Neste domingo (12), a capital espanhola viverá mais uma edição de seu clássico. Real Madrid e Atlético se enfrentam no Santiago Bernabéu com dois personagens em destaque. Do lado dos Merengues, o atacante Vinícius Júnior se tornou peça fundamental da equipe e explodiu nesta temporada nas mãos do técnico Carlo Ancelotti. Já os Colchoneros enfrentam o desgaste do treinador Diego Simeone, há dez anos no comando do time. O duelo, às 17h (horário de Brasília), terá acompanhamento minuto a minuto do Placar UOL.
No podcast Futebol sem Fronteiras #30 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes recebeu Fernando Kallás, jornalista da Reuters e do Sportv. Eles conversaram sobre o ambiente que cerca o clássico de Madri e mostraram que o Atlético, atual campeão de La Liga, já não é mais o mesmo.
No próximo dia 23, Simeone completa dez anos à frente do Atlético. Kallás deu uma noção da importância do técnico argentino para a história recente do clube. "Simeone mudou o Atlético. Sou um grande crítico do Simeone e acho que o trabalho dele já deu. Mas o Atlético tinha que fazer uma estátua para ele, pois o transformou de um clube médio para um gigante. Se não fossem os resultados que o Simeone conseguiu dentro de campo com um time limitado, nos primeiros três, quatro anos dele, o Atlético nunca chegaria a ser esse clube milionário que é hoje", destacou.
Julio acrescentou que, antes da chegada de Simeone, o Atlético era um coadjuvante no cenário nacional, tendo até disputado a segunda divisão. "Desde então, esse clássico mudou demais. Antes, o Real Madrid estava sempre disputando títulos e o Atlético era um clube insignificante para o campeonato. De dez anos para cá, esse clássico mudou de status", disse o colunista do UOL.
Para Kallás, Simeone não acompanhou a evolução do clube ao longo dos últimos anos e virou alvo de críticas. "Só que o Atlético já não é aquele time de quando o Simeone chegou. Se o Atlético evoluiu como clube, elenco e até mesmo estádio, que hoje é um dos melhores da Europa, não vejo o Simeone evoluindo como treinador para se adaptar a um novo estilo de clube. O Simeone foi fundamental para acabar com a crise de 'coitadinho'. Hoje, o Atlético é um dos clubes mais ricos da Europa. O Simeone é o treinador mais bem pago do mundo. O elenco tem 15, 16 jogadores de seleção. Quando vemos o time jogar da mesma forma de dez anos atrás, aí estão as queixas de grande parte da torcida", comentou.
Mesmo sem o brilho de outras temporadas e com sinais de uma relação desgastada, Simeone e Atlético devem manter a ligação por um bom tempo, na visão de Kallás. "O Simeone nunca vai ser demitido, porque é o escudo perfeito para uma diretoria que tem uma relação muito ruim com a torcida. Os donos do Atlético não compraram o clube. É uma situação legal muito obscura que tem em relação a essa propriedade da família Gil e da família Cerezo com o clube. Os torcedores esquecem a diretoria e ficam com o Simeone, um cara que nunca foge da briga e não vai pedir demissão. Não é o perfil dele", analisou o jornalista.
A explosão de Vinícius Júnior
Após um início pouco vistoso no Real Madrid, Vinícius Júnior sofreu com as críticas - algumas disfarçadas de clubismo pelo fato de o atacante ter defendido o Flamengo. Nesta temporada, porém, o atacante deu a volta por cima. Em 22 partidas, marcou 12 gols e deu cinco assistências, tornando-se um dos principais destaques da equipe.
"O Vinícius Júnior é o jogador brasileiro que está melhor na Europa hoje. Claro que o Neymar é melhor do que ele. Mas se houvesse uma Bola de Ouro para brasileiro na temporada, tinha que ser para o Vinícius", elogiou Julio. "Não tem nem comparação. Ninguém chega perto do que o Vinícius está fazendo", acrescentou Kallás.
Julio enfatizou o crescimento de Vinícius Júnior desde sua estreia pelo Real Madrid, em 2018. "Ele é um jogador que evoluiu de três anos para cá. Passou a finalizar melhor e a ser importante. Não fica caindo no chão e tem uma atitude legal dentro de campo. Não apanha como o Neymar, inclusive porque não fica provocando os adversários. O céu é o limite para Vinícius Júnior", ressaltou o colunista do UOL.
Kallás alertou que Vinícius Júnior foi vítima de cobranças que serão cada vez mais comuns aos jovens que deixam o futebo brasileiro para atuar na Europa. "As pessoas vão ter que começar a entender que os grandes jogadores que saem da América do Sul para a Europa vão cada vez mais verdes e menos preparados. Isso é fato. Não vai chegar como o Neymar chegou, ou o Robinho. Quando o Vinícius Júnior chega, ele não está pronto para jogar. Mas ele caiu de paraquedas no Real Madrid, custou quase 50 milhões de euros e começou a jogar. Na última temporada, ele jogou mais com o Zidane, mas não atuou na posição dele. Contra o Chelsea, ele foi lateral-direito", citou.
A mudança no destino de Vinícius Júnior, para Kallás, tem nome e sobrenome muito claros: Carlo Ancelotti. "A maior prova de como Ancelotti é técnico é o que ele está fazendo com Vinícius. O trabalho de formação é incrível. Ele conseguiu lapidar um diamante que todo mundo sabia existir ali. O Vinícius Júnior tem uma coisa que sempre gosto de dizer. Fundamento, você aprende. Finalização, você aprende. A rua, não aprende. O Vinícius tem a rua, o talento nato, o dom de jogar bola. Isso você não ensina. O Ancelotti pegou o Vinícius e disse: 'Onde você quer jogar?'. Ele ganhou a confiança do Vinícius e do time em relação ao Vinícius. O protagonista do Real Madrid não é mais o Benzema. O time do Real Madrid, hoje, gira em torno do Vinícius Júnior, e de forma natural", concluiu.
Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também detalhes do significado do clássico para a capital espanhola e algumas dicas de lugares encantadores para conhecer na cidade - e fora dos tradicionais guias turísticos de Madri.
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