A classificação do Irã para a Copa do Mundo, confirmada nesta quinta-feira (27), amplia o sucesso do futebol do Golfo Pérsico. A região tem ganhado notoriedade por abrigar competições relevantes e ser o berço de alguns dos principais investidores de clubes europeus. Por trás deste cenário de pujança, porém, há uma realidade de violência, intolerância e desrespeito aos direitos humanos promovidos por regimes autoritários.
No podcast Futebol sem Fronteiras #34 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade conversaram sobre como a região do Golfo Pérsico se tornou o epicentro do futebol mundial. A aparente euforia e a imagem de prosperidade, na verdade, disfarça um ambiente repleto de tensão política, desrespeito aos direitos humanos, repressão a minorias e intolerância religiosa, entre outros problemas.
Julio destacou a relevância de investimentos locais em clubes de ponta da Europa e a quantidade de eventos esportivos em uma região conhecida por ser um constante barril de pólvora. "O Golfo Pérsico se transformou no epicentro do futebol mundial. A Arábia Saudita comprou o Newcastle e já está fazendo contratações poderosas. O Qatar vai receber a Copa do Mundo e, além disso, está recebendo as eliminatórias da Oceania, em março. Teremos o Mundial de Clubes nos Emirados Árabes", disse o colunista do UOL.
A ideia de que a região respira um clima pacífico por conta do futebol passa bem longe da realidade, como mostrou Jamil. "Falando assim, parece até um paraíso na terra. O Irã, que acabou de se classificar para a Copa, é um grande rival desses países. Ainda há muita tensão geopolítica passando por ali, como na complicada situação entre Arábia Saudita e Iêmen. Há poucos dias, rebeldes do Iêmen mandaram um foguete aos Emirados Árabes, sob a acusação de que o país estria ajudando grupos iemenitas", comentou, citando um dos pontos de tensão mais preocupantes do momento.
Com tantas diferenças regionais e a predominância de um clima tenso, Julio questionou se realizar uma Copa do Mundo ali realmente foi uma boa ideia. "É uma região explosiva. O mundo ocidental comete o erro de colocar tudo no mesmo balaio. Cada região tem um rei, um sultão, um interesse político, uma agenda, um fanatismo religioso, leis mais ou menos ditatoriais. Cada um é de um jeito e ali é um barril de pólvora. Nós, em vida, nunca veremos paz lá. E é lá que a Copa do Mundo será realizada. Daí vem a pergunta: a Copa do Qatar será a mais controversa da história?", perguntou.
"Certamente ela é uma das mais controversas por estarmos no século 21. Temos uma situação na qual se questiona qualquer tipo de restrição a direitos fundamentais. Há uma sociedade civil, LGBT, e outros, que colocam suas agendas sobre a mesa e querem ser respeitados. Provavelmente, se essa Copa fosse em outro momento da história, entraria no hall dos Mundiais em situações muito peculiares. Mas por estarmos em um momento de defesa de direitos humanos e de reivindicações muito claras, ficou ainda mais polêmica", respondeu Jamil.
Para Julio, o Mundial no Qatar tem grandes chances de ser o mais polêmico da história por ser realizado em uma época na qual o acesso às informações se tornou muito mais fácil. Ou seja: é possível saber muito do que acontece até em regimes fechados."Talvez seja a mais controversa porque o mundo é cada vez mais globalizado e as informações correm. Antes, algo ficava muito restrito", completou.
Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também como está o cenário das eliminatórias da Copa-2022: quem está perto de garantir presença no Mundial, as surpresas e decepções.
Não perca! Acompanhe os episódios do podcast Futebol sem Fronteiras todas as quintas-feiras às 15h no Canal UOL.
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