sobre a expectativa para mais uma edição do Superclásico e a dimensão de sua importância.
"Anos atrás, o semanário inglês The Observer fez uma lista das 50 coisas na área esportiva que uma pessoa tinha que fazer antes de morrer. A primeira da lista era ver um Boca e River. O The Sun, outro jornal Inglês, também colocou o embate entre Boca e River como 'a experiência esportiva mais intensa do mundo. A revista britânica FourFourTwo também catalogou Boca e River como o maior clássico do mundo", explicou Ariel. Como Julio brincou na sequência, para um inglês não colocar algo inglês em primeiro lugar em uma lista, já se nota o tamanho gigantesco do Superclásico.
Jamil concorda e mostra que o jogo reúne bem mais do que a disputa dentro das quatro linhas. "É um dos grandes eventos do esporte mundial. Nada ou muito pouco se compara a um River e Boca. É um jogo que teve emboscada, infelizmente, com violência, mas teve muito futebol, história, cultura e até política envolvida. Presidentes de clubes já foram presidentes do país depois", disse. Um dos exemplos é Maurício Macri, ex-presidente do Boca e que governou a Argentina entre 2015 e 2019.
Palacios traçou um panorama que ajuda a entender como não há nada parecido com o tamanho da rivalidade entre River e Boca no mundo. "Se pegarmos as torcidas de Boca, mais ou menos 43%, segundo diversas pesquisas, e River, com cerca de 32%, temos 75% da torcida total da Argentina. Não existe em paralelo no planeta, exceto no Uruguai, uma concentração tão elevada de rivalidade futebolística entre dois times com mais de um século de confrontos e com duas torcidas tão freneticamente enfáticas sobre essa inimizade mútua. Real Madrid e Barcelona, por exemplo, tem em torno de 118 anos de rivalidade, mas estão em cidades diferentes. Os torcedores não possuem contato cotidiano", observou. Ele destacou que, em Montevidéu, Peñarol e Nacional representam mais de 90% do total de torcedores no país.
Nem mesmo a seleção argentina desperta uma devoção tão grande, como frisou Palacios. "Os embates entre River e Boca costumam superar a audiência dos jogos da seleção argentina na Copa do Mundo, pelo menos desde a virada do século. A seleção não gera o mesmo frisson de outras décadas. Sempre fiz esse teste, de sair na rua quando havia jogo da Argentina na Copa. Sempre consulto os policiais para ver a medição do trânsito, que é de um terço do normal. Não fica aquela coisa vazia com no Brasil. Atribuo isso por não ter um título da Copa do Mundo faz tempo. Houve uma perda de interessa, comparando com a repercussão que continua gerando um River e Boca. Mas a cidade para mais quando tem River e Boca do que quando tem um jogo da seleção argentina", disse.
O Superclásico também está envolto em uma polêmica extracampo. Os jogos desta rodada do Campeonato Argentino terão a liberação da presença de público - 50% do total da capacidade de cada estádio. O Monumental de Núñez, local do jogo, poderá receber pouco mais de 30 mil torcedores. Porém, há críticas tanto a esta porcentagem quanto aos critérios de acesso ao estádio, considerados brandos.
De acordo com a plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford e referência mundial em estudos de dados sobre a covid-19, a Argentina tem 47,97% de sua população com vacinação completa contra a doença, em boletim divulgado ontem pela entidade. Tanto no Chile (73,54%) como no Uruguai (73,71%), mesmo com uma porcentagem maior, a presença de público nos estádios é bem mais restrita: 12,5% e 20%, respectivamente, em fases iniciais.
Palacios se mostrou preocupado quanto à fragilidade das medidas sanitárias para um jogo desta magnitude. "Quando você junta futebol e negacionismo, tem uma coisa ultra turbinada. Duvido que apliquem o distanciamento. E as pessoas podem entrar no estádio apenas com uma dose de vacina. Ou seja, mais negacionismo em cima disso daí. Já há clubes pressionando para o retorno de 100% da torcida. É uma situação que não está resolvida e a vacinação está atrasada", concluiu o jornalista.
Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também outros detalhes sobre o Superclásico, com os bastidores, simbolismos e significados para a sociedade argentina.
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